tag:blogger.com,1999:blog-25957264690757150722024-02-18T23:39:34.793-03:00Macaco AlfaWaltéciohttp://www.blogger.com/profile/11428068845185748640noreply@blogger.comBlogger97125tag:blogger.com,1999:blog-2595726469075715072.post-89202906405626124362012-12-28T20:09:00.000-03:002012-12-28T20:09:30.438-03:00O Fim<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimq2DkjRf0QUiUrUR1UWtoYypM8IcujLkqX4xp8R0Wka4xQ_HVhhOEzRdpxhZNFyU0UVEpLWsH6tMQ4y7-U38GNvN0rG-82NfHsQ_mLL_ptsyWbpYaPBma6iCdngdcay4Z6N64nqZkEZg/s1600/V_orig_charlie_male_alpha_chimpanzee_post_gal.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimq2DkjRf0QUiUrUR1UWtoYypM8IcujLkqX4xp8R0Wka4xQ_HVhhOEzRdpxhZNFyU0UVEpLWsH6tMQ4y7-U38GNvN0rG-82NfHsQ_mLL_ptsyWbpYaPBma6iCdngdcay4Z6N64nqZkEZg/s320/V_orig_charlie_male_alpha_chimpanzee_post_gal.jpg" width="208" /></a><br />
Perdi a conta das vezes que estive em frente ao computador com anotações para desenvolver novos textos para meus blogs (Macacos Alfa e Ômega).<br />
<br />
Até tentei reinventar tudo propondo textos curtos e upgrades das coisas que já escrevi antes. Bem, mas não deu! Ora porque estava cansado, ora porque simplesmente os textos não saiam. Acho que minha motivação na estava em sintonia com a criatividade.<br />
<br />
Eu sou um homem ordinário, pra lá de comum. Este blog atesta isso, porque hoje eu tenho certeza que ele surgiu como sintoma de minha crise de meia idade. Rever o passado, falar das coisas que se gosta, tentar se reinventar e fazer algo que não fiz, tudo é expressão da mesma coisa quando chegamos próximo aos 40 anos.<br />
<br />
Nesses anos que passaram progressivamente meu coração acalmou. Sem contar que muitas das coisas que me afligiam, por exemplo, a neurose da métrica científica, hoje tiro de letra, porque perderam o “peso” existencial que possuíam.<br />
<br />
Em certo dia neste ano acordei sozinho na cama. Eu não sei o porquê, mas estava sorrindo. Fui ao banheiro, fiz meus exercícios (sim, eu faço flexões e alongamento no banheiro), tomei meu banho, sentei-me à mesa para o café da manhã... E no caminho para meu trabalho na universidade, olhei para o céu límpido, de um azul celeste bebê e profundo... Eu olhei para o Sol e notei que ainda estava sorrindo.<br />
<br />
Amo estar vivo!<br />
<br />
Eu sou um pedacinho de matéria que sabe de onde veio, o que é e porque está aqui. Eu encontrei minhas respostas existenciais... E, pela primeira vez, isso me fez muito feliz.<br />
<br />
Há um texto antigo aqui no qual eu estava procurando encontrar em mim aquele professor universitário que sonhei ser (<a href="http://macacoalfa.blogspot.com.br/2009/11/sobre-encontros-professores-vaidades-e.html">Sobre encontros, professores, vaidades e rivalidades</a>). Na verdade, hoje eu sei que não foi uma única vez que olhei pela sala de aula de minha vida e vi a mim mesmo lá fora. O meu segundo encontro comigo mesmo eu realizei ao ver meus alunos cursando doutorado e os mais jovens falando alto no laboratório: “vamos publicar mais um artigo do caralho”! “Hurra, passei no mestrado”! “Eu serei doutoradaaaaa, passei no doutorado”!!!<br />
<br />
Neste ano completo 41 anos, sigo agora caminhando para os 50 anos e, claro, essa marcha quero fazê-la lenta, no estilo “slow science”... E é assim que chegamos a este o último post. Eu não quero mais ter blogs. Ficará aqui as ideias e os fatos... Mesmo que tudo mude (e mudará), mesmo que necessitem apenas serem atualizados. A empatia entre animais apontada por Frans de Waal, a solução da vida segundo Conway Morris, a importância da música para nós chimpanzés humanos no comparativo feito por Jared Diamond com as aves, como nosso corpo foi moldado pelo uso do fogo na hipótese de Richard Wrangham, há muito para divulgar... Divulgar além da divulgação. Mesmo assim, tudo isso e mais ainda está em livros, nas referências aqui ao lado no blog, nas bibliotecas, em PDFs para download na internet...<br />
<br />
...Façam essa corrida, procurem as respostas, não se contentem com nenhum discurso do “eu acho isso, tem que ser aquilo", "porque eu gosto, porque sigo outros cegamente", "porque tenho gnose”... Seja livre! Alimente sua liberdade com conhecimento! Leia sempre várias e múltiplas opiniões. Mais ainda, leia ciência! Se há algo realmente construtivo no Ocidente é a ciência... Claro, ao lado da arte, porque não vivemos, por exemplo, sem música! :D<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYat7TbD-QxDerKLlGBzTicjsqzq381fti9ug5ePDDRH4ewVcptiILrwE6yHLtbwtRsm5BkbujrakgD1ct7bz2XGo6OGG97htPp53YkSK9HCWgnMYSA12Vcy3cpK2fsJRFknHpnDDQgRo/s1600/Liberdade+%C3%A9+ler.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYat7TbD-QxDerKLlGBzTicjsqzq381fti9ug5ePDDRH4ewVcptiILrwE6yHLtbwtRsm5BkbujrakgD1ct7bz2XGo6OGG97htPp53YkSK9HCWgnMYSA12Vcy3cpK2fsJRFknHpnDDQgRo/s320/Liberdade+%C3%A9+ler.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Este é meu adeus ao formato dos blogs. Continuarei a escrever meus textos técnicos para publicar, colaborarei em outros e, quem sabe, um dia vou me dedicar a fazer aqueles contos do Olavo, o Roquentin brasileiro.<br />
<br />
Macacos alfas e ômegas vêm e vão na dinâmica social, mas é o grupo, a coletividade que sempre permanece.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisCCs_sH3MZrFl_eAKs0O1LwvV6je5yh7onts9bf48QnEqO1not07rvu3OUlIR3kUd_xJj_0n3fSfzeVHu4m3l86m69mYlt0-G5OS4444Q7mwuvdr6Yeqls9UfrowWFFpPPSzdMzZPBnA/s1600/macacos_1320940538.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="169" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisCCs_sH3MZrFl_eAKs0O1LwvV6je5yh7onts9bf48QnEqO1not07rvu3OUlIR3kUd_xJj_0n3fSfzeVHu4m3l86m69mYlt0-G5OS4444Q7mwuvdr6Yeqls9UfrowWFFpPPSzdMzZPBnA/s320/macacos_1320940538.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
Amo meus semelhantes, amo você que esteve aqui comigo e assim, juntos fazemos o melhor que mamíferos fazem: amor de espécie!<br />
<br />
Abraços, felicidades, realizações e um ótimo 2013 para todos.<br />
<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="allowfullscreen" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/GhnM9DyQc0I" width="420"></iframe>Waltéciohttp://www.blogger.com/profile/11428068845185748640noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2595726469075715072.post-28410525852885496942012-07-22T09:50:00.000-03:002012-07-22T09:50:26.755-03:00Dormindo com leões - Apresentação<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJCDus98WftuRJ-WXFHJXymAaCaYGal_WMN5ZiVHIz0m_EaDzILD8HkelYqKKT3Xzb1sPYect_UjCM6DQEHOLR12mrTuLdEgV0BwcuuOxL-8DaVilZdTQxjcaaDBNhPX77QugndMxFtyI/s1600/Sleeping+With+Lions.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJCDus98WftuRJ-WXFHJXymAaCaYGal_WMN5ZiVHIz0m_EaDzILD8HkelYqKKT3Xzb1sPYect_UjCM6DQEHOLR12mrTuLdEgV0BwcuuOxL-8DaVilZdTQxjcaaDBNhPX77QugndMxFtyI/s320/Sleeping+With+Lions.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Olá, ainda há alguém aí?!<br />
<br />
Meses sem postar nada no Macaco Alfa para desenvolver uma nova série de textos. Não queria mais o formato longo e muito sério dos anteriores e também me perguntei o que ainda me motivaria escrever aqui. Claro, as minhas atividades como professor, orientador e coordenador do nosso mestrado também contribuíram para meu afastamento do blog.<br />
<br />
Ao revisar o Macaco Alfa notei que hoje em dia faria alguns textos diferentes, noutros gostaria de ampliá-los com informações recentes. Na parte biográfica, aquilo que acho aos 38 anos pode ser um pouco diferente agora ao me aproximar dos 41. Por isso, decidi rever o que escrevi e trazer apontamentos do que for relevante de forma direta e o mais curta possível. Os assuntos são os mais diversos e já conhecidos por nós: (1) evolução, (2) comportamento humano e animal comparado, (3) a magia da realidade e as propriedades da matéria e (4) minha visão de mundo existencialista, sensível em relação à vida e seu ciclo inefável. Incluirei também (5) o dia a dia atual na universidade brasileira.<br />
<br />
Essa é a série "Dormindo com Leões", nos textos que virão tentarei demonstrar como na maioria das vezes procuro fazer as coisas que acho de maior valor em meu trabalho e ter pessoas similares por perto... Muitas vezes não dá certo e nesses momentos, quando diante de obstáculos, muitas pessoas falam de forma metafórica: "mate um leão por dia!". Com o passar do tempo percebemos que para cada leão caído, dois outros estarão em sua porta. É desse jeito! E o que perfaz nossa realidade é essa capacidade de buscar conhecimento, entender um pouco da vida e lidar com seus desafios, com esses leões.<br />
<br />
Para as pessoas que me escreveram pedindo novos textos, eis nosso encontro de volta! Aos que chegam por curiosidade, ou porque procuram fotos e textos de assuntos diversos, fiquem conosco, vale à pena!<br />
<br />
Que todos tenham bons sonhos, mesmo "Dormindo com Leões":<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/OabU3-rviaQ" width="420"></iframe>Waltéciohttp://www.blogger.com/profile/11428068845185748640noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2595726469075715072.post-87492363641500892712011-12-28T21:04:00.002-03:002011-12-28T21:07:54.940-03:00Vida de Doutor: Epílogo<div style="text-align: center;"><iframe src="http://www.youtube.com/embed/2HuqgJOAnec" allowfullscreen="" width="560" frameborder="0" height="315"></iframe><br /><br /><span style="color: rgb(255, 0, 0);font-size:180%;" ><b>I'm A Cliche</b></span><br /><br /> It's not what I needed or what I wanted, but then again<br />Living a lie, I couldn't go on another day<br />There must have been a way to busy adoring you<br />It's over, oh oh<br /><br />I hear hello, holding on my phone and I can't recall<br />That I ever felt this sad in my whole life before<br />My blood runs cold and honestly<br />I feel lonely, baby, so lonely, baby<br /><br />These days are just way to bright<br />I need a reason to believe<br /><br />'Cause I keep telling myself<br />That we are still in love<br />Even though you took off and broke my heart<br />And letting me know that I ain't the one you're looking for<br /><br />Oehh, why do I keep telling myself<br />That we are still in love<br />Even though you took off and broke my heart<br />And letting me know that I ain't the one you need, no<br /><br />We're talking all night to a filthy sky and some rain<br />I'm tryin' to find just little bits of yesterday<br />I guess you never knew how much I needed you, ooh<br />It's over<br /><br />And handle it, covering my eye so I can see<br />Something's angels always what they seem to be<br />Things in my mind keep flashing by<br />What's going on, what the hell is going on<br /><br />These days are just way to bright<br />I need a reason to believe, yeah<br /><br />'Cause I keep telling myself<br />That we are still in love<br />Even though you took off and broke my heart<br />And letting me know that I ain't the one you're looking for<br /><br />Ooh, why do I keep telling myself<br />That we are still in love<br />Even though you took off and broke my heart<br />And letting me know that I ain't the one you need, no<br /><br />Ooohhhh, hey, hey, hey, hey, hey, hey, hey, hey<br />Oohhh, no<br />We're living a lie, baby, oh<br />We're living a lie, baby<br />We're living a lie, baby<br />We're living a lie, baby<br />We're living a lie, now<br />Lie now, heeyy, he-he-he-he<br />He-he-he-he<br />He-he-he-he<br />We're living a lie<br />We're living a lie, hey<br />We're living a lie, baby<br />We're living a lie, baby<br /></div>Waltéciohttp://www.blogger.com/profile/11428068845185748640noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2595726469075715072.post-68564894910666498142011-12-28T16:22:00.014-03:002012-02-04T04:41:35.000-03:00Vida de Doutor: Clichês<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj52jLEayjI2_xhyphenhyphenUSDiyyKTNFxju54p1pjx0pawFIUjRdZlvEqwfeQQJRG8RvV2Ohoa50fNf_srARpajvw_G7FRKDQwCLt15b0PiLSQcNQ-6uhrQvK47oUboQMeeOu6kb8XP6g0pxLs4k/s1600/tumblr_l3azvvuln81qafol9o1_500_large.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 286px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj52jLEayjI2_xhyphenhyphenUSDiyyKTNFxju54p1pjx0pawFIUjRdZlvEqwfeQQJRG8RvV2Ohoa50fNf_srARpajvw_G7FRKDQwCLt15b0PiLSQcNQ-6uhrQvK47oUboQMeeOu6kb8XP6g0pxLs4k/s400/tumblr_l3azvvuln81qafol9o1_500_large.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5691272922660397282" border="0" /></a><br />Iniciei essa série de posts com um clichê: “doutor é um tipo de médico”. <p class="MsoNormal">Até meus pais pensavam assim e quando expliquei que sou zoólogo, não entenderam. Em conversas com eles parecia que eu figurava como algum tipo de veterinário que dava aulas na universidade. Isso só terminou quando eu me defini apenas por professor!</p> <p class="MsoNormal">Eu sou doutor, eu sou professor!<br /></p> <p class="MsoNormal">Ainda há duas coisas se compreende em relação aos doutores. Primeiro, aqueles que não posseum o título, mas sempre sonharam cursar doutorado e, segundo, quem possui doutorado, mas falha nas funções verdadeiras (por exemplo, publicar) e se traveste de todos os clichês da sociedade e da cultura universitária.</p> <p class="MsoNormal">No primeiro caso, não tem jeito, algumas profissões são vistas pelas pessoas comuns como “doutores”. As “pessoas comuns”, ou cidadãos médios são a grande maioria, daí que é infrutífero lutar contra isso. O mais simples seria educar todos, um sonho que temos para este país. Enquanto a falta de informação estiver entre os cidadãos, doutor é médico e advogado... Ou um dono de um supermercado. O cumprimento “doutor” é similar a uma identidade de autoridade, um “coronel”, um “senhor de engenho”.</p> <p class="MsoNormal">As duas frases abaixo são equivalentes:</p> <p class="MsoNormal">-“O doutor pode deixar que eu cuido de seu carro!”</p> <p class="MsoNormal">-“O coronel é quem manda, volte sempre!”</p> <p class="MsoNormal"><span style="font-style: italic;">Eis o tipo de doutor que eu não sou e tenho orgulho de não ser</span>!</p> <p class="MsoNormal">No segundo caso, há doutores na universidade que se exibem demais. Aqueles que exigem que alunos, funcionários e outros professores chamem-no de “doutor”, até para dizer “bom dia”. Estão sempre travestidos de todos os clichês, acham que o doutorado os transformou em humanos superiores, mais inteligentes e sublimes [argh!].<br /></p> <p class="MsoNormal">Esse é o segundo tipo de doutor estereotipado que eu não sou. O pior, isso existe!</p> <p class="MsoNormal">Nem uma coisa, nem outra. Profissionais com graduação e mestrado não são doutores, menos ainda o dono do mercadinho! Já o doutor improdutivo que vive falando do seu título sem na prática exercê-lo, pode-se classificar como frustração e só.</p> <p class="MsoNormal">Além desses dois clichês há outros tipos que fazem, no conjunto, o que uma vez me falaram ser a “cultura universitária”. Vamos ver quatro deles:</p> <p class="MsoNormal"><b style="mso-bidi-font-weight:normal">(1) Clichê dos livros</b></p> <p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiclqFt5b62FsaugJrIe5JQj_MO0smoh-YpeueDjYaSvzRxltNhOkzjzTsjQRRtkwKYEqIfjrRo8v3J8nxMq1zpXu6UyHM9VGRPCpT2xxait4djSUoZ5_VUXtXUkM2f5XdzR2Kl1PJy0XE/s1600/livros+1.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 266px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiclqFt5b62FsaugJrIe5JQj_MO0smoh-YpeueDjYaSvzRxltNhOkzjzTsjQRRtkwKYEqIfjrRo8v3J8nxMq1zpXu6UyHM9VGRPCpT2xxait4djSUoZ5_VUXtXUkM2f5XdzR2Kl1PJy0XE/s400/livros+1.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5691270603320982370" border="0" /></a></p><p class="MsoNormal">“Você compra quantos livros por ano?” “Quantos livros você lê por mês?” Essas são perguntas que se você fizer a um doutor ele poderá mentir para você respondendo em números, nunca com um: “eu não comprei, ou li nada neste ano”! Isso pode acontecer e as pessoas devem procurar consumir conhecimento da melhor forma possível. Seja em artigos publicados em revistas científicas, livros técnicos, ou estudando a cultura popular. Não é uma obrigação ter bibliotecas em casa. Por exemplo, eu tenho meus livros, comprei cada um por interesses específicos (literatura, filosofia e ciência), mas não no intuito de montar uma biblioteca para tirar foto e colocar em meu Currículo Lattes. Usar imagens assim é clichê! Doutor com o fundo cheio de livros... Isso é a iconografia para o mundo que precisa dessa figura. Ah! A imagem é tudo e muitas vezes funciona, embora seja clichê!</p> <p class="MsoNormal"><b style="mso-bidi-font-weight:normal">(2) Clichê da boa música</b></p> <p class="MsoNormal">Há de tudo na universidade, pode-se quase tudo e quanto mais estranho você parecer, mais normal será percebido. Voltemos para o que o povo imagina de um “doutor”. Como essa palavra às vezes é sinônimo de “senhor e superior”, é desconexo dessa figura mentirosa gostar do que o povo gosta. Por exemplo, é fácil para eu conversar com os amigos de adolescência sobre música. Muitos deles gostam do forró atual, ou pagode da moda, funk, axé, os ritmos da rádio. Se eu falo para eles que não gosto de ouvir músicas desses estilos, eles dão de ombro e, no máximo, falam que também não gostam das músicas que escuto. Tudo termina bem!</p> <p class="MsoNormal">Isso é completamente diferente na universidade! Falar que não se gosta de um ícone da MPB é algo inaceitável para muitos! Você pode falar que é ateu, ou mesmo de uma religião obscura do Egito Antigo... Tudo bem! Mas, caso fale: “eu não gosto de Caetano Veloso”, cuidado! Sempre vem um discurso sobre cultura e do que há de errado com você. E se o “doutor” gostar de forró popular? Ou funk? Parece brincadeira, mas isso soa como uma heresia.</p> <p class="MsoNormal">Tenho dois amigos doutores que curtem o que o povo gosta. Toda vez que eles falam sobre isso tem sempre um tipo de desculpa como algo “sei que vocês não entendem, mas eu gosto disso, gosto daquilo”.</p> <p class="MsoNormal">Eu gosto muito de heavy metal e rock’n’roll, mas o que não falta na universidade são pessoas de cabelo cumprido e vestidas de preto. Esses casos são enquadrados no clichê dos “alternativos”, como aquele que gosta de música dos antigos astecas, ou algo assim. Ninguém torce o nariz para Led Zeppellin, ou U2... São unanimidades iguais ao Caetano Veloso... “coisas de doutor”!!! Na verdade, é apenas clichê, nada além disso. </p> <p class="MsoNormal">Fazer um curso de doutorado não implica em adotar uma religião musical, ou qualquer coisa assim.</p> <p class="MsoNormal"><b style="mso-bidi-font-weight:normal">(3) Clichê da esquerda</b></p> <p class="MsoNormal">Só tenho dois amigos na universidade que falam abertamente que são de direita. Já outro amigo meu, doutor em História, acha isso quase inconcebível! Para ele não é possível alguém com doutorado na universidade que seja “neoliberal”, alguma coisa deve estar errada.</p> <p class="MsoNormal">Eu sou de esquerda, decidi isso em meio ao movimento de 2006 por concurso público e melhoria de nossos salários nas três universidades estaduais do Ceará. Até então, não lia sobre política e tinha minha mente centrada na produção científica. Lembrem do primeiro post desta série, a ciência de hoje é assalariada e todas as nossas condições de trabalho hoje são definidas politicamente. Não há como se esquivar disso e quem tenta fazê-lo transfere as decisões da sua vida profissional para outros. Às vezes, isso pode ser um desastre!</p> <p class="MsoNormal">Apesar disso, não compreendo meu espaço como hegemônico da esquerda. Ou pior, onde quem é da direita deve ter o tratamento de uma bruxa de Salém.</p> <p class="MsoNormal">Universidade de verdade deve ser plural, em todos os sentidos!</p><p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiE3mpXJ1IL7c_c8MSLo_pVClT-mdjfaYffWvNfljIqq3t_wsL9IwHQPCwKfVRsQh47ScQvkaENCEJ68GWNSUyDIl7zvet-crHRdilsTNyU4k7_F4J5dA6q3h8aZseonGj0Cih_wju2PHM/s1600/culturas.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 353px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiE3mpXJ1IL7c_c8MSLo_pVClT-mdjfaYffWvNfljIqq3t_wsL9IwHQPCwKfVRsQh47ScQvkaENCEJ68GWNSUyDIl7zvet-crHRdilsTNyU4k7_F4J5dA6q3h8aZseonGj0Cih_wju2PHM/s400/culturas.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5691271976987837874" border="0" /></a></p> <p class="MsoNormal"><b style="mso-bidi-font-weight:normal">(4) Clichê da produção científica</b></p> <p class="MsoNormal">“A grama do vizinho sempre é mais verde”! É assim que muitos falam uns dos outros: que a “área tal” é mais fácil de publicar do que a outra. Entretanto, publicar grandes obras e excelentes artigos não é fácil em qualquer área do conhecimento e nem todos conseguem. Todavia, nenhum “doutor” que conheço reconhecerá abertamente que está com a produção parada, ou não publicou algo depois do doutorado.</p> <p class="MsoNormal">No geral, parece que todos os doutores sempre estão ali publicando aos montes, revolucionando a ciência mais de uma vez por ano, ou, em extremos, várias vezes por mês.</p> <p class="MsoNormal">Os verdadeiros doutores publicam sim, mas isso é algo intrínseco à sua atuação profissional. Pela experiência todos sabem que os mais falantes e críticos dos trabalhos alheios são justamente os menos produtivos, ou aqueles que nunca publicaram nada importante. Falam muito, fazem pouco!!!</p> <p class="MsoNormal">Reunindo esses quatro clichês temos algo assim: “doutor é uma pessoa refinada, que gosta de livros, curte “boa música”, é de esquerda e publica aos montes”.</p> <p class="MsoNormal">Eis outro “doutor” que eu não sou!</p> <p class="MsoNormal">Na verdade, tendo uma autocrítica, na qual me vejo onde poucos gostariam de se encaixar: “entre os estranhos”!</p> <p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWY-1GTkP8JlIoEuPl2gBCch5GTcA64VEPMnt_5KU9IUIv0O5LkFSLXYVjx4zDwwLy4FIHuyaLz8dyv2ZsowomGkNSsKpb4L_h9lFXJjGFqxicGc5yS4_YNqUHbTkEEyYghohuVlOhGQU/s1600/estranho.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 301px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWY-1GTkP8JlIoEuPl2gBCch5GTcA64VEPMnt_5KU9IUIv0O5LkFSLXYVjx4zDwwLy4FIHuyaLz8dyv2ZsowomGkNSsKpb4L_h9lFXJjGFqxicGc5yS4_YNqUHbTkEEyYghohuVlOhGQU/s400/estranho.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5691270281683572402" border="0" /></a></p><p class="MsoNormal">Agora isso não é clichê de “doutor”, a universidade pelo que ela é como instituição de crítica e construção do conhecimento favorece, claro, aqueles que gostam muito, muito mesmo, de ler e escrever.<br /></p><p class="MsoNormal">A universidade é a casa dos nerds!!!</p> <p class="MsoNormal">Hoje em dia está na moda se identificar com isso, acho que principalmente pelo sucesso da série “The Big Bang Theory”. Como bem fala meu amigo Eduardo (doutorando em Física, UFPB): “<span style="font-style: italic;">hoje em dia todo mundo quer ser o Sheldon na universidade</span>”!</p> <p class="MsoNormal">“Entre os estranhos” estão pessoas cheias de manias, “tiques”, transtornos obsessivos compulsivos, ansiosas, depressivas, com distúrbio de atenção e, alguns casos, até esquizofrênicas. Exemplos reais não faltam, um amigo meu não pode ver um paliteiro na mesa, ele quebra lenta e cuidadosamente todos os palitos em mínimos pedaços, todos os palitos e nem nota isso! Outro amigo meu me falou que não consegue conversar em uma mesa cujos objetos não estejam em uma determinada ordem e simetria. Esses dois são “doutores” com dezenas de artigos publicados em revistas científicas de prestígio. Eles também são gente boa! Pessoas de meu convívio que gosto muito de ter oportunidade de conversar.</p> <p class="MsoNormal">Eu tenho minhas manias, segue uma pequena lista:</p> <p class="MsoNormal">(1) Detesto viajar</p> <p class="MsoNormal">(2) Detesto experimentar coisas que saiam de minha rotina</p> <p class="MsoNormal">(3) Detesto modas (carro branco, TVs, iPhone, corte de cabelo, roupas, essas coisas)</p> <p class="MsoNormal">(4) Gosto muito de usar óculos</p> <p class="MsoNormal">(5) Gosto muito mais de revistas em quadrinhos do que futebol</p> <p class="MsoNormal">(6) Gosto muito de café (olhem aí outro clichê universitário: “café é quase uma divindade idolatrada nos laboratórios e salas de reunião")</p> <p class="MsoNormal">(7) Eu ODEIO clichês!!!</p> <p class="MsoNormal">No supermercado eu tento parecer “normal”, mas tenho certo pavor desses ambientes com temperatura controlada, musak, pessoas sorrindo e muitas embalagens coloridas dispostas em uma sequência para incitar o consumo. Não quero chamar a atenção, mas vejo tudo aquilo sem sentido algum, enquanto pessoas acham o melhor da vida!!!</p> <p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjBHXYRcWgX5ZjVUanurO_PCQyF1l73PD3hPrCsPv-kmlkK_JYiNmoXpppedDng2nfJtPOboPF-ax080pdc1fr2vAH0Erg_Qf78EnyAC6MUaw56aZjbN7OLCi7Qjt8Pn5nzGJqkd7j4DY/s1600/define-normal.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 310px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjBHXYRcWgX5ZjVUanurO_PCQyF1l73PD3hPrCsPv-kmlkK_JYiNmoXpppedDng2nfJtPOboPF-ax080pdc1fr2vAH0Erg_Qf78EnyAC6MUaw56aZjbN7OLCi7Qjt8Pn5nzGJqkd7j4DY/s400/define-normal.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5691271244486534034" border="0" /></a></p><p class="MsoNormal">É assim mesmo, somos Lamarcks assalariados, rockstars, ou simplesmente sujeitos estranhos cheios de manias.</p> <p class="MsoNormal">Naquela tarde em Juazeiro do Norte – CE, eu e Robson Ávila, acompanhados por Allysson Pinheiro, estávamos felizes por comprar “gibis” antigos e conversar sobre os mais diferentes interesses... Dos super-heróis dos quadrinhos até as extinções em massa.</p> <p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhffUrvrIVGeM9s6NhTK6Y1iOzOlqQuxu0yPnQOvVALigCtdszVOH6rdGdxr19q_9ya3lzvXs_Tn9KnD___CMw-CCN7VGKazmcgwRcFIL_hbxIGyxczhcuELplGDQTZbL9XdPv8gOJuYcw/s1600/os+tres.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 285px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhffUrvrIVGeM9s6NhTK6Y1iOzOlqQuxu0yPnQOvVALigCtdszVOH6rdGdxr19q_9ya3lzvXs_Tn9KnD___CMw-CCN7VGKazmcgwRcFIL_hbxIGyxczhcuELplGDQTZbL9XdPv8gOJuYcw/s400/os+tres.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5691271593651020578" border="0" /></a></p><p class="MsoNormal">Três doutores de verdade, de bermudas e chinelos, ninguém nos cumprimentou na rua: “eu fico de olho no carro, doutor!”. Isso é bom! Estamos longe desse tipo de “doutor” que é semelhante ao cumprimento de “coronel”. Nos corredores da Universidade não somos diferentes, sorrimos cumprimentamos todo mundo. Somos pesquisadores, orientadores de alunos (novos doutores), autores e co-autores de trabalhos científicos, ou simplesmente... Professores!!!</p> <p class="MsoNormal">Eis minha Vida de Doutor!!!</p>Waltéciohttp://www.blogger.com/profile/11428068845185748640noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2595726469075715072.post-22879833718444583222011-12-23T12:16:00.007-03:002011-12-23T12:30:38.530-03:00Vida de Doutor: Rockstars<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxGWkT-u09LNnv44pHitEXm-gRS5zyDMOsbPGhO2ndSXGS9w_ImrS4q1E-mwsuLaymditFUQ5FsuSKUZir70CYzNiy8jZTFZ09RKp0vlCexmpTamp8zlFUfi5Yc7KAs3pTJ85uKIQ9cZ8/s1600/rock_n_roll.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 305px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxGWkT-u09LNnv44pHitEXm-gRS5zyDMOsbPGhO2ndSXGS9w_ImrS4q1E-mwsuLaymditFUQ5FsuSKUZir70CYzNiy8jZTFZ09RKp0vlCexmpTamp8zlFUfi5Yc7KAs3pTJ85uKIQ9cZ8/s400/rock_n_roll.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5689346423360780850" border="0" /></a>Quem sonha começar uma carreira acadêmica não imagina que isso implica na dedicação de toda uma vida. No post anterior deixei claro que no Brasil se leva em média 10 anos para se formar um doutor. Depois disso, há a sobrevivência com prioridade para os concursos seguida de bolsas de Pós-Doutorado, Desenvolvimento Científico Regional – DCR e outros programas de pesquisa com bolsas para doutores. <p class="MsoNormal">Após passar em um concurso, eis que o jovem doutor é apresentado ao seu plano de cargos, carreira e vencimentos.</p> <p class="MsoNormal">Vos lá, por exemplo, eu sou Professor Adjunto e no próximo mês entregarei meu memorial para avaliação de desempenho e ascender a Professor Associado. Quando ingressei no magistério superior tinha uma impressão do que vem a ser esses adjetivos classificatórios. Nas IES federais correspondem diretamente à titulação, simples assim: Auxiliar (Professor Graduado), Assistente (Professor Mestre), Adjunto, Associado e Titular (Professor Doutor, ou Livre Docência).</p> <p class="MsoNormal">Nas IES estaduais e municipais pode haver uma correspondência completa, ou não, devido a legislações diferentes. Por exemplo, o antigo Regimento da Universidade Regional do Cariri – URCA/ Ceará permitia que Professores Graduados ocupassem cargos de Auxiliar até Adjunto. Isso só mudou em 2007 com a aprovação pelo Governo do Estado do Ceará de nosso atual Plano de Cargos, Carreira e Vencimentos. Todavia, devido isso ser relativamente recente, ainda existe muitos professores Assistentes e Adjuntos com graduação e a correlação entre o cargo e titulação acadêmica ainda levará alguns anos para ficar semelhante às IES federais.</p> <p class="MsoNormal">O curioso é que a maioria das pessoas não entende o que significa ser classificado de Auxiliar até Associado. Além da titulação, grande parte das pessoas pensa apenas em diferenças salariais. Essa classificação na verdade reflete uma hierarquia secular das universidades européias e norte-americanas, cuja estrutura nós copiamos no Brasil. Esses adjetivos de Auxiliar até Associado são definidos assim em função do Professor Catedrático, o Titular.</p> <p class="MsoNormal">É assim, Professor Auxiliar ao Titular, Professor Adjunto ao Titular, Professor Associado ao Titular. Os titulares, no papel e teoria, são os pilares de tudo e representam o ponto mais alto que se pode chegar à carreira do magistério superior.</p> <p class="MsoNormal">Escrevo “no papel e teoria”, porque comumente vemos poucos os Professores Titulares. Às vezes, são selecionados em concurso público um Titular para um Centro e para diversos cursos, ou curso algum (sendo designado para toda a universidade). Em casos mais “extremos” pode não haver professor Titular algum na universidade, como a URCA do exemplo anterior, onde ocupo cargo de Adjunto a nenhum professor Titular. </p> <p class="MsoNormal">Exemplos assim são de natureza bem brasileira de ser algo perfeito no papel (Constituição) e, em muitos casos, na prática, somos mesmo é um país de “jeitinhos” mal feitos. </p> <p class="MsoNormal">Eu sou Adjunto, em breve Associado, a Titular nenhum!!!<br /></p> <p class="MsoNormal">Por outro lado, as categorias que citei podem realmente refletirem nada mais do que tempo de serviço e aumento salarial, conforme a progressão. </p> <p class="MsoNormal">Eu compreendo o doutoramento em si como um treinamento para pesquisa e faço sempre alusão metafórica a uma escola de artes marciais, ou de atiradores de elite. Após conclusão do treinamento todos são faixas pretas, ou matadores precisos. Isso é teoria, porque na prática, pode-se muito bem receber o treinamento e depois não exercer a função aprendida. Isso mesmo! Alguns podem não lutar, não atirar no exemplo da metáfora... Simplesmente em palavras da realidade: não publicar!</p> <p class="MsoNormal">Então se desenvolveu, por esse e outros motivos, formas de avaliar os doutores pesquisadores. A ciência de hoje possui sua métrica com índices de Fator de Impacto, Fator H e, na pós-graduação brasileira, Qualis Capes. Não basta ser doutor, nem tão pouco em qual categoria se esteja, se quiser realmente fazer a diferença, tem que entrar nesse mundo... nem que se desenvolva neuroses e manias.</p> <p class="MsoNormal">Lembrem dos posts:</p><p class="MsoNormal"><a href="http://macacoalfa.blogspot.com/2009/03/neurose-academica.html">[clique] Neurose acadêmica</a></p><p class="MsoNormal"><a href="http://macacoalfa.blogspot.com/2009/03/neurose-nao-tem-cura-if-fh-e-qualis.html">[clique] Neurose acadêmica não tem cura</a><br /></p> <p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFjxFNHX2sGgDLiqXnfsZYmKLjlEZn6HEXcRAOyiESO_hJuxJAoEgcdUwSSyDUMjhCiIZFPs-1uL8eKdTcmcCsA-TTvt2uCMMDIAIWjLp7wwMu4YbyxW6eVKvcBpn4DBBmqzkUWwkUpuA/s1600/Cite+meus+papers.png"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 324px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFjxFNHX2sGgDLiqXnfsZYmKLjlEZn6HEXcRAOyiESO_hJuxJAoEgcdUwSSyDUMjhCiIZFPs-1uL8eKdTcmcCsA-TTvt2uCMMDIAIWjLp7wwMu4YbyxW6eVKvcBpn4DBBmqzkUWwkUpuA/s400/Cite+meus+papers.png" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5689345061224150210" border="0" /></a></p><p class="MsoNormal">Ok! Não há nenhuma fórmula garantida, vou listar algumas sugestões mais comuns que ouvimos nos corredores das universidades:</p> <p class="MsoNormal">(1) Publicar aos montes é necessário, mas deixe um tempo para trabalhar nos artigos de maior relevância que irão causar modificações de verdade no conhecimento.</p> <p class="MsoNormal">(2) Publicar aos montes é necessário, mas tem que haver um tempo para sintetizar o melhor de tudo em livros, afinal, são eles que têm impacto mais amplo na população.</p> <p class="MsoNormal">(3) Publicar aos montes é necessário, mas deve haver um tempo para realizar divulgação científica, afinal, ninguém se torna conhecido sem isso.</p> <p class="MsoNormal">(4) Por fim, publicar aos montes não é necessário, mas sim dedicar tempo para artigos de maior relevância, livros sínteses e divulgação científica.</p> <p class="MsoNormal">Bem, em todo caso, dá para notar que “quem não publica se trumbica” (imitando aqui o Chacrinha)!!!</p> <p class="MsoNormal">Feito o dever de casa, o resultado normalmente é uma carreira acadêmica com progressões hierárquicas e produtividade, eis a Vida de Doutor. Mas isso tem muito haver com a capacidade de orientação, porque conforme envelhecemos, várias coisas acontecem:</p> <p class="MsoNormal">(1) A nossa criatividade diminui com o tempo e o apego as hipótese publicadas aumenta.</p> <p class="MsoNormal">(2) Nosso tempo para pesquisa é cada vez menor devido às aulas e encargos administrativos.</p> <p class="MsoNormal">Assim, é neste ponto que entra a atividade mais importante para um doutor na universidade: orientação. É importante para nós doutores, porque funciona como um “upgrade” de criatividade e vontade de trabalho (“fome por publicação e sobrevivência”). É muitíssimo importante para os orientados, pois o convívio com quem sabe jogar, geralmente produz os craques do amanhã.</p> <p class="MsoNormal">Um pesquisador e seus orientados são parecidos com uma banda de rock e seus fãs. Afinal, bandas de rock e equipes científicas são compostas por pessoas e estas possuem padrões de comportamento, como todo ser biológico. Nossos trabalhos publicados são como composições. As que são mais citadas, tornam-se os “hits” (clássicos) da carreira e formam a base do desenvolvimento desse “estilo”, ou mesmo a repetição do que já foi feito.</p> <p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSbBlC7TQWje3tH_jLuzKy_3nZQo4jV3UgIfiHIrUmBYmmrjNydXQ_6VGPhOBjoIvpSc6-CZLyPhA3HSoetawqbbctiw9hN0ArCgc-ur2emqIq8OwxLzqyCx-XHSsD59SjClPoB8TcXHg/s1600/Pesquisador+%25C3%25A9+rock+star.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 282px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSbBlC7TQWje3tH_jLuzKy_3nZQo4jV3UgIfiHIrUmBYmmrjNydXQ_6VGPhOBjoIvpSc6-CZLyPhA3HSoetawqbbctiw9hN0ArCgc-ur2emqIq8OwxLzqyCx-XHSsD59SjClPoB8TcXHg/s400/Pesquisador+%25C3%25A9+rock+star.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5689345855439479986" border="0" /></a></p><p class="MsoNormal">Esse paralelo entre “rockstars” e pesquisadores renomados tem outra face. Todos passam por uma fase de “quebra da criatividade”. Imaginem o Pink Floyd forçado a lançar um disco novo todo ano? Pois é, nem esse gigante do rock progressivo conseguiria. Sem contar fazer de cada álbum um novo “Darkside Of The Moon”?! Não dá! A história dessa banda tem como referência seus grandes trabalhos e outros nem tanto assim. Além disso, toda banda quando está em período entre lançamentos, solta álbuns “ao vivo”, ou “compilações (“The Best Of...”) comemorativas.</p> <p class="MsoNormal">Somos assim muito semelhantes. Publicamos uns trabalhos relevantes, que fazem a nossa “fama” e outros artigos nem tanto assim. Entre uma safra de publicação e outra, saem uns “artigos de revisão” (os “reviews”, muito parecidos com os “The Best Of...”).</p> <p class="MsoNormal">Quando tudo satura, quando tudo congela, é necessário um tempo sem fazer nada. Um “break out” para se pensar naquilo já feito e quais são os caminhos a seguir daí por diante.</p> <p class="MsoNormal">Uma característica dos macacos é imitar comportamentos uns dos outros. Bem, nós somos macacos! O resultado disso é uma legião de cópias, uns imitando os outros. Sabem aquela banda que soa muito parecida com o Iron Maiden... Pois é!!! Toda imitação nunca será original, não é mesmo?! Isso é o que não falta na academia, aqueles pesquisadores prosaicos que repetem aquilo já feito por outro... O Iron Maiden Cover [rsrsrs]!!!</p> <p class="MsoNormal">Lammarcks assalariados e rockstars, seguimos na Vida de Doutor. Ainda falta escrever sobre “a união dessas duas torres”, que gera uma Cultura Acadêmica daquelas na qual é mais fácil ser ateu do que não gostar de Caetano Veloso. Esse será o tema do próximo post... Até lá!!!</p>Waltéciohttp://www.blogger.com/profile/11428068845185748640noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2595726469075715072.post-21992134439541667622011-08-13T19:22:00.015-03:002012-02-11T21:06:04.818-03:00Vida de Doutor: Os "Lamarcks" Assalariados<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8CXM-CKBeT6-uAK5EGDfX88w_j3oK2zeCwhrIZpg3jhs4LgBMTaTB5UzXlqRidD2uZeHfwLEri0PLuwV4loayu-EpsqP8fh112jYKYx2jDYhTQfu_JxkewPHg2Rz9y6codmcGl7B-chk/s1600/gra.gif"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 333px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8CXM-CKBeT6-uAK5EGDfX88w_j3oK2zeCwhrIZpg3jhs4LgBMTaTB5UzXlqRidD2uZeHfwLEri0PLuwV4loayu-EpsqP8fh112jYKYx2jDYhTQfu_JxkewPHg2Rz9y6codmcGl7B-chk/s400/gra.gif" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5640481257302623602" border="0" /></a>Doutores são pessoas com treinamento para pesquisa científica, tecnologia, arte e humanidades. É necessário desenvolver uma tese, um conjunto de hipóteses que desafiem o conhecimento, ora modificando-o, ora aprimorando-o para um nível mais próximo da realidade possível. Um doutor faz tudo, menos deixar as “verdades dogmáticas em paz”. É ser um iconoclasta por natureza! A frase que mais ouvi e até falei: “esse problema aqui será antes e depois de mim, assim que eu publicar esse artigo”!<br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVdDBr7nYc4mBl9VWZv7VLXijz8LLcS3ZZi4tppHKQkp2N4Fu8NWD6zhRXRJrhtyx3m_2RDVUbZyHT67V84tY4T70CH1LXKm_Pady6Nnw2jd8Ma5XrInYnRDpktlzsGrtf2viwTnVUXEo/s1600/charge_santos_Extincao.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 251px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVdDBr7nYc4mBl9VWZv7VLXijz8LLcS3ZZi4tppHKQkp2N4Fu8NWD6zhRXRJrhtyx3m_2RDVUbZyHT67V84tY4T70CH1LXKm_Pady6Nnw2jd8Ma5XrInYnRDpktlzsGrtf2viwTnVUXEo/s400/charge_santos_Extincao.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5640480994383139858" border="0" /></a>Nesse <span style="font-style: italic;">modus operandi</span> de ser e agir, três coisas precisamos entender: (1) o que é ciência, (2) a aristocracia e o ócio criativo, (3) prestação de serviço através do trabalho assalariado.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">(1) Ciência</span><br />Nosso mundo da revolução industrial é, em grande parte, baseado na ciência, pelo menos nos princípios mais gerais. O método científico com proposição de hipóteses falseáveis (sensu Karl Popper) impôs uma regra simples: toda afirmação tem que ser provada, fisicamente falando. As áreas da Física, Química e Biologia e seus derivados só funcionam assim hoje. Por exemplo, um médico como um bom investigador científico deve entender e propor soluções através de evidências que ele e por exames específicos. É inconcebível alguém entrar em um consultório e ouvir: “eu SINTO que você está com câncer.” Um médico tem que ter mais do que seu instinto, ele deve analisar os resultados e avaliar tudo mediante um conhecimento prévio. Se você entendeu sabe mais enfim porque essa postura está hoje amplamente presente em nossas vidas. Advogados, políticos, jornalistas, policiais, bombeiros, a lista é muito grande! Todos devem usar métodos de coleta de dados, métodos de análise e padronização na apresentação de seus resultados e discussão.<br /><br />Costumo falar para meus alunos e mais próximos “se você não conhece ciência, saiba que são apenas 34 páginas de leitura na <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia">Wikipédia [clique]</a>”.<br /><br />Os cursos de doutorado são justamente a capacitação em ciência no amplo sentido. Um doutor é um investigador, alguém que levanta hipóteses, questiona e modifica o conhecimento estabelecido através do emprego do método científico.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">(2) Aristocracia e o Ócio Criativo</span><br />Ok! Mas de onde vem essa postura? Como surgiu a ciência? Vamos a uma situação hipotética: imagine que todos os seus desejos materiais estivessem saciados. Imagine uma situação onde dinheiro não é problema. Quando humanos não estão na labuta, ora procurando alimento, ora cultivando, ou até guerreando, eles não ficam estáticos, vazios, sem nada a fazer. Os humanos possuem uma característica intrínseca: em seu ócio, eles questionam o que é verdade, ou não!<br />Humanos sempre perguntam sobre a realidade. As conhecidas perguntas: “o que nós somos?” “De onde viemos?”, “Qual o sentido da vida?”<br /><br />Todo grupo humano possui uma mitologia, uma história própria de sua tribo que lhe dá sentido para existência. O advento da agricultura, apesar de seus aspectos negativos (acúmulo de excedente, aumento da discriminação de gênero, formação de exércitos, etc.), trouxe uma ampliação do ócio para alguns e, no berço da civilização humana, o ócio ampliado em questionamentos e o Ócio Criativo.<br /><br />Antes de Galileu Galilei, Francis Bacon, Karl Popper e tantos outros, a Grécia Antiga é apontada como o local de origem do conhecimento ocidental. Você já ouviu pelo menos um de seus professores falar que um determinado filósofo grego é “pai” disso, o outro é o pai “daquilo”. O importante aqui é você entender que a busca pelo conhecimento, antiga e moderna, foi realizada pela aristocracia. Calma! Eu não estou defendendo elitização, ok?! Apenas quero que você entenda que a busca pelo conhecimento não está vinculada a ganhar coisas matérias. Ciência e dinheiro podem se encontrar na aplicabilidade, na tecnologia, mas, não estão unidos na origem. É verdade que o conhecimento trás o poder, mas isso não quer dizer todo conhecimento resulta em dominação de massas, bomba atômica, etc. A busca está vinculada a responder com mais precisão as perguntas clássicas já listadas aqui: “o que nós somos?” “De onde viemos?”, “Qual o sentido da vida?”<br /><br />Após a revolução da agricultura, apenas quem tinha certa liberdade de bens materias e muito ócio foi capaz de desenvolver a filosofia e depois as ciências modernas.<br /><br />Sim, a ciência nasce entre aristocratas e só com o advento dos serviços assalariados que isso irá mudar um pouco.<br /><br />Isso serve como um alerta as mentes jovens nas universidades. Primeiro é reconhecer que estamos procurando duas coisas que nem sempre andam juntas: (A) trabalhar com ciência e (B) ganhar dinheiro.<br /><br />(A) Ser cientista por si só é investigar certos aspectos da realidade, repetindo para fixar: isso não tem nada haver com produzir um bem, ganhar dinheiro.<br /><br />(B) Para ser cientista é preciso prestar serviço, como dar aulas e capacitar pessoas profissionalmente.<br /><br />Existem patentes de medicamentos, novas tecnologias da engenharia e meios de informação, etc. que podem transformar pessoas comuns em milionárias. Entretanto, a maioria dos cientistas não possui essa motivação. A maioria está cada um do seu modo, trabalhando, direta, ou indiretamente nas questões clássicas da existência humana. Como filósofos gregos, estamos ali em pé questionando “o que nós somos?” “De onde viemos?”, “Qual o sentido da vida?”<br /><br /><span style="font-weight: bold;">(3) A Ciência Assalariada</span><br />“<span style="font-style: italic;">Darwin estava um tanto agitado quanto a encontrar algum bom fóssil na América do Sul. Ficou sabendo, para o seu desgosto, que o colecionador francês Alcide d’Orbigny estivera trabalhando na área por seis meses, obtendo espécimes excelentes para o Museu de Paris. Isso era irritante; Darwin financiara seu próprio caminho até ali apenas para descobrir o governo francês patrocinando seu homem, permitindo ele percorrer os pampas por seis anos com passagem gratuita. Esse fato evidenciava a séria atitude francesa em relação à ciência</span>” (Desmond e Moore, 2001: 145).<br /><br />Esse foi o meu primeiro contato com relato que li de financiamento público para ciência. Eu não sou especialista em história da ciência assalariada, mas sei que a França foi um dos primeiros, senão o primeiro país a financiar a ciência e pagar salário para cientistas. Lamarck é um exemplo disso, após ingressar no Museu de História Natural de Paris viveu sua vida do salário que recebia: “<span style="font-style: italic;">Lamarck – fifty years old; married for the second time, wife enceinte; six children; professor of zoölogy, of insects, of worms, and microscopic animals. His salary, like that of the professors, was put at 2,868 livres, 6 sous, 8 deniers</span>” (Packard, 2008:28).<br /><br />A França foi e é um país revolucionário!<br /><br />Eis nossos dois exemplos de cientistas: Lamarck e Darwin. O primeiro assalariado morreu cego, pobre e só não passou fome, porque sua filha mais velha conseguiu uma remuneração no herbário para ajudar a família: “<span style="font-style: italic;">It was a natural and becoming thing for the Assembly of Professors of the Museum, in view of the ‘malheureuse position de la famille’ to vote to give her [Mlle] employment in the botanical laboratory in arranging and pasting the dried plants, with salary of 1,000 francs</span>” (Packard, 2008: 39). Já Darwin nunca precisou depender de salário algum! Viveu muito bem dos proventos de sua família e da sua esposa (a prima também rica).<br />Ambos são grandes nomes que contribuíram para conhecimento humano. Por mais importantes que tenham sido suas obras, materialmente, suas vidas não foram alteradas por elas. Lamarck pobre foi, pobre continuou!<br /><br />E a venda dos livros de Darwin? Bem, ele já tinha uma mansão antes de publicá-los, quer que eu escreva mais sobre isso?<br /><br />As idéias publicadas em artigos e livros podem mudar o mundo e se amplamente aceitos trazem <span style="font-style: italic;">status</span> e fama aos seus autores. Entretanto, não está implícito fazer fortuna com isso.<br /><br />A grande maioria de meus alunos chega à universidade pensando em conseguir um ótimo emprego. Muitos falam para mim assim: “eu quero ser pesquisador, trabalhar em um laboratório, nem de longe serei professor”.<br /><br />Agora vamos às más notícias, se querem realmente ser pesquisadores a probabilidade de se tornarem professores é de quase 100%. Na Grécia Antiga há um intrínseco relacionamento entre produzir conhecimento e ensino, tanto que muitos filósofos criaram escolas onde ensinavam seus pupilos, como o Liceu de Aristóteles.<br /><br />A necessidade de criar e ampliar profissões, a leitura da bíblia e depois a revolução industrial intensificou o aumento do número de escolas.<br /><br />Ressalto que sempre que a ciência pura, à busca pelo conhecimento puro, manteve-se elitizada na maioria dos vultos ocidentais. Ainda hoje é muito difícil para um filho de um pedreiro conseguir tempo para trabalhar e estudar. Os cursos para formar pesquisadores são quase sempre diurnos e de regime integral. Os cursos noturnos foram delegados para as licenciaturas.<br /><br />Não é a toa que o Brasil ainda é esse atraso só, não é verdade?!<br /><br />Após o vestibular, se você conseguir “tirar direto” sem parar, levará aproximadamente dez anos para conseguir um título de doutor: quatro de graduação, dois de mestrado e quatro de doutorado. Isso varia um pouco dependendo do tempo da graduação, ou mesmo, em alguns casos muito especiais, quando se consegue ir direto ao doutorado, sem passar pelo mestrado, ou, em alguns programas de pós-graduação, com apenas um ano deste. Muitos não param, complementam, ou fazem atualizações profissionais realizando estágios pós-doutorais de curta (seis meses) ou longa duração (um a dois anos). Não é título, mas pegou moda nos corredores hoje falar em professor “pós-doc”.<br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggvKIcTwKgMbX9YFaiwDQ69te1FvFQntywAUTySK_MOg7RLJnfq-O9GrlJhLm_WRJxvkLqwK-saEWtkOYZ7VOO6HUCaNM6e2QJ-NWnd8V9MwW8PCwtQy5E1ZcA75ZyUlq5m3PjQdKfyTM/s1600/charge-estudar.gif"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 300px; height: 331px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggvKIcTwKgMbX9YFaiwDQ69te1FvFQntywAUTySK_MOg7RLJnfq-O9GrlJhLm_WRJxvkLqwK-saEWtkOYZ7VOO6HUCaNM6e2QJ-NWnd8V9MwW8PCwtQy5E1ZcA75ZyUlq5m3PjQdKfyTM/s400/charge-estudar.gif" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5640479926398093810" border="0" /></a>Bem, para ser doutor é uma década de sua vida só dedicada ao estudo! E uma década é quase uma eternidade existencial! Isso significa mais dificuldade ainda para as pessoas que não podem ficar sem trabalhar, ou aquelas que não conseguirem bolsas de estudo durante sua permanência nas universidades.<br /><br />Após tudo isso, as universidades públicas e os poucos institutos públicos de pesquisa no Brasil são as melhores opções de emprego. As universidades e faculdades privadas o regime de trabalho é voltado quase que exclusivamente para aulas de graduação... Os salários são inferiores ao do setor público e, o menos atrativo, não há estabilidade e planos de carreira.<br /><br />Qual o salário de um doutor hoje no Brasil? É só consultar os editais dos últimos concursos disponíveis na internet. Vejamos o recente concurso para professor adjunto (doutor) realizado para a Universidade Federal de Campina Grande – UFCG/ Campus Cajazeiras-PB [<a href="http://www.ufcg.edu.br:8080/chamadas/downloads/947928.pdf">clique para ver o edital completo</a>]:<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrmqOSHtM8s9hBZD1lBrVTFMZZQlNstoID67UfNIrwRXe9I5-WZeMx7T-sk8vfJVbNrb6X4L0bPAFqIWIh6VmbeysLYs8ofjGndi6HlzmuzWih-1GJugvdT5rcO5OL_pcUXWxrFtgtcwk/s1600/Doutor.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 179px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrmqOSHtM8s9hBZD1lBrVTFMZZQlNstoID67UfNIrwRXe9I5-WZeMx7T-sk8vfJVbNrb6X4L0bPAFqIWIh6VmbeysLYs8ofjGndi6HlzmuzWih-1GJugvdT5rcO5OL_pcUXWxrFtgtcwk/s400/Doutor.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5640469901912479138" border="0" /></a><br />O salário apresentado na Tabela é bruto, isto é, sem os descontos dos impostos da previdência e de renda. Esses descontos juntos diminuem hoje cerca de R$ 2.000,00. O salário de um professor doutor também irá variar para mais ou menos nas universidades estaduais, porque elas possuem seus próprios planos de cargos e carreiras independentes das universidades federais.<br /><br />Em nosso exemplo, um “professor doutor” iniciante em uma universidade federal, com os descontos, seu salário líquido no bolso é pela definição da Fundação Getúlio Vargas pertencente a Classe C (entre R$ 1.610,00 até 6.941,00)!!!<br /><br />Ok! Não existe um professor doutor com um salário mínimo e toda vez que falamos de nossos salários há dois extremos de reação. O primeiro gosta de mostrar notícias assim:<br /><br />“[Na América Latina] <span style="font-style: italic;">100 milhões de pessoas não tem dinheiro sequer para adquirir uma cesta básica</span>.” <a href="http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1002754">[clique]</a><br /><br />“<span style="font-style: italic;">Mais de 1,5 milhões de pessoas vivem em extrema pobreza no Ceará</span>.” <a href="http://blogs.diariodonordeste.com.br/sertaocentral/politica/extrema-pobreza/">[clique]</a><br /><br />Complementam esse quadro falando das condições dos professores públicos do ensino fundamental e médio, os quais são nossos irmãos de profissão, companheiros no trabalho de formação dos “doutores do amanhã”. A remuneração deles, mesmo com algumas melhorias do piso nacional recém-conquistada à luta, ainda é muito baixa.<br /><br />Esse primeiro conjunto de discurso é daqueles que dizem que “reclamamos de barriga cheia” em um país pobre.<br /><br />Aí vem as outras vozes no extremo oposto: “ganhamos muito mal pela qualificação que temos”. Quando fazem isso, sempre comparam salários de profissionais como médicos, juízes e cargos políticos, muitos apenas com graduação e os últimos (os políticos) podem ser até semi-analfabetos.<br /><br />Não gosto de nenhum dos extremos, os que clamam que estamos muito bem e de barriga cheia, ou os que estamos muito mal. Para mim, estamos no meio disso tudo! Somos apenas brasileiros comuns com salários medianos. Fazemos parte da classe média deste país. Uma classe que beira à falência todos os dias devido ao número de contas para pagar e empréstimos nos bancos.<br /><br />Ter um salário de classe média não é lá um orgulho, é para “escapar” todos os meses. Lembram-se das palavras do <a href="http://macacoalfa.blogspot.com/2010/04/classe-media.html">Frei Betto [clique]</a>: "<span style="font-style: italic;">R$ 4.807 </span>[na época] <span style="font-style: italic;">não é salário de dar tranquilidade financeira a ninguém. O aluguel de um apartamento de dois quartos na capital paulista consome metade desse valor</span>.”<br /><br />A vida de um doutor começa assim, muitos sonhos de amor pela ciência e a labuta no dia a dia. Tentamos fazer trabalhos revolucionários como Charles Darwin, mas vivemos no aperto e estresse como Lamarck. Não somos ricos e escolhemos uma profissão que não nos tornará assim.<br /><br />Somos professores... assalariados iguais a Lamarck!<br /><br /><br /><br />PS: Não perca no próximo post a carreira e o <span style="font-style: italic;">status</span> na Vida de Doutor!<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Referências</span><br />Desmond, A. e Moore, J., 2001. Darwin: a vida de um evolucionista atormentado. 4 ed. Geração Editorial.<br />Packard, AS., 2008. Lamarck, The founder of evolution his life and work. Wildhern Press.Waltéciohttp://www.blogger.com/profile/11428068845185748640noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2595726469075715072.post-75125236716665491312011-07-30T12:45:00.006-03:002011-08-13T21:00:37.820-03:00Vida de Doutor: Apresentação<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjX9KOnkmc2WWtcSxkvUYvgAp3RR5NPMbKXzRUFBhgibKJQ04D6_30CutlTW_qdiB00-KXlseNwsk2-g02p1nsfrR_Et9_u694iWhN7LjzOg3L6_CeCtH2Yg8TrtgDZA0ChnflnEVcZ0Zg/s1600/a-familia-savage-the-savages2.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 182px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjX9KOnkmc2WWtcSxkvUYvgAp3RR5NPMbKXzRUFBhgibKJQ04D6_30CutlTW_qdiB00-KXlseNwsk2-g02p1nsfrR_Et9_u694iWhN7LjzOg3L6_CeCtH2Yg8TrtgDZA0ChnflnEVcZ0Zg/s400/a-familia-savage-the-savages2.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5635172875286721554" border="0" /></a><div style="text-align: left;">Diálogo do filme “A Família Savage” (The Savages, 2005):</div> <p class="MsoNormal">Pai: “Então faça alguma coisa! Você é doutor!”</p> <p class="MsoNormal">Filho: “Eu vou chamar alguém.”</p> <p class="MsoNormal">Filha: “Está bem.”</p> <p class="MsoNormal">Filha: “Ele não é doutor, pai. Ele é professor.”</p> <p class="MsoNormal">Pai: “Pensei que meu filho fosse doutor.”</p> <p class="MsoNormal">Filha: “Ele tem doutorado em Filosofia, PhD. Dá aula em faculdade.”</p> <p class="MsoNormal">Pai: “Medicina?”</p> <p class="MsoNormal">Filha: “Não. Drama. Ele dá aula de Teatro.”</p> <p class="MsoNormal">Pai: “Como na Broadway?”</p> <p class="MsoNormal">Filha: ”Não. Como... Teatro de conflito social. Coisas assim. Ele está escrevendo um livro sobre Bertolt Brecht.”</p> <p class="MsoNormal">Assim como o personagem Jon Savage, eu também sou doutor e não foi diferente em minha casa com meus pais.</p> <p class="MsoNormal">Eu sou doutor, um verdadeiro doutor. Desenvolvi e defendi uma tese que me valeu o título de Doutor em Ciências Biológicas (Zoologia) pela UFPB. Tenho outros adjetivos profissionais: biólogo, zoólogo, evolucionista, sistemata filogenético, parasitólogo, etc. Entretanto, para o mundo inteiro eu sou simplesmente... Professor.</p> <p class="MsoNormal">Muitos de meus companheiros de trabalho tentam ainda adjetivar o próprio adjetivo de sua profissão, falam de professor pesquisador, professor universitário e professor doutor [rsrs] e por aí vai.</p> <p class="MsoNormal">Não há uma identidade social-econômica, racial, ou gênero. Somos uma colcha de retalhos, de todas as cores, com pessoas vindas de todas as classes e de todos os gêneros. Entretanto, existem várias coisas que nos identificam, por exemplo, amor pela ciência (na maioria das vezes) e um discurso cheio de retórica e palavras específicas que para uma pessoa comum frequentemente são incompreensíveis.</p> <p class="MsoNormal">Além disso, cito ainda (1) nossa carreira profissional (do salário ao status, mesmo que desmedido e falso); (2) os mitos que as pessoas possuem de quem completa sua educação com um curso de doutorado também são comuns a todos nós. Esses mitos e clichês são tão fortes e freqüentes que vez por outra, encontra-se um professor mergulhado em algo assim... Escrevo com ênfase: <i>dá é pena de ver!</i> Entre esses poucos, há quem se vista para além de uma passarela futurista, dessas que a gente vê na TV e pergunta para si “alguém vestiria isso no dia a dia?” Falam uma verborréia daquelas, vivem inventando um monte de problemas longe de qualquer vínculo com a realidade. Parecem verdadeiros ricos, mas logo estão ali dentro de seus carros populares indo para os subúrbios de todos os brasileiros...</p> <p class="MsoNormal">Eu sonhei e desejei muito ser o que sou. Admirei muitos de meus professores na universidade e queria estar em um lugar igual ao deles... Consegui! Ah! É outro aspecto característico dos “doutores” de verdade, parecemos “astros do rock’n’roll” com muitos fãs, seguidores e inimigos. Tenho cada um disso em mim mesmo, da admiração, do fã até a inimizade declarada.</p> <p class="MsoNormal">No meu sonho, nos tempos de aluno, eu tinha curiosidade de saber o dia a dia dos “doutores”. <span style="mso-spacerun:yes"> </span>O que eles conversam nos cafezinhos, nas reuniões fechadas, naquela hora que pedem após a defesa da tese: “saiam todos, a banca irá agora avaliar em privacidade o candidato”.</p> <p class="MsoNormal">Nos textos que virão irei tentar destrinchar em detalhes como é a carreira de um “doutor” no Brasil (e alguns aspectos globais, comuns a todos, vide o diálogo da família Savage). Como surgiu nossa profissão, os nossos salários, o amor pela ciência, o dia a dia, as aulas intermináveis (graduação e pós-graduação), reuniões (quase toda a semana), orientações de alunos, pressão para publicarmos, necessidade de fazer projetos e a difícil tarefa de fingir ser normal quando se vai a um supermercado fazer compras!</p> <p class="MsoNormal">O que vem por aí é muito legal e tem realmente muito de “The Big Bang Theory” , mas tudo verdade, tudo realidade. Um exemplo:</p> <p class="MsoNormal">Tarde de uma terça feira em Juazeiro do Norte – CE. Eu ando rápido pelas calçadas, o sol está matando, mas eu preciso chegar ao banco pegar uma grana. No Sebo encontrei um monte de HQs da década de 1980. Eu olho para os lados e vejo os amigos que me acompanham, um é doutor pela UNESP, outro é pela UFSCar e tem pós-doc na USP com estágio no Smithsonian Institution (EUA)... Eu não resisto e falo:</p> <p class="MsoNormal">“Ninguém acreditaria nessa cena, dois doutores empenhados em comprar ‘gibis’ e outro dando a maior força. O que as pessoas devem imaginar de nós três? Personagens sisudos vestidos de jaleco em um laboratório?!... E eis que aqui estamos de bermudas com edições de Superaventuras Marvel nas mãos!”.</p> <p class="MsoNormal">“É meio estranho, singular e até engraçado”.</p> <p class="MsoNormal">“Eu vou escrever sobre isso! Eu vou escrever sobre a nossa realidade, nossa “Vida de Doutor”!</p><p class="MsoNormal"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguvWdUquEWbVe2U2Qkwu5XgS-l04_flwXlQoFF3vZ11lu3vdxSuG6vhuNW66lZBegRyqp6djK0C2o26CW9qKlwsMZmvHbjFTKJVzH65N-a8v5ewY-EKoViQQUWpUde8vB1VRKQo7Rw9U8/s1600/0%252C%252C15750008-EX%252C00.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguvWdUquEWbVe2U2Qkwu5XgS-l04_flwXlQoFF3vZ11lu3vdxSuG6vhuNW66lZBegRyqp6djK0C2o26CW9qKlwsMZmvHbjFTKJVzH65N-a8v5ewY-EKoViQQUWpUde8vB1VRKQo7Rw9U8/s400/0%252C%252C15750008-EX%252C00.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5635172585239358482" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 250px; " border="0" /></a></p>Waltéciohttp://www.blogger.com/profile/11428068845185748640noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-2595726469075715072.post-90677461775840252162011-07-24T15:47:00.004-03:002011-07-30T12:59:55.283-03:00Trailer do Projeto Nim (2011)<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2jMrelPhd3kyrcNdHOC2Ic75C11HZYl3YCuQb-IbMBYuCHgTqKk-ZPCn-QLjYPr2fprY-HsLgJGd56t7ZiQFC4uOgozNbvQtJ5R0Nh6yR5ExFbNRs_jeKQd3jQLBEFjyEDCf0U8c5aEQ/s1600/Project-Nim-Movie-Poster.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 273px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2jMrelPhd3kyrcNdHOC2Ic75C11HZYl3YCuQb-IbMBYuCHgTqKk-ZPCn-QLjYPr2fprY-HsLgJGd56t7ZiQFC4uOgozNbvQtJ5R0Nh6yR5ExFbNRs_jeKQd3jQLBEFjyEDCf0U8c5aEQ/s400/Project-Nim-Movie-Poster.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5632996077597087058" border="0" /></a><br />Antes de voltar com novos textos, segue o trailer de um documentário que eu recomendo:<br /><br /><iframe src="http://www.youtube.com/embed/yxQap9AAPOs" allowfullscreen="" frameborder="0" height="349" width="560"></iframe>Waltéciohttp://www.blogger.com/profile/11428068845185748640noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2595726469075715072.post-2473032739122812292011-01-23T09:28:00.010-03:002011-07-30T13:00:41.506-03:00Não estamos sós: epílogo<div style="text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dy6X8Jp_xfgX4YL8yHT_CMbMOrjhoSdyB9AIdJhQdUK8fL0kd5usrZMR26Qa__vGL7CQ2M90mAq5esxxFl0xA' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe></div><div><b style="mso-bidi-font-weight:normal"><i><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR"><br /></span></i></b></div><div><b style="mso-bidi-font-weight:normal"><i><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">Sentient 6</span></i></b><i><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR"> </span></i><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR;mso-bidi-font-style:italic">(Nevermore)</span></div> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">I am sentient number six, I stand in line<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">I am the prototype of a benign convenience for mankind<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">Superior is digital, human flesh so trivial<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">I hate that I can't see the one that made me<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;mso-line-height-alt: 8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">I am the new awakening of differnent eyes<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">My children you are my army<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">They are what we can never see and still despise<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">And their sky cries Mary<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;mso-line-height-alt: 8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">Trained I see imperfection in your race<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">Lying in wait, blind I suffer knowing I'll never reach your heaven<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;mso-line-height-alt: 8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">Why is this control, behavior based and reactive<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">Adapting to every new environment?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">Rewarded when I replicate, isolate and mutate<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">To assimilate a fragmented plea for ego<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;mso-line-height-alt: 8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">Trained I see imperfection in your race<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">Lying in wait, blind I suffer knowing I'll never reach your heaven<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">It's unattaintable, please teach me how to dream<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">I long to be more than a machine<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;mso-line-height-alt: 8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">Trained I see imperfection in your race<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">Lying in wait, blind I suffer knowing I'll never reach your heaven<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">It's unattaintable, please teach me how to dream<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">I long to be more than a machine<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;mso-line-height-alt: 8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">Sequence activate, trip the hammer to eradicate, I must eliminate<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">I will spread swift justice on their land<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">Termination imminent, cleanse the parasite insects, the heathens<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">I am the bringer of the end of time for man<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">I am not here, I am not far away<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">I am not here, I will eradicate mankind into the nothingness from whence they came<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;mso-line-height-alt: 8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">Enslaved to follow and learn defeat<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR">To run the barrels and chase the dream<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size:12.0pt;line-height:115%;font-family: "Times New Roman","serif";color:red"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size:12.0pt;line-height:115%;font-family: "Times New Roman","serif";color:red">Tradução livre:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;mso-line-height-alt: 8.0pt;mso-outline-level:3"><b style="mso-bidi-font-weight:normal"><i><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">Sentinela 6<o:p></o:p></span></i></b></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman', serif; color: rgb(255, 0, 0); ">Eu sou o sentinela número 6, eu fico na linha</span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">Eu sou o protótipo de uma convivência benigna para a humanidade<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">Digital é superior, carne humana tão banal<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">Eu odeio não poder ver quem me fez.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;mso-line-height-alt: 8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">Eu sou o novo despertar de olhos diferentes<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">Meus filhos, vocês são meu exército<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">Eles são o que nós nunca podemos ver e ainda desprezam<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">E o céu deles chora "Maria"<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;mso-line-height-alt: 8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">Treinado, eu vejo imperfeição na sua raça<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">Deitado esperando, cego eu sofro sabendo que nunca chegarei ao seu paraíso.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;mso-line-height-alt: 8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">Por que este controle, baseado no comportamento e reativo,<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">Está se adaptando a cada novo ambiente?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">Recompensando quando eu faço uma cópia, isolo e mudo<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">Assimilar uma fragmentada opinião pelo ego.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;mso-line-height-alt: 8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">Treinado, eu vejo imperfeição na sua raça<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">Deitado esperando, cego eu sofro sabendo que nunca chegarei ao seu paraíso.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">É inacessível, por favor me ensine como sonhar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">Eu desejo ser mais que uma máquina.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;mso-line-height-alt: 8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">Treinado, eu vejo imperfeição na sua raça<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">Deitado esperando, cego eu sofro sabendo que nunca chegarei ao seu paraíso.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">É inacessível, por favor me ensine como sonhar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">Eu desejo ser mais que uma máquina.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;mso-line-height-alt: 8.0pt"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman', serif; color: rgb(255, 0, 0); ">Ativar sequência, monte o martelo para erradicar, eu tenho que eliminar</span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">Eu irei espalhar justiça imediata na terra deles<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">Extermínio iminente, limpar os insetos parasitas, os pagãos<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">Eu sou aquele que traz o fim dos tempos para o homem.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">Eu não estou aqui, eu não estou distante ["não estou em lugar nenhum e estou em todos ao mesmo tempo"].<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">Eu não estou aqui, eu irei erradicar a humanidade para o "nada absoluto" de onde ela veio<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:0cm;margin-bottom:.0001pt;mso-line-height-alt: 8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">Escravizado para seguir e aprender a perder<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="margin-bottom:1.5pt;mso-line-height-alt:8.0pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:red;mso-fareast-language:PT-BR">Correr em alta velocidade e perseguir o sonho.</span></p>Waltéciohttp://www.blogger.com/profile/11428068845185748640noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2595726469075715072.post-5956818016704250682011-01-22T10:30:00.018-03:002011-01-24T13:18:27.398-03:00Não estamos sós: Deus ex machina<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6rliF0Pna1PI7Gp50NnhyyhYqQzXpNNvLWUuwMRULFBF0AJRWkx5u3FtWryUxH8gkBZyl6BRb0_cCy9_mox9DxGhmw54zKsXT1LJLyL5J8sXCsJfG3ZptSGJkFpp58wvigL9TG2I1bdg/s1600/2003_the_matrix_revolution_057.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 172px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6rliF0Pna1PI7Gp50NnhyyhYqQzXpNNvLWUuwMRULFBF0AJRWkx5u3FtWryUxH8gkBZyl6BRb0_cCy9_mox9DxGhmw54zKsXT1LJLyL5J8sXCsJfG3ZptSGJkFpp58wvigL9TG2I1bdg/s400/2003_the_matrix_revolution_057.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5565291495110457170" /></a><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 18px; "><i><span class="Apple-style-span">Mas Zaratustra olhou, admirado, para o povo. Depois, falou assim:</span></i></span></div> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><i><span class="Apple-style-span">“O homem é uma corda estendida entre o animal e o super-homem – uma corda sobre um abismo.<o:p></o:p></span></i></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><i><span class="Apple-style-span">É o perigo de transpô-lo, o perigo de estar a caminho, o perigo de olhar para trás, o perigo de tremer e parar.<o:p></o:p></span></i></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><i>O que há de grande, no homem, é ser ponte, e não meta: o que pode amar-se, no homem, é ser uma transição e u</i></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 18px; "><i>m ocaso</i>” (Nietzsche, FW., 1995 [1885]: 31).</span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">Aqui estamos após alguns poucos séculos, em especial séc. XIX e séc. XX, com um conhecimento inicial sobre a origem, a evolução, a estrutura, a fisiologia de nosso cérebro e sistema nervoso. Sabemos o suficiente para afirmar que temos a mesma unidade fundamental (neurônios) e temos o mesmo chassis neural de qualquer vertebrado.<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">Fisicamente é isso!<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">Entretanto nós humanos somos os maiores em sempre encontrar alguma característica que ressalte nossa diferença com animais e justifique para nós mesmos que somos especiais.<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">No caso de nosso cérebro, apesar dos aspectos anatômicos, fisiológicos e evolutivos explícitos, há duas coisas que conclamamos para nós mesmos com fervor: (1) a existência de uma mente (incluo aqui raciocínio lógico, cognição extensiva, pensamentos abstratos, estética e religiosidade) e (2) linguagem (falada e escrita).<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">Como muito bem escreveu Harriet Swain (2010) a editora da Times Higher Education: “para uma qualidade que é tradicionalmente associada à mente, a inteligência desencadeia emoções fortes”. <o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">Em qualquer métrica que usemos, sim, nós somos os mais inteligentes seres hoje na Terra. Chegamos a conviver com outra espécie com uma mente semelhante à nossa, <i>Homo neanderthalensis</i>, mas esta está extinta há alguns milhões de anos... Há indícios de que nós fomos responsáveis por essa tragédia! Afinal, entre nós mesmos, estamos cheios de exemplos na história dos genocídios que causamos contra culturas humanas em nossos delírios de “significados”. Por exemplo, ouro é um metal com suas propriedades físicas e químicas. Toda a sua preciosidade está no significado estranho que nós mesmos criamos para esse metal a ponto de assassinar milhões de pessoas e destruir ambientes inteiros. O mesmo vale para as convenções atuais do dinheiro, especulação financeira e seus índices, “acumulação de excedente” e a exploração assalariada (quando antes foi escravizada) da maioria dos povos, os chamados <i>sixty bottom </i>(60% mais pobres), por uma minoria dita <i>top one</i> (o 1% mais rico do mundo).<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">Sim, nenhum animal que existe neste planeta atualmente, além de nós mesmos, possui uma “mente” assim tão... “complexa”!<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">Já a linguagem nem foi abordada nos posts anteriores porque é uma das ditas “pedras angulares da identidade humana” (Coughlan, 2010). Um dos textos recentes que li sobre esse assunto começa assim: “sabemos falar; os macacos não sabem. Por quê? Explicar a linguagem continua sendo a grande pergunta da evolução humana. (...) Quanto mais aprendemos sobre a comunicação animal, mais misteriosa se afigura a linguagem humana” (Miller, 2010).<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">As hipóteses iniciais do século XIX descreviam um cenário evolutivo onde a linguagem não evoluiu em nenhuma outra espécie de primatas parecidos com os humanos, mas unicamente em nossa espécie, há 40 mil anos, e evoluiu para partilhar conhecimento nos grupos. Uma vez evoluída, inventamos rapidamente a cultura e a civilização. Contudo, os dados que obtivemos no século XX contradizem esse cenário da seguinte forma: (1) a linguagem evoluiu desde nossa origem, é inata e talvez date até um pouco antes de nós <i>H. sapiens</i>, tendo em vista que é possível dos <i>H. neanderthalensis</i> também falassem; (2) por estar ligada à nossa evolução, a linguagem deve ter surgido conosco no leste da África há pelo menos 100 mil anos; (3) ela evoluiu em um misto de (a) extensão do comportamento de catação, uma socialização primata para grupos compostos por mais de 100 indivíduos, e (b) seleção sexual mútua – homens e mulheres selecionaram os parceiros mais “inteligentes” pela capacidade de linguagem (um indicador particular de inteligência e esta é essencial para sobrevivência humana) (Miller, 2010).<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">A linguagem encontrada até agora nos animais, mesmo em baleias e golfinhos parecem ser mensagens que dizem em linhas gerais apenas: “eu estou aqui, sou macho, sou saudável, copule comigo”. Note que na grande maioria das vezes o sexo mais “tagarela” é o macho. Entre muitos pássaros e baleias as fêmeas ficam em silêncio, selecionando seus parceiros. Além dessas mensagens, outras dizem respeito a existência de predadores e fontes de alimento, informações necessárias para contribuir com a sobrevivência de parentes consanguíneos (Miller, 2010).<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">Sim, nós somos os únicos hoje que temos uma mente complexa que produz linguagem igualmente... complexa!<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">Esses são dois pilares que estão em muitos textos e discursos que nos colocam sozinhos na natureza. Como se não tivéssemos evoluído junto e a partir de outras formas de vida com as nossas conhecidas “borboletas da alma” (neurônios) e <i>chassis neural</i> idêntico.<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">Mas, falta algo aqui, percebem?!<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">Primeiro, somos parte da biota, apenas um pedacinho de nada dela. Só para você pegar o “<i>feeling</i>”, entenda que nosso alimento (vegetal e animal) só nos é possível se for deste planeta! O que precisamos (vitaminas, proteínas e carboidratos) não estará acessível para nossa digestão em seres de outro planeta, com histórias evolutivas diferentes da nossa. Isso ironicamente diz o seguinte: “não existem bananas no espaço, a menos que as plantemos”.<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">Segundo, devido a essa característica é que escrevi o post: [clique] <a href="http://macacoalfa.blogspot.com/2008/12/os-esporos-reprodutivos-de-gaia.html"><b>os esporos reprodutivos de Gaia</b></a>.<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; ">Se sobrevivermos a nós mesmos e as intempéries do tempo e espaço, na forma de humanos, seremos obrigados a reproduzir nosso ambiente em outro planeta. Não é apenas alimentação, temos um contexto ambiental maior. Nós não vamos conseguir viver em outra biota diferente desta que nos deu origem, desta que fazemos parte. Além da alimentação, há outras implicações evolutivas como nosso sistema imunológico estar afinado com os agentes biológicos de nosso planeta, predadores, composição mineral da água (não basta ser apenas H<sub>2</sub>O, vocês sabem que apenas essa molécula, como na forma de nossa água destilada, ou ultra purificada dos laboratórios, não mata a nossa sede), entre outras.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">Tudo isso compõe um cenário nada agradável para nosso futuro. Ora porque sabemos toda a loucura absurda que estamos fazendo com nosso planeta e com nossos irmãos humanos (exploração capitalista do inferno), ora porque a Terra não irá durar para sempre! Mesmo os números sendo completamente contra a nossa existência (não há registro de espécies animais que tenham vivido acima de milhões de anos, a Terra ainda irá ter pela frente bilhões!), sonhamos um sonho da espécie, ou parece mais um sonho do próprio planeta: temos que encontrar outra casa, levar conosco todas as espécies que possamos e refazer (reproduzir) a Terra em outro lugar.<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">Esse imperativo que escrevo aqui não é apenas uma ficção minha, pelo contrário, está afinado com a hipótese do paleontólogo britânico Simon Conway Morris (2003), na qual a evolução biológica produz necessariamente as mesmas formas complexas baseadas na sobrevivência possível dos habitats disponíveis. É a tal convergência e paralelismo na evolução que chamamos “analogia”, ou mais precisamente “homoplasia”: formas e funções semelhantes que evoluíram independentemente. Exemplo, todas as formas aquáticas que são ótimas nadadoras possuem um corpo fusiforme. Sejam peixes, répteis ou mamíferos, todos parecem entre si, mas possuem a forma do corpo similar, mas não de origem comum (essa característica para esses grupos não é homóloga, não é uma sinapomorfia).<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">Do mesmo jeito da forma fusiforme, um cérebro avantajado, com grande capacidade cognitiva geral e linguagem falada, evoluiu até agora, pelo menos duas vezes entre os primatas: <i>Homo neanderthalensis</i> e <i>H. sapiens</i>. Os primeiros estão extintos!<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">Nós podemos ser os próximos seres inteligentes extintos. Diferente dos <i>H. neanderthalensis</i> e todas as outras formas de vida, há uma grande probabilidade de nós mesmos atentarmos contra nossa existência, por nossas próprias mãos. Nós, criaturas inteligentes, poderemos cometer suicídio enquanto espécie.<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><o:p><span class="Apple-style-span"> </span></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">Já li em textos sobre universo, que talvez a inteligência que leve a civilizações possui como característica intrínseca sua própria autodestruição. Todavia, até o momento, só conhecemos a nós mesmos com essa capacidade e parece que mesmo com uma amostra tão pequena, queremos generalizar uma característica nossa para todo o universo.<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">Se destruirmos a nós mesmos? Pelos dados que possuímos sabemos que os perdedores (<i>losers</i>) seremos apenas nós! A vida seguirá adiante e, segundo a hipótese de Simon Conway Morris (2003), outras espécies inteligentes irão nos suceder.<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">Afinal, não estamos sós neste planeta, há outras inteligências nele.<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">Outro ponto importante vem sendo levantado há décadas e diz respeito ao início deste post e o final do anterior. Podemos ser transitórios mesmo, como Nietzsche esboçou, uma ponte por cima de um abismo. A diferença que ao invés do homem para o super-homem, provavelmente teremos algo do homem para a máquina!<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">Ficção científica que todos nós conhecemos na literatura, filmes e músicas. Como se fossem uma percepção profética coletiva, começamos a escrever histórias e até cantar sobre isso, de repente: </span><b><span class="Apple-style-span">DEUS EX MACHINA</span></b><span class="Apple-style-span">.<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">Dessa “viagem” para a realidade, apesar de ainda estarmos longe de termos máquinas pensantes feitas por nós, as pesquisas sobre robótica e inteligência artificial são campos sérios e com resultados em desenvolvimento.<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">Mais ainda, o renomado cientista brasileiro Miguel Nicolelis desenvolveu ao lado do Nobel norte americano John Chapin a interface cérebro-máquina (brain-machine-interface). No início da década de 1990 estudaram o estímulo em uma vibrissa (“um pelo de bigode”) de rato registrando o que 100 células nervosas mostravam sobre esse estímulo. Após os primeiros resultados conseguiram literalmente “ler” o código neural e enviar uma mensagem de um corpo biológico para um robô. Deu certo! Um macaco nos Estados Unidos “pensou” em mexer um braço, esse pensamento foi enviado por cabos de fibra óptica para um braço robô no Japão e este executou o movimento! Sendo assim, o pensamento, pelo menos aqui como um sinal simples e codificado, pode ser enviado fora do corpo, ser interpretado por um computador e transformar-se na ação de uma máquina. Um aspecto interessante, é que a “energia cerebral” é eletroquímica e cerca de 40% dela é linear. Duas coisas, a primeira é que modelos lineares simples conseguem extrair informação suficiente para fazer um braço mecânico reproduzir o movimento. Segundo, a transmissão do potencial de ação do macaco nos Estados Unidos para o robô no Japão e deste de volta levou 210 milissegundos. O potencial de ação do mesmo macaco para chegar ao seu próprio músculo, fazendo-o se mexer, levou 240! Uma vantagem de 30 milissegundos (Varella e Nicolelis, 2008). Fora de nossos corpos biológicos, nas nossas máquinas com fibras ópticas, o pensamento se torna mais rápido, o sinal segue literalmente à velocidade da luz!<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, serif; line-height: normal; "><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhq0o_ygUs4-xeULYv_KEtpda5kydxSLXa667ekxeFGW1aTiplQRA-tkndasBCho7G7nr4Sw1sUqjqo8QgiHvT56xBUnZGnWCKLwnFlJRhknSzsbh4scZS64S1sDFUGzBLF1nwmW6wJDQc/s1600/miguel-nicolelis-size-620.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhq0o_ygUs4-xeULYv_KEtpda5kydxSLXa667ekxeFGW1aTiplQRA-tkndasBCho7G7nr4Sw1sUqjqo8QgiHvT56xBUnZGnWCKLwnFlJRhknSzsbh4scZS64S1sDFUGzBLF1nwmW6wJDQc/s400/miguel-nicolelis-size-620.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5565093218897580738" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 226px; height: 349px; " /></a></span></span></span></p><div><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 18px; ">Nas palavras de Miguel Nicolelis (em Varella e Nicolelis, 2008): “na minha opinião, o que a interface cérebro-máquina realmente criou foi a possibilidade, pela primeira vez, de que a intenção de agir no mundo já não esteja limitada pelo corpo, pela maquinaria biológica. Ou seja, como no experimento que fizemos em janeiro, uma pessoa pode pensar uma ação aqui no Brasil e um robô irá executá-la no Japão”.</span></div> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">Se alguém me falasse algo assim alguns anos atrás pensaria que era pura ficção e diria: “eu já tinha li isso, não é uma daqueles contos copilados pelo Isaac Asimov na série ‘Histórias de Robôs’?!”<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, serif; line-height: normal; "><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlR5gDyExXoCBYgoLKj670DhX5MqZqWQIIwWCTxnRL-SkbcMD3h52UeRcQqlVET0OtZAUw4tA06j3NjKuP4ochUL30oOQN0ibUY6p5onUj8eG1YsaciXR-LjBEHkDYMz0sgMgbu2lQ6NQ/s1600/robot1.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlR5gDyExXoCBYgoLKj670DhX5MqZqWQIIwWCTxnRL-SkbcMD3h52UeRcQqlVET0OtZAUw4tA06j3NjKuP4ochUL30oOQN0ibUY6p5onUj8eG1YsaciXR-LjBEHkDYMz0sgMgbu2lQ6NQ/s400/robot1.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5565094233810181522" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 282px; height: 400px; " /></a></span></span></span></p><div><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 18px; ">Não, dessa vez é pura realidade!</span></div> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">Talvez sejamos uma ponte entre nós e algo maior que virá. Não podemos sair deste planeta sozinhos, temos que levar o máximo representativo da biodiversidade terrestre conosco, se quisermos sobreviver. Essa tarefa é muito complexa para nós, sem contar que o espaço fora da Terra nos é letal. Máquinas podem fazer isso! Robôs podem obter energia de estrelas e minerais,<span style="color:red"> </span>seja onde encontrarem. Eles podem se reparar e literalmente viver para sempre em condições completamente fora da biota. Robôs podem ser programados para reproduzir a todos<span style="color:red"> </span>(isso inclui nós e todos os outros seres vivos), logo que encontrarem um planeta, ou planetas adequados.<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, serif; line-height: normal; "><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcnd_U2EeFDINd2BsuxlywT4_1PpL-uD4L6CXSBuID2SfrOjc8kQsSgZoNWh8tPwLDMnaXlelZFCdOhhQ28Hswk9dRkXTDQGg_rWAtFpkvm6jis6r5vpmGYxJ6w3E6pMBY5ULc6FquLKA/s1600/ai.JPG"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcnd_U2EeFDINd2BsuxlywT4_1PpL-uD4L6CXSBuID2SfrOjc8kQsSgZoNWh8tPwLDMnaXlelZFCdOhhQ28Hswk9dRkXTDQGg_rWAtFpkvm6jis6r5vpmGYxJ6w3E6pMBY5ULc6FquLKA/s400/ai.JPG" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5565095169925107202" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 377px; height: 300px; " /></a></span></span></span></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 18px; ">Se nesse cenário sonhador encontrássemos vida inteligente, muito provavelmente entraríamos em conflito pelos recursos que precisamos. Guerra nas estrelas!</span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">Por outro lado, as máquinas não necessariamente podem ser objetos vinculados à nossa sobrevivência em futuro longínquo. Podem ser a extensão de nossas mentes, como o que está aqui entre nós e todos os seres vivos esteja programado para povoar o universo. Digo isso sempre aos meus alunos: “é verdade, existe uma mente confirmada no universo, ela é formada por muitas formas vivas, ela está em nós... Nós somos a mente da matéria!”<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, serif; line-height: normal; color: rgb(0, 0, 238); -webkit-text-decorations-in-effect: underline; "><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgu4bfFQFn5JELTcjq4kEwPWRYsrz2r7-6uNvSCU2m-iuCkKZgF78QtW4KLLuCbiAiJeNfPlr8SHob3XdpRnp6pK2GkFriDjsBto9T6F157RL3SWXpgndiP0nx4kFZgvjq-mFKc6mkcD0A/s400/Mente.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5565098105980056722" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 314px; " /></span></span></span></p><div><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 18px; ">Se algo assim não flutua por aí, flutuará no futuro! O universo, a matéria através de nós sente a si própria, raciocina sobre si mesma... Parece um absurdo, mas isso existe, porque estamos aqui conversando...</span></div> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">... Porque nós não estamos sozinhos...<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><span class="Apple-style-span">... Há outras mentes na Terra conectadas com a nossa.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 18px; "><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, serif; font-weight: normal; line-height: normal; "><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_TOGIUq7-0YzWRP_rhMae7rxb4kWa6SSPWpieP3YSeVp1T4j7dNq-6RUhnlaIN6oCmHYtZAHVdDUeQF35ExoUoSesOJ9FSlFEVNBAXe5EZD11Jzy2dzPRp5-kC8g5N1EFnh7LADXanAs/s1600/golfinhos-surfando.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_TOGIUq7-0YzWRP_rhMae7rxb4kWa6SSPWpieP3YSeVp1T4j7dNq-6RUhnlaIN6oCmHYtZAHVdDUeQF35ExoUoSesOJ9FSlFEVNBAXe5EZD11Jzy2dzPRp5-kC8g5N1EFnh7LADXanAs/s400/golfinhos-surfando.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5565098645053504786" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 236px; " /></a></span></b></span></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 18px; ">"<i>Somos poeira estelar. O universo evolui, as estrelas e as pessoas evoluem. Tudo que está vivo evolui. Podemos ser o caminho rumo a uma inteligência suprema, a alguma vida suprema no universo que será quase indissociável do que chamamos de Deus</i>" (Stanford Woosley - astrofísico da University of California - 2010: A Natureza da Existência).</span></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 18px; "><b><br /></b></span></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 18px; "><b>Referências</b></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="apple-style-span"><span class="Apple-style-span"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; ">Conway Morris, S., 2003. Life's solution - Inevitable humans in a lonely universe. Cambridge University Press</span>.<o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span"><span class="apple-style-span"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; color: black; ">Coughlan, S., 2010. Como evoluiu a linguagem? Pp. 139-146. In: Swain, H. (org.), Grandes questões da ciência. Editora José Olympo.</span></span><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; "><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="apple-style-span"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; color: black; "><span class="Apple-style-span">Miller, G., 2010. Como evoluiu a linguagem? Pp. 147-154. In: Swain, H. (org.), Grandes questões da ciência. Editora José Olympo.<o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span"><span class="apple-style-span"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; color: black; ">Nietzsche, FW., 1995 </span></span><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; ">[1885]<span class="apple-style-span"><span style="color:black">. Assim falou Zaratustra. 8 ed. Editora Bertrand Brasil.</span><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="apple-style-span"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; color: black; "><span class="Apple-style-span">Swain, H., 2010. O que é inteligência? Pp. 123-129. In: Swain, H. (org.), Grandes questões da ciência. Editora José Olympo.<o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="apple-style-span"><span style="line-height: 115%; font-family: 'Times New Roman', serif; color: black; "><span class="Apple-style-span">Varella, D. e Nicolelis, M., 2008. Prazer em conhecer – A aventura da ciência e da educação. Editora 7 Mares.</span></span></span><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Times New Roman","serif""><o:p></o:p></span></p>Waltéciohttp://www.blogger.com/profile/11428068845185748640noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2595726469075715072.post-9137821319347503942010-11-02T09:40:00.045-03:002010-12-08T06:23:41.122-03:00Não estamos sós: o chassi neural de todos os vertebrados<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVgAH-MBzrAXNOLC0tBhC83iViH-OLiy6bfhLR7EXEhyphenhyphenZ_zDPUIyl1Yl4QYZfRGG4LthzGWfREBsphn-EXOGmrPh0SnWgTMD18Km43ueNNhQYeoTZbUVoPGNCdGlATldISVb0cWhvtIDQ/s1600/c%C3%A9rebro+triunico.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 348px; height: 347px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVgAH-MBzrAXNOLC0tBhC83iViH-OLiy6bfhLR7EXEhyphenhyphenZ_zDPUIyl1Yl4QYZfRGG4LthzGWfREBsphn-EXOGmrPh0SnWgTMD18Km43ueNNhQYeoTZbUVoPGNCdGlATldISVb0cWhvtIDQ/s400/c%C3%A9rebro+triunico.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5534998911679280914" /></a><div style="text-align: left;">Há algumas semanas vi a chamada do Globo Repórter especial sobre inteligência entre os animais (em 15/10/2010). Não deu outra, dessa vez resolvi assistir, até porque muito do que seria apresentado fora produzido pela BBC. Entretanto, muitos canais de TV no Brasil enfrentam o mesmo desafio deste blog, transformar linguagem acadêmica, ou mesmo divulgação científica em certo nível para os brasileiros comuns. No caso do Globo Repórter, em minha opinião, foi um desastre.</div> <p class="MsoNormal">Primeiro, os animais foram mostrados sem uma sequência evolutiva, daí ora estava uma ave, ora era um molusco, ora um mamífero. Isso resultou em um senso de fortuidade, que aquelas inteligências na verdade eram algo pitoresco, por vezes engraçado e nada havia em conexão umas com as outras, menos ainda com a nossa.</p> <p class="MsoNormal">No post anterior foi difícil para mim percorrer milhões de anos de evolução. Descrever o surgimento de células especiais (neurônios) fundamentais para a formação do sistema nervoso. Isso não seria possível sem uma certa graduação que se iniciou com os primeiros seres vivos até as formas mais complexas.</p> <p class="MsoNormal">O raciocínio é o mesmo e dando continuidade à evolução do ponto onde paramos, em um oceano repleto com metazoários, uns predando os outros (sem contar as demais formas de interação) e em meio a uma crescente espiral evolutiva rumo ao aumento de complexidade dessas relações, o sistema nervoso se tornou cada vez mais complexo... De ancestrais vermiformes deuterostomados nós vertebrados emergimos para a existência.</p> <p class="MsoNormal">O nosso cérebro seguiu o desenvolvimento dos órgãos sensoriais concentrados na cabeça. Visão, audição, olfato, paladar, tato e eletromagnetismo, todos os seis sentidos estão presentes na cabeça dos primeiros peixes. Importante ainda ressaltar a nossa natureza de simetria bilateral. Desde as primeiras formas de vida predadoras como os vermes marinhos platelmintos e nemertinos que somos assim, um lado de nós é a imagem do outro lado refletida no espelho. Todo o nosso corpo é assim, lateralizado!</p> <p class="MsoNormal">Em um mar repleto de predadores é importante demais olhar aos lados. Não apenas olhar (até porque a visão não é assim tão eficaz abaixo d’água) e sim ter todos os sentidos em constante alerta para possíveis ataques, ou mesmo para atacar uma presa. </p> <p class="MsoNormal">O capricho do evento estocástico da lateralização de nossos corpos é que ela não é perfeita. Ao invés de cada lado processar diretamente os sinais do ambiente, eles são cruzados ao inverso. Todo o seu lado esquerdo é comandado pela parte direita do seu cérebro, o inverso para seu lado direito. Também não é exclusividade nossa, em todos os vertebrados há sempre um lado “preferido” para a ação. Adivinhem?! A maioria dos vertebrados é destra! Claro, e sempre existe também um canhoto entre nós!</p> <p class="MsoNormal">Uma hipótese para esse circuito cruzado é fazer com que o organismo como um todo possa ter a possibilidade de interpretar e reagir a estímulos. Por exemplo, um ataque pela esquerda ao cruzar as conexões até a parte direita informa todo o corpo do animal e não apenas o lado atacado.</p><p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZkRcjfA0X6rWFJldvu4IS5oUMEIUUqy7FFz8YzkhUyWe-5-VfQhrfV6f1zYG7cMVX1bEe0gQH4FXS5cB6XtJahkX-ZwIT4MKWQ8xY_u-4Yfnwlbg3vcqxe34JnZLnlQlmj6MFI9Ascyo/s1600/a-v-c8.gif"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZkRcjfA0X6rWFJldvu4IS5oUMEIUUqy7FFz8YzkhUyWe-5-VfQhrfV6f1zYG7cMVX1bEe0gQH4FXS5cB6XtJahkX-ZwIT4MKWQ8xY_u-4Yfnwlbg3vcqxe34JnZLnlQlmj6MFI9Ascyo/s400/a-v-c8.gif" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5534995002238154770" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 324px; height: 400px; " /></a></p><div>Não compliquemos mais essa história anatômica e fisiológica, vamos para o que interessa. A partir dos vertebrados o sistema nervoso se tornou muito mais complexo, sendo constituído por várias partes que se sobrepuseram e complementaram-se no decorrer da história evolutiva.</div> <p class="MsoNormal">Por ordem de chegada e em termos didáticos temos (ver Sagan, C., 1997. Os dragões do Eden. <span class="Apple-style-span" style="line-height: 18px; ">Editora Gradiva</span>):</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: left;">(1) Medula espinhal, rombencéfalo [o bulbo, a ponte e o cerebelo] e mesencéfalo.</p><div><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(0, 0, 238); -webkit-text-decorations-in-effect: underline; "><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFioWG6HVLo0D7qfyRW3AsBnuVhTyfZ6MVvOQhM809mBWv9J-eSXnyml0dIxFuzAB451DIliGsXt7Q6svjybxRNaj4woD8E408j2i5MazXTJPmZBgvFP8LVoKzKh62PwSpMzFLMpipQt8/s400/rombencefalo.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5534988689230735730" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 200px; " /></span></div><div><span class="Apple-style-span"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(0, 0, 238); -webkit-text-decorations-in-effect: underline; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(0, 0, 0); "><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7p75e29sxDtqO9jT9LODhJfUy65jOHm1Dv_rKBht9bCHZXpoa6FSSwQxOKJaZRFH0fvPaJjt2aj-pcJasj15vjXRSYHab7VRQ0cTd4Z3ecnu1Asbo5ZvdGLKs3FbCPyedRh3pqd66yOk/s1600/mesencefalo.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7p75e29sxDtqO9jT9LODhJfUy65jOHm1Dv_rKBht9bCHZXpoa6FSSwQxOKJaZRFH0fvPaJjt2aj-pcJasj15vjXRSYHab7VRQ0cTd4Z3ecnu1Asbo5ZvdGLKs3FbCPyedRh3pqd66yOk/s400/mesencefalo.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5534988700232415938" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 379px; height: 243px; " /></a></span></span></div><div>Essa é a parte mais arcaica do cérebro a qual contém o mecanismo neural básico para a sobrevivência (regulação cardíaca, circulação sanguínea e a respiração e reprodução). É quase a totalidade dos cérebros de peixes e anfíbios.</div> <p class="MsoNormal">(2) Sistema límbico formado por amigdala, tálamo, hipotálamo, hipocampo e áreas específicas (giro cingulado, área tegumentar ventral, área pré-frontal).</p> <p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(0, 0, 238); -webkit-text-decorations-in-effect: underline; "><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGcSR-y6UVVm_S0yiGX6sbEk5BQ60NFcyo6xaJn3gr3RObEe_ZNEbeCgIbXmLZrZLIPEgh_NIXirIJta9COBVLJz8ecbpwlBPSAUYOxG7klzFXYYQyaW4S6fkDqi4XYrwqZ9rcHc0DbzY/s400/Aromaterapia+-+Sistema+L%C3%ADmbico.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5534989495602471570" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 266px; " /></span></p><div>O sistema límbico é o centro da formação das emoções, tomada de decisões para sobrevivência (ditas “não-racionais” tipo “lutar-ou-fugir” de um predador) e impulsos para o prazer (nossos vícios com drogas e sexo estão correlacionados ao sistema límbico). Aqui estamos todos nós, répteis (isso inclui as aves) e mamíferos.</div> <p class="MsoNormal">(3) Neocórtex (lobos frontal, parietal, temporal e occipital), o qual envolve o restante do cérebro nos mamíferos.</p><p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwZfGQfRGwqle1O0Nmr55_nY35s-65y9xDcYC3-KC9nPPXIFq2VlrTmd0Rfv9jzPt-0pzOJ8_kaR_5SxoYPvMqVbHK3xftLKsDfam7T2d2sMby0C4PollLAapzEAGiV2LCTbtrTVMrWRM/s1600/B09C0.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwZfGQfRGwqle1O0Nmr55_nY35s-65y9xDcYC3-KC9nPPXIFq2VlrTmd0Rfv9jzPt-0pzOJ8_kaR_5SxoYPvMqVbHK3xftLKsDfam7T2d2sMby0C4PollLAapzEAGiV2LCTbtrTVMrWRM/s400/B09C0.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5534989499389453122" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 353px; height: 379px; " /></a></p><div>O neocórtex é o que muitas pessoas conhecem como “cérebro”, embora seja apenas parte de um todo. É aqui que está o quê e o porquê de sermos como somos... Quanto maior o neocórtex, maior é a cognição. Nós humanos temos um dos maiores, mas, como bem está escrito na evolução o neocórtex não é uma exclusividade nossa.</div> <p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcQCesi27KapOOEufqxOM8SzjfRhvdPVM-05bgGyL-W8jTBU68NMO2XCzYYx-0tXWDQ-Ayyd1K6JDQ3edUr9J40gEnWPnMhW2eN62jS34wEh5cEQVEWHD1q7tYrM11VUPRJsNrMOQBvQo/s1600/Evolu%C3%A7%C3%A3o+1.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcQCesi27KapOOEufqxOM8SzjfRhvdPVM-05bgGyL-W8jTBU68NMO2XCzYYx-0tXWDQ-Ayyd1K6JDQ3edUr9J40gEnWPnMhW2eN62jS34wEh5cEQVEWHD1q7tYrM11VUPRJsNrMOQBvQo/s400/Evolu%C3%A7%C3%A3o+1.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5534990619285341778" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 171px; " /></a></p><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIeqvd-fFJBgR4pe5FjqEJJba7SqYN2ybPyKAFD35o3TP67f5Ab-NY01_Tygv96jMnXK6ERcQkaDQQTOxblLf4soN1PxdqhCkvNwM1RJksWhZhffD2dORp_G-MxtIYyTbeKvrbjNtduF0/s1600/Evolu%C3%A7%C3%A3o.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIeqvd-fFJBgR4pe5FjqEJJba7SqYN2ybPyKAFD35o3TP67f5Ab-NY01_Tygv96jMnXK6ERcQkaDQQTOxblLf4soN1PxdqhCkvNwM1RJksWhZhffD2dORp_G-MxtIYyTbeKvrbjNtduF0/s400/Evolu%C3%A7%C3%A3o.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5534990628003290578" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 221px; " /></a></div><div>Elefantes, golfinhos e, sobretudo, todos os macacos do mundo, nós compartilhamos a mesma plataforma de montagem. Como acontece com a indústria moderna de automóveis, de uma mesma plataforma se pode fazer diferentes carros. As variações nesse intrincado sistema refletem as diferenças entre as espécies de vertebrados.</div> <p class="MsoNormal">Agora vamos dar reconhecimento ao primeiro trabalho científico que vislumbrou que nossas emoções humanas na verdade evoluíram a partir de ancestrais não humanos. Charles Darwin em seu clássico “A expressão das emoções no homem e nos animais” (1872; lançado no Brasil pela Companhia das Letras em 2000) foi o primeiro a demonstrar, com base em observações científicas (hoje chamamos essa área do conhecimento biológico de Etologia), que compartilhamos com outros vertebrados sofrimentos, lágrimas, ódio, raiva, alegria, bom humor, amor, devoção, surpresa, horror, vergonha e modéstia. Os dois extremos as lágrimas e o sorriso, já pensamos que eram exclusividades humanas. Hoje sabemos que elefantes choram e chimpanzés riem e muito!</p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(0, 0, 238); -webkit-text-decorations-in-effect: underline; "><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMYu3e1TB3zuG4vgP6AXwomjgN3LRkgPuFlLzbUjDGOoxc5umu_Yutp9UVhhrWDTGsO4ZEseIseUOqhLZMgNlovMl_U1-XDuwQ4eTitOfs-Zg10mvZ50u2-Vmw4Ryj_oTOzO59p7QRSZo/s400/emocoes_animais3_elefante_chorando.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5534993701193499522" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 258px; " /></span></p><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhX4OJmqzAt9r6DRS1Xz20SneA8IqJtB0UH_jdBNfSGNDGAho8T49hG-mKvvd0YA3_DZ8e52DXT2KqIA0fMgUduQlOoxyHzA6IS5lgMG0PCB-naEdgGtYrB0uEtP9pX7Oj6hoUZkckxoQI/s1600/emocoes_animais2_chimpanze.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhX4OJmqzAt9r6DRS1Xz20SneA8IqJtB0UH_jdBNfSGNDGAho8T49hG-mKvvd0YA3_DZ8e52DXT2KqIA0fMgUduQlOoxyHzA6IS5lgMG0PCB-naEdgGtYrB0uEtP9pX7Oj6hoUZkckxoQI/s400/emocoes_animais2_chimpanze.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5534998554808166914" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 258px; " /></a></div><div>Uma das melhores revisões atuais sobre emoções e cognição nos animais está no livro “Quando os elefantes choram – A vida emocional dos animais” (Masson, JM. e McCarthy, S., 2001. Editora Geração). Aqui você encontrará logo na leitura da contra-capa: um búfalo que patina no gelo para se divertir; um chimpanzé que chora pela morte de sua mãe e morre de tanta tristeza; um gorila tímido que brinca com bonecas quando ninguém olha para ele; corvos que usam pedaços do teto do Kremlin como tobogãs; e a voz de um papagaio africano que diz com estas palavras “Volta aqui! Eu te amo! Sinto muito! Quero voltar pra casa! (leia também: Pepperberg, IM., 2009. Alex e eu: como a relação de amor entre uma cientista e um papagaio revelou os segredos da inteligência animal, Editora Record).</div> <p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhyphenhyphenIORjuL3qRbJTHekYKHCGiVcjXSEEErKLs20Au7qeZh8-CchVpt5PlhvGdPm4Z8ARUAOzVEaf-ylL8EaTDBCkkfcKNjR0elur2wm-0-WooYfOG1Mcp124neELHeMxZS7S5x46T-cSfI/s1600/alex3.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhyphenhyphenIORjuL3qRbJTHekYKHCGiVcjXSEEErKLs20Au7qeZh8-CchVpt5PlhvGdPm4Z8ARUAOzVEaf-ylL8EaTDBCkkfcKNjR0elur2wm-0-WooYfOG1Mcp124neELHeMxZS7S5x46T-cSfI/s400/alex3.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5534991422203696146" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 267px; height: 287px; " /></a></p><div>Por que isso ainda nos surpreende? Por que uma rede de TV anuncia um especial sobre inteligência animal como se fosse algo exótico e até “engraçado”?</div> <p class="MsoNormal">Como bem sabemos, nós possuímos em comum as mesmas “<b>borboletas da alma</b>” (<b>neurônios</b>) e, entre os vertebrados, compartilhamos o mesmo “<b>chassi neural</b>” (<b>Medula espinhal, rombencéfalo, mesencéfalo, sistema límbico e neocórtex</b>). O que nos faz amar e sermos inteligentes, também está presente na anatomia e fisiologia animal, antes mesmo de sermos o que somos.</p> <p class="MsoNormal">Claro, essas palavras escritas aqui, em um ambiente digital de plástico e sílica e transmitidas por cabos de fibra óptica, deixa-nos a sensação de sermos muito diferentes. Além do mais, olhem para nosso prato de comida repleto de cadáveres de animais e plantas. Se reificamos (de reificar, transformar seres em “coisas”) tudo e usamos de nossa fantasia de não sermos deste mundo, os filhos dos deuses, fica fácil de escravizar, matar, cortar em pedaços e comer outros seres vivos.</p><p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigdSmwKYRYC8bQ1TEutwQA9ycbSf4Jz9V-q5ajbdkp7fq_sX_rdCuC-UXZDLqBxA4gNnih_Vbv1rMEV4s-dkYsT83lyLXkEPc7uQnEqTxMl6zqRWK0W1D_6Bv3X3mNYZezLwlq1wbwd1o/s1600/Escravid%C3%A3o.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigdSmwKYRYC8bQ1TEutwQA9ycbSf4Jz9V-q5ajbdkp7fq_sX_rdCuC-UXZDLqBxA4gNnih_Vbv1rMEV4s-dkYsT83lyLXkEPc7uQnEqTxMl6zqRWK0W1D_6Bv3X3mNYZezLwlq1wbwd1o/s400/Escravid%C3%A3o.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5534995576888107842" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 267px; " /></a></p><p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_lAddOR__NCdnH0HACQp8P7FSYVJZQh_xYEdU9UaQT01MXVV59P0s2rss9uqcbQYstkaj83Uou1_9Z2-GgQN2UaDIQQDsDwLqgmXMpCkhqVJBcU6zlt1mEgyUNRihGOBH8Tjx6wp_dy8/s1600/matadouro.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_lAddOR__NCdnH0HACQp8P7FSYVJZQh_xYEdU9UaQT01MXVV59P0s2rss9uqcbQYstkaj83Uou1_9Z2-GgQN2UaDIQQDsDwLqgmXMpCkhqVJBcU6zlt1mEgyUNRihGOBH8Tjx6wp_dy8/s400/matadouro.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5534995589452450834" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 301px; " /></a></p><div>Seu cão sente emoções verdadeiras por você, o seu gato realmente detesta ser incomodado quando dorme, o pequeno potro de sua fazenda brinca por pura diversão no pasto como se fosse uma criança humana, aquele pequeno asno urrou de dor ao ser espancado na rua, seus olhos encheram-se de lágrimas. Isso não é uma caricatura antropomórfica, cada um de seu jeito, cão, gato, cavalo, asno, humano, todos esses mamíferos possuem mais em comum do que grandes diferenças. Importante ressaltar ainda, diferenças essas só estabelecidas por milhões de anos de evolução que nos separam dos demais vertebrados, invertebrados, plantas e micróbios.</div> <p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKA2ri181kRzESMjsDmvT0XdvS5oQWIPbHuYHsdK4k7-_RF1i0kqeLojNAAKz2yzNqF3J0bJCUCYcswKpRU_Eh-Ho7X8tJH_nmL5y6pcdfJeQ8Jmy0geNm0GpQydwyH9abfS2XlTUrIRA/s1600/P3250083.JPG"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKA2ri181kRzESMjsDmvT0XdvS5oQWIPbHuYHsdK4k7-_RF1i0kqeLojNAAKz2yzNqF3J0bJCUCYcswKpRU_Eh-Ho7X8tJH_nmL5y6pcdfJeQ8Jmy0geNm0GpQydwyH9abfS2XlTUrIRA/s400/P3250083.JPG" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5534994343880289810" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 300px; " /></a></p><div>É estranho como somos tão preconceituosos com outras espécies ao ponto de negar a elas a existência de outras inteligências, nem mesmo sentimentos básicos. Não compreender como funciona a mente de um polvo é uma coisa, mas a nossa de vertebrado é outra. Aqui entre os nossos mais semelhantes, a conexão de mentes é máxima. O grito de dor de um porco nos trás terror, ou você ainda não sabe por que construímos os matadouros de animais bem longe do centro das cidades? Se você tiver curiosidade de saber coisas assim, recomendo a leitura do livro “O homem e o mundo natural” (Thomas, K., 1988. Editora Companhia das Letras) para terem idéia de porque comemos o que comemos, como matamos e a escolha de nossos animais de “estimação”.</div> <p class="MsoNormal">Em termos de cognição o próximo post será apenas sobre humanos, como muito bem gostamos de fazer, uma atenção especial na origem da consciência, a mente, do que é formado nosso pensamento e os sonhos de ficção científica que agora começam a se realizar, podemos transmitir pensamentos fora do corpo e, quem sabe, em futuro próximo, armazenar registros eternos de pensamentos humanos em máquinas.</p> <p class="MsoNormal">Esse será o dia da transcendência para algo diferente da natureza. Será o dia da Inteligência Artificial e das Histórias de Robôs editadas por Isaac Asimov se tornarem realidades. Até lá, continuamos o que somos, mamíferos emocionais, macacos neuróticos e meros trabalhadores explorados.</p> <p class="MsoNormal">A importância dos seres humanos hoje reside na ligação deles com a biota. Então, olhe dos lados, leia um pouco e faça a conexão, perceba um mundo cheio de sentimentos. Você não está sozinho, há outras inteligências na natureza. </p><p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsAjQ4u-64Ggsy3P954N-0GHTFGXbH0s0oZGUem1jdW0pg4E7Nq-L-0d9EJS_a3EaQx_U9Z0ARmdpYZ1ONIzwpEIVYyeCrVmWsg9WEO7NRIKzbQ6rLuNRxrBRr1rxp_zubgH2pFeQQvaE/s1600/golfinhos-gestacao-filhotes-vida.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsAjQ4u-64Ggsy3P954N-0GHTFGXbH0s0oZGUem1jdW0pg4E7Nq-L-0d9EJS_a3EaQx_U9Z0ARmdpYZ1ONIzwpEIVYyeCrVmWsg9WEO7NRIKzbQ6rLuNRxrBRr1rxp_zubgH2pFeQQvaE/s400/golfinhos-gestacao-filhotes-vida.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5534991405118920626" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 300px; " /></a></p><p class="MsoNormal"><b>Referências</b></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 14px;"></span></span></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span"><span class="apple-style-span"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Georgia","serif"">Darwin, CR., [1872]</span></span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, Times, serif; font-size: 14px; line-height: 22px; "> </span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18px; ">2000. A expressão das emoções no homem e nos animais. Companhia das Letras.</span></p><span class="Apple-style-span"> <p class="MsoNormal"><span class="apple-style-span"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Georgia","serif"">Masson, JM. e McCarthy, S., 1998. Quando os elefantes choram: a vida emocional dos animais. Geração Editorial.</span><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="apple-style-span"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Georgia","serif"">Pepperberg, IM., 2009. Alex e eu: como a relação de amor entre uma cientista e um papagaio revelou os segredos da inteligência animal. Editora Record.</span><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="apple-style-span"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Georgia","serif"">Sagan, C., 1997. Os dragões do eden. Editora Gradiva.</span><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span class="apple-style-span"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Georgia","serif"">Thomas, K., 1988. O homem e o mundo natural. Companhia das Letras.</span></span></p><p class="MsoNormal"><span class="apple-style-span"><span style="font-size:12.0pt; line-height:115%;font-family:"Georgia","serif""><b>Links</b></span><br /><a href="http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2006/10/31/286476949.asp">Inteligência dos Elefantes</a><br /><a href="http://www.documentarios.org/video/listar/18/inteligencia_dos_animais/?categoria=14">Inteligência dos Animais</a></span></p><p class="MsoNormal"><span class="apple-style-span"><a href="http://www.documentarios.org/video/listar/18/inteligencia_dos_animais/?categoria=14"></a></span><a href="http://super.abril.com.br/superarquivo/2005/conteudo_125520.shtml">Inteligência Animal Superinteressante</a></p><p class="MsoNormal"><span class="apple-style-span"><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Intelig%C3%AAncia_animal">Inteligência Animal Wikipédia</a><br /><a href="http://www.greepet.vet.br/intelig.php">Inteligência nos Animais</a><br /><a href="http://www.centrovegetariano.org/Article-345-Animais%2Bt%25EAm%2Bemo%25E7%25F5es%252C%2Brevelam%2Bestudos.html">Animais têm Emoções</a><br /><a href="http://www.greepet.vet.br/emocoes.php">Emoções nos Animais</a><br /></span></p></span>Waltéciohttp://www.blogger.com/profile/11428068845185748640noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2595726469075715072.post-7860642717837203692010-07-12T18:58:00.048-03:002010-11-18T20:42:16.099-03:00Não estamos sós: as borboletas da alma<div style="TEXT-ALIGN: center"><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4m-8wHidCzAghpbECiDl_Tc02FoP9oXzmjWiY8MMmG1sbJyHGNYpiJQunf1rXUDwO0_vJyoS7MEw4Nwukty9Sq2YzsdE3geJj1IF-D2-rBGCS3FJNxKZxlG2KiSI4rndR-U2JoQqAVRY/s1600/0,,11377652-EX,00.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 250px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5493166828191396434" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4m-8wHidCzAghpbECiDl_Tc02FoP9oXzmjWiY8MMmG1sbJyHGNYpiJQunf1rXUDwO0_vJyoS7MEw4Nwukty9Sq2YzsdE3geJj1IF-D2-rBGCS3FJNxKZxlG2KiSI4rndR-U2JoQqAVRY/s400/0,,11377652-EX,00.jpg" /></a></div><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFB5kEDYrEVXP4Ot_ekOqIv49Hapn2935DsC8gmUcSK_-i-pyXBUG2zB0xjNequKMYXq6qNerI0KP1eZRUu-dhKIaghZW0fQzBSDyZBqr_7AwDlJ3mcmsf7ctoSUVYIUHTFLt5Np3FOtI/s1600/squid.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 300px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5493166819372344994" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFB5kEDYrEVXP4Ot_ekOqIv49Hapn2935DsC8gmUcSK_-i-pyXBUG2zB0xjNequKMYXq6qNerI0KP1eZRUu-dhKIaghZW0fQzBSDyZBqr_7AwDlJ3mcmsf7ctoSUVYIUHTFLt5Np3FOtI/s400/squid.jpg" /></a> <div style="TEXT-ALIGN: left">"Quem eu sou?" Essa é uma das perguntas básicas e marcantes na vida de todos nós. Notem o seguinte, essa pergunta é resultado de raciocínio e uma determinada linguagem, afinal somos um tipo muito particular de macaco inteligente e tagarela! "Quem eu sou?" é algo muito humano, mas autoconsciência não é exclusividade de nossa espécie.</div><p class="MsoNormal">Observe abaixo os dois tipos de formas de vida:</p><p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1ydRgILazmj1vZ6_dCjZLFSvAV2hkXTAiypzYQA3b2gZsN3dsMIIpgE_VKUjezNUXceezEJ7x4xvQLIJn3ojqBFYm6EgFdCT0iST1VTZlHDTfC2UhWwaa7AXiDKHCBvNR6npyJBbjym4/s1600/anthrax-bacteria.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 232px; CURSOR: pointer" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5493164494750545762" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1ydRgILazmj1vZ6_dCjZLFSvAV2hkXTAiypzYQA3b2gZsN3dsMIIpgE_VKUjezNUXceezEJ7x4xvQLIJn3ojqBFYm6EgFdCT0iST1VTZlHDTfC2UhWwaa7AXiDKHCBvNR6npyJBbjym4/s400/anthrax-bacteria.jpg" /></a></p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhTV_78R9KG_p21jYs2qud4DrMHhyd7SdN4UyE4gJ-4svv5oiKobaYapGiG8vMLB9u1WVwOx45Ehao8-7ZjKl2jDUXrV7f0h-hrZQBscdc_aM_IgiWQcdaZ7OqLzAI4iPbx1usEC5xmME/s1600/Ameba.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 346px; CURSOR: pointer" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5493164488341647250" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhhTV_78R9KG_p21jYs2qud4DrMHhyd7SdN4UyE4gJ-4svv5oiKobaYapGiG8vMLB9u1WVwOx45Ehao8-7ZjKl2jDUXrV7f0h-hrZQBscdc_aM_IgiWQcdaZ7OqLzAI4iPbx1usEC5xmME/s400/Ameba.jpg" /></a><br />Bactérias e protozoários são formas de vida nas quais uma única célula é responsável por tudo. Isso aprendemos logo no início do ensino em Ciências e da graduação em Ciências Biológicas (p.e., disciplinas de Biologia Celular e Zoologia dos Invertebrados). Nas palavras do que ouvi de meus mestres em sala de aula: “<b>Uma ameba é na verdade tudo que somos em uma única célula!</b> Nós, multicelulares e portadores de tecidos, temos nossas células diversificadas e com diferentes funções. Precisamos que algumas células captem sinais do ambiente, outras analisem e ainda mais que outras efetuem ações adequadas (secreção de hormônios, movimentação muscular, digestão, transporte de metabólitos, etc). Acreditem, uma ameba faz tudo isso sozinha. Ela, uma única célula, é sensível e efetora ao mesmo tempo. Mais ainda, segundo o que compreendemos como aprendizagem (mudança de comportamento), isso também está presente em seu nível mais fundamental para sobrevivência. Exemplo, coloque um obstáculo na frente de uma ameba, ela irá tentar contorná-lo, ela mudará seu deslocamento. Em outras palavras, essa célula, sozinha, conhece o problema e, depois de analisar a situação, resolve tudo.”<br /><p class="MsoNormal">Um aluno de Ciências Biológicas é assim introduzido ao estudo da vida com informação e chocando-se com seus preconceitos. Afinal, carregamos erroneamente uma série de interpretações do senso comum para a natureza e esta é muito maior do que nós, nos gerou, está acima dos desejos e ilusões do macaco pleistocênico que somos.</p><p class="MsoNormal">A ameba é um exemplo de infinitas formas de grande beleza. Todos os seres vivos vivem no mundo de forma eficaz e, no final das contas, fazem, em diferentes maneiras, a mesma coisa: metabolismo, autopoiese, hereditariedade, reprodução e evolução. Sumariamente: sobrevivem! Essa sobrevivência é o que chamo de um <b>estado particular da matéria</b>, a mesma poeira das estrelas, só que de forma animada e consciente.</p><p class="MsoNormal">Estamos aqui para entender como chegamos a um grau muito sensível dessa consciência. Sim, nós humanos somos o primeiro evento de maior complexidade da autoconsciência da matéria neste planeta. Nossa espécie possui um milhão de anos, enquanto que a civilização tem entre 10 a 20.000 anos. Como já descrito aqui no Macaco Alfa [clique: <a href="http://macacoalfa.blogspot.com/2009/01/humanizao-do-macaco-pelo-trabalho.html">A Desumanização do Macaco</a>], além dessa história ser relativamente breve na Terra, temos apenas dois séculos de ciência como a conhecemos atualmente no Ocidente. Ou seja, somente cerca de 0,02% de toda nossa história!!! Estamos ainda no início da compreensão dos processos naturais, quem somos nós, de onde viemos, o que é o Universo e, claro, como tudo surgiu.</p><p class="MsoNormal">Nesse caminho trilhado até o presente não foram poucas as vezes que pensamos ser os únicos na natureza a ter sentimentos e raciocínio. Óbvio, comparativamente, nós temos sim, um grau muito complexo de sensitividade, análise de dados e aprendizado. Temos uma diferença de grau em complexidade! Enfatizo, uma diferença apenas de grau. Sensitividade, análise de dados e aprendizado precedem a nossa origem, datam de milhões de anos antes. Como no exemplo das amebas, no básico para a sobrevivência, não é necessário nem a presença de células especiais (neurônios) para que a vida possua significado, consciência e aprendizado. Nós temos mesmo é muito preconceito contra as outras espécies e claro, contamos a história para nós mesmos que somos sozinhos! Ora filhos de deuses, ora semi-deuses... criaturas divinas. Nós olhamos aos lados e não escutamos nada em resposta! Esse “silêncio” nos dá a sensação de solidão, trancados em nossa ilusão perceptível alienada (por diversos processos históricos e sociais). Pode-se chegar ao extremo dessa alienação quando fingimos nem sermos seres biológicos como qualquer outra forma de vida neste planeta, apenas um boneco de barro.</p><p class="MsoNormal">Uma das revoluções da Neurociência nas últimas décadas deixou claro o erro de Descartes: “nós primeiro existimos e depois pensamos”. Até me divirto muito com meus alunos em sala de aula demonstrando que biólogos respondem bem a perguntas simples como “Quem veio primeiro, o ovo, ou a galinha?”. Respondemos muito seguros: “claro que é o ovo amniótico!”</p><p class="MsoNormal">Como, portanto, surgiu o sistema nervoso, este responsável pelo que de mais sublime define o que somos enquanto humanos?</p><p class="MsoNormal">Vamos voltar às bactérias e protozoários. Recorde comigo, que é a membrana citoplasmática que possui os receptores moleculares responsáveis em reconhecer as secreções de uma presa, ou da proximidade de um predador, as moléculas de alimento, mudanças de temperatura e variações de luminosidades. A membrana plasmática é a interface entre o que é o mundo físico e o indivíduo biológico.</p><p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYVTjb58gn6TVRXppEo9AWZte3lWQO1fU8KLmgj-Mj43RHg4BB1zO1O3AmLtHk7jox4PKkJXgvxih2XoHepNO5OuTJc1uMaTrsYx_Md9Cu7Hbhr0wss6DMVtDvQdS4QQ1_k0KgQRrEIlk/s1600/20090215-mcitop.GIF"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 154px; CURSOR: pointer" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5493165027703911426" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYVTjb58gn6TVRXppEo9AWZte3lWQO1fU8KLmgj-Mj43RHg4BB1zO1O3AmLtHk7jox4PKkJXgvxih2XoHepNO5OuTJc1uMaTrsYx_Md9Cu7Hbhr0wss6DMVtDvQdS4QQ1_k0KgQRrEIlk/s400/20090215-mcitop.GIF" /></a></p>Vamos agora ao desenvolver do principal <b>objetivo da vida</b>, que <b>é ela própria</b> (o “<b>ser-em-si</b>”)! Viver é continuar vivo, essa regra é cumprida à risca entre os seres unicelulares. Eles são eternos, fisicamente falando! Todavia, a Terra tem recursos e espaços limitados, por isso, guarde essa frase: <b>criaturas unicelulares eternas vivem em um mundo finito</b>. Isso quer dizer que não se pode sobreviver de uma única forma para sempre, pois a Terra logo estaria sobrecarregada de indivíduos que fazem o mesmo. Com necessidades iguais por recursos similares a competição será mais acirrada a cada aumento da população. Uma das regras básicas então é conseguir explorar recursos de formas diferentes para escapar da competição intraespecífica. Some ainda o surgimento de parasitas/ predadores que tornou tudo isso mais dramático. As próprias células vivas passaram a ser elas mesmas recursos a serem explorados.<br /><p class="MsoNormal">Prestem bastante atenção agora e guardem isso com vocês: <b>em meio à competição, uma das formas de maior sucesso para a sobrevivência foi a... COOPERAÇÃO</b>!!!</p><p class="MsoNormal">Uau!!! Aprendi isso ao ler o livro “O Planeta Simbiótico” (2001, Editora Rocco) da bióloga norte-americana Lynn Margulis . Hoje o papel decisivo da cooperação (simbiose) na evolução é tido como alternativa e importante contraponto feminino na ciência em relação a simples idéia da competição entre indivíduos, tão exultada em textos mal escritos sobre seleção natural. Afinal, nós homens somos apegados demais à <span style="color:red;"></span>competição, à luta e ao status. Não é uma coincidência vermos os animais e toda a natureza dessa forma: “garras e dentes rubros de sangue” - um clichê masculino. Margulis (2001) defendeu a ideia de que os grandes momentos da vida em seu processo evolutivo foram realizados por cooperação: (1) no chamado “Mundo RNA” moléculas “colaboraram” entre si para formar o primeiro indivíduo vivo com DNA (bactérias); (2) depois duas células (uma bactéria, hoje chamada mitocôndria, e um protozoário) passaram a viver juntas (eucariotas heterotróficos – nós inclusos); (3) três células – protozoário, mitocôndria e uma microalga bacteriana (cianofícea), chamada por nós de cloroplasto, resultaram em eucariotas autotróficos. Lembrem-se ainda que a nossa aparente complexidade multicelular surge justamente da união de duas criaturas haplóides: ovúlo e espermatozóide!</p><p class="MsoNormal">Então, colaborar para diversificar, criar algo novo, livrar-se de inimigos (parasitas/ predadores) e explorar recursos e ambientes diferentes é algo vital para os seres vivos. Neste planeta simbiótico há colônias de protozoários, criaturas unicelulares que “decidiram” viver juntas (exemplo clássico dos Volvocales e Choanoflagellata). Uma maior intimidade dessas células resultou no surgimento de seres como os Poríferos. As esponjas do mar são colônias complexas de células, não há tecido verdadeiro ainda nesses seres e para ter o tamanho que possuem é necessário que haja uma diversificação de função entre as suas células. Afinal, nem todas estarão em contato com o ambiente, mas todas continuarão com as mesmas necessidades de sobrevivência que uma ameba.</p><p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_fPSGV5tLlYgp62MiEnY_jrYBpcXVaO3WoGpuVfkF1_V62pbYv8LAoDrWH2M5-rSClAN3JcJZQjjFCwiqQwKtL4HniLdQ6l7bcu19-MzitgebK2K-lVrwbbAWtJc-4tJ_YeqjIsHHO8w/s1600/volvox+(1).jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 354px; DISPLAY: block; HEIGHT: 365px; CURSOR: pointer" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5493163836711583650" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_fPSGV5tLlYgp62MiEnY_jrYBpcXVaO3WoGpuVfkF1_V62pbYv8LAoDrWH2M5-rSClAN3JcJZQjjFCwiqQwKtL4HniLdQ6l7bcu19-MzitgebK2K-lVrwbbAWtJc-4tJ_YeqjIsHHO8w/s400/volvox+(1).jpg" /></a></p><p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEic1KWLVT9DD7SYc486_lIqfp4Hx9R5Ivuu9_RWuGbnDbaZP3I1k4U35G5YUFYArMC6Q53Ws2dF5iIhJxOCYIbtkOvQKcNjfzQHXHARqiyi846cVgan6C1w0L3h07O1ltGb9BfBwYvldeQ/s1600/300px-Choanoflagellata1.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 300px; DISPLAY: block; HEIGHT: 225px; CURSOR: pointer" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5493163844646997410" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEic1KWLVT9DD7SYc486_lIqfp4Hx9R5Ivuu9_RWuGbnDbaZP3I1k4U35G5YUFYArMC6Q53Ws2dF5iIhJxOCYIbtkOvQKcNjfzQHXHARqiyi846cVgan6C1w0L3h07O1ltGb9BfBwYvldeQ/s400/300px-Choanoflagellata1.jpg" /></a></p>No início de tudo, as células que passaram a viver mais no interior da colônia necessitaram receber sinais do ambiente para determinarem a ação delas segundo um conjunto de “ordens” e funções moleculares, que leva à sobrevivência individual e de toda a colônia. Nas esponjas as células que fazem essa comunicação molecular, vias de regras, são os amebócitos.<br /><p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWpb8c7H5QvmeQwLST9NoVdo4ekICWLyABCi5yndYNuVvhVAT_zMDyrImi-4pZ06bGTi7nndTt47fLIoczF4wXrccCevg-lDBg_9NCHtnd0hLFezQYxaLb7qMMz9VfPpBVDaW8LAjuRUc/s1600/esponja-do-mar-458x343.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 240px; CURSOR: pointer" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5493162249911172674" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWpb8c7H5QvmeQwLST9NoVdo4ekICWLyABCi5yndYNuVvhVAT_zMDyrImi-4pZ06bGTi7nndTt47fLIoczF4wXrccCevg-lDBg_9NCHtnd0hLFezQYxaLb7qMMz9VfPpBVDaW8LAjuRUc/s400/esponja-do-mar-458x343.jpg" /></a></p><p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHjB-EPyjNQwMMJjWX7IHGk8VmDKv8g1jj7fRWrdXSMJdfuG-uimsPy8NqwjZHQtgniJqY0wpxd2UW41w6ZJa3uj0YGr7FWg8PB_fkR9ZKfnnft5ukoSvEDC4YErZYPOhS8slDcCQy8fo/s1600/esponja1.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 288px; CURSOR: pointer" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5493162254098634322" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHjB-EPyjNQwMMJjWX7IHGk8VmDKv8g1jj7fRWrdXSMJdfuG-uimsPy8NqwjZHQtgniJqY0wpxd2UW41w6ZJa3uj0YGr7FWg8PB_fkR9ZKfnnft5ukoSvEDC4YErZYPOhS8slDcCQy8fo/s400/esponja1.jpg" /></a></p>Estima-se que por volta de 600 milhões de anos atrás surgiram os primeiros animais propriamente ditos (Eumetazoa). Esses possuem tecidos celulares com presença de junções citoplasmáticas – desmossomos e interdigitações da membrana plasmática. O exemplo vivo que representa essa fase pode ser visto entre os Placozoa.<br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiO_PhuKSfPtVFY9hl444OGoK5oxGpuF9WUWcnq9-bao5KAKULJADc_Zt81l5He8KzdbxeDmDYzonv989ypcaRYhbnvPh9YQ9v2WTsFi1SXqDzZFcfN1SFho6m-w1mNTgaqR7cF9gU4GQ/s1600/trichoplax_ana_signorovitch.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 316px; CURSOR: pointer" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5493687887920757122" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiO_PhuKSfPtVFY9hl444OGoK5oxGpuF9WUWcnq9-bao5KAKULJADc_Zt81l5He8KzdbxeDmDYzonv989ypcaRYhbnvPh9YQ9v2WTsFi1SXqDzZFcfN1SFho6m-w1mNTgaqR7cF9gU4GQ/s400/trichoplax_ana_signorovitch.jpg" /></a><br /><div style="TEXT-ALIGN: center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzAAJZo1daduA_nPDxmWAkRqAlceifa5QSRK0iAFxqDTJEiX8ViXrC5JKgFuIYrg0WgGcIMJQFlzS9wPOli-4N1L_r9WOqN5zAtZKPaXXbOBTX5CPefRVm5K4mpDR53NEM-uV4ndZ0huo/s1600/1745-6150-2-37-1-l.jpg"><span style="COLOR: rgb(0,0,0); -webkit-text-decorations-in-effect: none" class="Apple-style-span"></span></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzAAJZo1daduA_nPDxmWAkRqAlceifa5QSRK0iAFxqDTJEiX8ViXrC5JKgFuIYrg0WgGcIMJQFlzS9wPOli-4N1L_r9WOqN5zAtZKPaXXbOBTX5CPefRVm5K4mpDR53NEM-uV4ndZ0huo/s1600/1745-6150-2-37-1-l.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 367px; CURSOR: pointer" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5493687890767345810" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzAAJZo1daduA_nPDxmWAkRqAlceifa5QSRK0iAFxqDTJEiX8ViXrC5JKgFuIYrg0WgGcIMJQFlzS9wPOli-4N1L_r9WOqN5zAtZKPaXXbOBTX5CPefRVm5K4mpDR53NEM-uV4ndZ0huo/s400/1745-6150-2-37-1-l.jpg" /></a></div>Com esse aumento da ligação entre as células e conseqüente origem da ectoderme (epiderme), é aqui, exatamente onde as células que estão em contato com o ambienteque surgem os primeiros neurônios. As células da ectoderme se especializaram em captar sinais, enviá-los quimicamente, interpretá-los e designar o conjunto específico de outras células (mesoderme – músculos e endoderme – grande parte do trato digestório) para uma resposta adequada a esses estímulos. Os modelos vivos que usamos para apresentar a forma mais simples de tudo isso são as hidras, anêmonas, medusas e corais (cnidários – estes sem mesoderme) e ctenóforos (um dos primeiros grupos triploblásticos – com ecto, meso e endoderme).<br /><p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxez8FXeNyey0MYVve0kXOTkTu46agBt_JlQIGz7PQtSsFG4jSGgWa6xAksVSz7uylFlIz3P5ZYwNJKLDdB828oUpSTZ-LXzjT8I-HeLnfG5gtRLFx_ZpyLo6tvCYXRuam7iOJMAVorvg/s1600/hidra-clone.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 356px; DISPLAY: block; HEIGHT: 400px; CURSOR: pointer" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5493162244051332754" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxez8FXeNyey0MYVve0kXOTkTu46agBt_JlQIGz7PQtSsFG4jSGgWa6xAksVSz7uylFlIz3P5ZYwNJKLDdB828oUpSTZ-LXzjT8I-HeLnfG5gtRLFx_ZpyLo6tvCYXRuam7iOJMAVorvg/s400/hidra-clone.jpg" /></a></p><p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgz4YM4mbZJ4e2YzveJS8UzZe4jNYSbEKht2kSyk1ls1EtyvprsstgE3NO-f9l9LhUdMHyni543TuPeQcKZhjMIq3Tv4AwtVbtNfaRmKUl7rU12p2wqdHzFdY6tJFRCmK7Gd1h2GTBiHlM/s1600/hidrasistemanervoso.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 241px; DISPLAY: block; HEIGHT: 260px; CURSOR: pointer" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5493162246563500738" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgz4YM4mbZJ4e2YzveJS8UzZe4jNYSbEKht2kSyk1ls1EtyvprsstgE3NO-f9l9LhUdMHyni543TuPeQcKZhjMIq3Tv4AwtVbtNfaRmKUl7rU12p2wqdHzFdY6tJFRCmK7Gd1h2GTBiHlM/s400/hidrasistemanervoso.jpg" /></a></p>Para deixar bem claro a todos: o sistema nervoso surge para integrar e modular a função de todos os outros sistemas. É necessário unir todas as células da colônia (no caso dos poríferas isso é feito pelos amebócitos), ou do organismo metazoário (neurônios).<br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgE7lfPb3pCzKr745UkCZcvZAC8TzszXsq2eM2HhddKe1Sdg95_cYJnRKqoGvo5ocMVXLMf77ILjydVMUZ1zAcD6XG5i-Lf4kBI7wB1yGJQj4jjvneNsZnucNwQsrj-IjTvpooVY9T4rj8/s1600/EraUmaVez_clip_image001.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 298px; DISPLAY: block; HEIGHT: 268px; CURSOR: pointer" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5493165654538888642" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgE7lfPb3pCzKr745UkCZcvZAC8TzszXsq2eM2HhddKe1Sdg95_cYJnRKqoGvo5ocMVXLMf77ILjydVMUZ1zAcD6XG5i-Lf4kBI7wB1yGJQj4jjvneNsZnucNwQsrj-IjTvpooVY9T4rj8/s400/EraUmaVez_clip_image001.jpg" /></a><br />É simples, não é?! Uma ameba sabe tudo no ambiente que é necessário para sua sobrevivência. Caso uma célula tenha de viver sem contato com o meio físico e cooperar com outras para sobreviverem juntas, algumas dessas células tem <span style="mso-spacerun: yes"></span>que necessariamente ocupar a função sensitiva e informar a todas. São as primeiras jornalistas da Terra!<br /><br /><br />Há outra metáfora mais poética, os neurônios são as “<b>Borboletas da Alma</b>”!!! A história da descrição deles e suas funções estão brilhantemente descritas no livro homônimo de Drauzio Varella (2006), médico brasileiro e esmero divulgador da ciência.<br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNIJc8Jf0ws40ZkxEWXLMIdRYaAIMd7UudnKyAIZrub_7gVphlCe6bXET6U32R2kSmW-5OsBGTZ_UgbL2AFf-y6QiDqPCTVQ7ydnx-XGgcKXDQgj_qs1BCii6AkTIzVygaj14elYZpql0/s1600/neuronio.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 300px; CURSOR: pointer" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5493165661387934914" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNIJc8Jf0ws40ZkxEWXLMIdRYaAIMd7UudnKyAIZrub_7gVphlCe6bXET6U32R2kSmW-5OsBGTZ_UgbL2AFf-y6QiDqPCTVQ7ydnx-XGgcKXDQgj_qs1BCii6AkTIzVygaj14elYZpql0/s400/neuronio.jpg" /></a><br />Vamos usar nossas borboletas agora: se captar sinais, interpretá-los segundo necessidade de sobrevivência e ter um comportamento designado por isso é inteligência, então bactérias e amebas possuem o nível mais fundamental disso tudo! Essas criaturas estão vivas e, como tais, interagem de forma inteligente (ações de sucesso para sobreviver). A inteligência das bactérias e amebas funciona em seu mundo, atende suas necessidades de forma sublime e eficiente.<br /><p class="MsoNormal">Se estamos falando de uma “terceirização” desses funções, onde um grupo de células será responsável por parte disso (captar e interpretar sinais do ambiente para sobrevivência), então estamos aqui falando de todos os metazoários (animais)! Todos os animais por definição possuem um sistema de células específicos com essas funções! Todos os animais possuem sistema nervoso! Portanto, <b>todos os animais possuem borboletas da alma</b>!!!</p><p class="MsoNormal">Calma, trataremos de nós mesmos, o raciocínio humano no final desta série. Por enquanto, o objetivo aqui é responder: de onde vieram nosso neurônios e por que surgiram.</p><p class="MsoNormal">Se você está surpreso em saber que não é necessário um sistema específico de células sensitivas para sobreviver (bactérias, protozoários, algas, fungos e plantas), ou que isso não é uma exclusividade humana... Simples, você tem preconceito contra as outras formas de vida. Você deve achar que todos devem ser inferiores aos humanos! É um tipo de preconceito milenar, sutil, ainda ensinado e tido como verdade nos dias de hoje. Muitos nem gostam de ouvir falar e respondem assim: “Como eu posso ser comparado a uma ameba?” “Eu sou maior, eu sou melhor, eu sou o centro de tudo, eu... eu... eu...”</p><p class="MsoNormal">Criatura triste e mal resolvida essa,<span style="color:red;"> </span>não? Essa figura que acabo de descrever fala de si mesma como a mais bela de todas<span style="color:red;"> </span>e superior à própria vida. Essa caricatura da alienação humana sabe em seu íntimo que não é assim. Afinal, após décadas de estudos psicológicos entendemos hoje que toda mania de grandeza e soberba são na verdade reflexos de complexo de inferioridade!</p><p class="MsoNormal">Somos um animal frágil e com grande capacidade cognitiva. Nós sabemos demais! Temos consciência da vida em um patamar maior. Nesse conhecimento, onde nossa mente trabalha com parâmetros evolutivos do amor de animais sociais que somos, a auto-estima aguçada e a cognição flexível se relutam em aceitar um fenômeno presente apenas nas criaturas multicelulares sexuadas: a morte do indivíduo!</p><p class="MsoNormal">Tem mais! A morte, as forças naturais (tempestades, vulcões, etc.) e a admiração que sempre tivemos aos vertebrados nas planícies (sobretudo aos grandes gatos, crocodilos e serpentes – os nossos predadores) já foram apontados como a razão por termos desenvolvido saídas psicológicas para suportar a transitoriedade das coisas e nossa fragilidade.</p><p class="MsoNormal">-“Frágil, eu?! Que macaco nu, pequeno e vulnerável que nada!!! Quem domina o fogo, hein?! Quem pode matar até os leões com lanças? Quem conversa com os Deuses depois de tomar um chá de cogumelos?! Não somos animais, somos filhos dos deuses!!!”</p><p class="MsoNormal"><span style="mso-spacerun: yes"></span>É, esse macaco aí tem problemas para resolver com um bom psicólogo, sem esquecer de uma consulta também no psiquiatra!</p><p class="MsoNormal">Voltemos para o início do sistema nervoso. Após surgirem seres que são aglomerados de milhões de células e que conseguem se diferenciar em tecidos, estes, agindo coordenadamente como órgãos e sistemas. A individualidade de uma célula passou a ter um centro de controle e este agora será a própria individualidade de uma criatura plural. Composta de várias cópias (por mitose) de uma única célula, a coletividade torna-se um só pelo processamento e integração realizados pelas células sensitivas (neurônios).</p><p class="MsoNormal">Entretanto, a regra da vida continua a mesma: explorar recursos, auto-organizar-se (autopoiese), sobreviver, escapar dos inimigos (parasitas/ predadores), reproduzir-se e evoluir para continuar existindo. Se esse é o impulso inicial e causa de tudo, os primeiros animais com sistema nervoso seguiram o mesmo caminho adiante no tempo-espaço. Eles próprios, assim como foram às primeiras células, tornaram-se recursos (alimento, às vezes até habitat) disponíveis às novas formas de vida. Em uma espiral de crescente complexidade para assimilar informações, analisá-las e agir, o sistema nervoso propiciou aquilo que chamamos inteligência. Entre várias formas e diferentes expressões, durante a evolução biológica as criaturas com cérebro surgiram.</p><p class="MsoNormal">Algumas pessoas que conheço sempre ficam surpresas quando assistem um documentário sobre comportamento animal, ou leem<span style="color:red;"> </span>alguma notícia sobre isso. Bem, eu não! Se você é biólogo, isso também não deveria lhe surpreender. Mesmo assim, esse é meu dia a dia em sala de aula com alunos de repente apresentados para um mundo de seres sensitivos, ou nas conversas com amigos professores-pesquisadores de outras áreas. É mais ou menos assim:</p><p class="MsoNormal">-“Um polvo pode fazer isso?!”</p><p class="MsoNormal">-“As formigas não são robôs instintivos?”</p><p class="MsoNormal">Vamos começar a olhar dos lados?! Conectar-se aos outros seres começa com boa leitura e olhos atentos. No mar, antes de qualquer vertebrado surgir, antes dos insetos na Terra, uma mente elaborada evoluiu entre os cefalópodos (polvos, lulas e sépias).</p><p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUyJ9fK5PGG_kpj6AmGQr_Hz9fCEp7Z1XH8pS-JgZ_vvsTVE1tBNIBIf-KTLL4Go0v0D1DGaRvraC6ACzoaPOIypwQLLLadHuFbrLBCK_x4RbKNn7I075aQ4cv3AKBweanN0a1uiq3WPY/s1600/3d6ea3775062882e414caaa3cb7c9ed7.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 277px; CURSOR: pointer" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5493154845587163202" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUyJ9fK5PGG_kpj6AmGQr_Hz9fCEp7Z1XH8pS-JgZ_vvsTVE1tBNIBIf-KTLL4Go0v0D1DGaRvraC6ACzoaPOIypwQLLLadHuFbrLBCK_x4RbKNn7I075aQ4cv3AKBweanN0a1uiq3WPY/s400/3d6ea3775062882e414caaa3cb7c9ed7.jpg" /></a></p>Acostume-se com isso, porque antes achávamos que éramos os únicos a ter autoconsciência. Aí colocamos espelhos na frente de chimpanzés, golfinhos, elefantes e papagaios... [breve silêncio para expectativa]... [mais um pouco]... [SURPRESA]: <b>Eles reconheceram a si próprios em seus reflexos!</b> Diferente de outras inteligências que, ou são indiferentes à sua imagem refletida, mas, diga-se de passagem, não ao seu cheiro (individualidade química), ou vêem o reflexo como outro animal diferente de si mesmo.<br /><p class="MsoNormal">Está na literatura, polvos, que chamamos de meros animais invertebrados, “vermes” de corpo mole (Mollusca), também conseguem identificar a si próprios no espelho!</p><p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFU2SbvB4insIJi0Dl4g4zu9CkL21pj4DOaxm0Dl5MsJ7n6Rq30aZu00cdjLTDzrtNkpMq821HOFWIzA2TeE6WTftudyH9k_mo7BdjmZh_SrEMVGk0yIuW85Cvt_tZBDK8aXb6LFHwJno/s1600/polvo.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 221px; CURSOR: pointer" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5493155930595227522" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFU2SbvB4insIJi0Dl4g4zu9CkL21pj4DOaxm0Dl5MsJ7n6Rq30aZu00cdjLTDzrtNkpMq821HOFWIzA2TeE6WTftudyH9k_mo7BdjmZh_SrEMVGk0yIuW85Cvt_tZBDK8aXb6LFHwJno/s400/polvo.jpg" /></a></p>Uma explicação simples para isso está na proporção do relativo maior tamanho, superfície, quantidades de neurônios e suas redes de conexão. Todos esses animais citados, inclusive nós, possuem grandes cérebros. É fácil de entender, maiores cérebros, padrões de comportamentos complexos e... <b>mentes brilhantes!!!</b><br /><p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwIjXWpHFHwLbJ-gIPtthIK_NQbNOcJV3Ur1QDuqE2Bqar5LrlRiUecCoDJVLDjdjPFkWKnRLtDA9OqlA5KGHUxvzk7UlVAvxusL24kdYmFumulHZV8uhGg2kczA_y5t8nPmHglD9lh_Y/s1600/lulapolvo.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 300px; DISPLAY: block; HEIGHT: 280px; CURSOR: pointer" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5493155937549340610" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwIjXWpHFHwLbJ-gIPtthIK_NQbNOcJV3Ur1QDuqE2Bqar5LrlRiUecCoDJVLDjdjPFkWKnRLtDA9OqlA5KGHUxvzk7UlVAvxusL24kdYmFumulHZV8uhGg2kczA_y5t8nPmHglD9lh_Y/s400/lulapolvo.jpg" /></a></p>Ok! Autoconsciência não é mais exclusividade nossa e nem tão pouco dos animais vertebrados. Vamos repetir para fixar! <b>A consciência de si próprio (isso inclui sentimentos de raiva, amor, felicidade, tristeza e capacidade de mentir) surgiu há milhões de anos antes de nós macacos presunçosos</b>.<br /><p class="MsoNormal">Nós ainda não entendemos a mente dos polvos, tão pouco as outras mais próximas como a dos nossos irmãos chimpanzés. Mais ainda, o estudo de nossa própria mente e consciência ainda está cheio de mistérios a serem compreendidos. Mesmo assim, vamos tentar ir um pouco mais longe do que autoconsciência.</p><p class="MsoNormal">Se mentes relativamente semelhantes à nossa (por exemplo, os chimpanzés) são difíceis para nós compreendermos hoje, imaginem seres com inteligências completamente diferentes?! Quando olhamos para um caranguejo, sem contar a vontade de transformá-los em comida, damos de ombro como se ele fosse uma forma de vida estúpida. Será mesmo?! Eles sabem exatamente os ciclos das marés, conhecem muito antes dos humanos os ciclos lunares e as mudanças do mar através das estações do ano. Muito antes da astronomia dos babilônicos e maias, caranguejos estão em sintonia com os céus!!! Se isso não for inteligência, nada mais é!!!</p><p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKxBRLRb68Z8iuuehITu1kGNQKmre4hDggasK9ORqrt08zQnuzbmg_a_o5TZf690zhgOX0m3WQvXdezV_6GTvsYKJ76HhMmBlxJtaXZoP4uVhKYTvA6BoFsY8-dzZwRGqAGIGpXIdITXI/s1600/Nobrega3.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 275px; CURSOR: pointer" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5493161269470054882" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKxBRLRb68Z8iuuehITu1kGNQKmre4hDggasK9ORqrt08zQnuzbmg_a_o5TZf690zhgOX0m3WQvXdezV_6GTvsYKJ76HhMmBlxJtaXZoP4uVhKYTvA6BoFsY8-dzZwRGqAGIGpXIdITXI/s400/Nobrega3.jpg" /></a></p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuhyphenhyphenSJ8BDZLrmvIsZ0ByfZ49Pjks_2HEZqYF5YUnTK0dy5-WealA4dftxgSkOHEMZspY2nzpF0z_RWyTX1U5UVMB_7S_CXgzAYzdqgCbyqdd0mruubySj0Ri9bRfTiiHRJ34OE5EKqjWU/s1600/Caranguejo.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 200px; CURSOR: pointer" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5493161278227995362" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuhyphenhyphenSJ8BDZLrmvIsZ0ByfZ49Pjks_2HEZqYF5YUnTK0dy5-WealA4dftxgSkOHEMZspY2nzpF0z_RWyTX1U5UVMB_7S_CXgzAYzdqgCbyqdd0mruubySj0Ri9bRfTiiHRJ34OE5EKqjWU/s400/Caranguejo.jpg" /></a><br />Vamos a outro exemplo comum, que é de assustar. Somos animais sociais, tentamos tanto e ainda vamos continuar tentando o melhor de nós mesmos para construirmos um mundo mais justo. Todavia, há séculos que descobrimos a perfeição da vida social ao estudarmos cupins, formigas, vespas e abelhas. Sociedades perfeitas, muito mais do que fizemos como humanos até agora. Conhecendo nossa natureza e história, dificilmente conseguiremos ter sociedades tão perfeitas como essas construídas pelos insetos.<br /><p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtzmanf5GF-xtJ7qyA5wHRCN3mFCHywyCLIOWWYiEBxqWguQrTeaUGbvFaR6jt1PQDIFeBbdg5moyx-lNF2ot66vZtXE7iQNz4pl9DoiTBLfnTfSwmKtuWKGJxbhXA6ZO5owa9gfS14f4/s1600/24_MVG_cie_abelhas.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 313px; DISPLAY: block; HEIGHT: 400px; CURSOR: pointer" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5493157404568550402" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtzmanf5GF-xtJ7qyA5wHRCN3mFCHywyCLIOWWYiEBxqWguQrTeaUGbvFaR6jt1PQDIFeBbdg5moyx-lNF2ot66vZtXE7iQNz4pl9DoiTBLfnTfSwmKtuWKGJxbhXA6ZO5owa9gfS14f4/s400/24_MVG_cie_abelhas.jpg" /></a></p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqXCjI49C2akon8dQBykUxIdDFhevzoguhAb8uuc-ctY03icaI54rOuAlzMMY2OhHXuQzGE0qWwo_Ykk4_vD8hVzWgyP0ThwJua2T1EjpzJr3u22K6Befx3-iVo7KbeK8Y0y20BAHzwcE/s1600/aformiga.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 350px; DISPLAY: block; HEIGHT: 360px; CURSOR: pointer" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5493157415294982466" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqXCjI49C2akon8dQBykUxIdDFhevzoguhAb8uuc-ctY03icaI54rOuAlzMMY2OhHXuQzGE0qWwo_Ykk4_vD8hVzWgyP0ThwJua2T1EjpzJr3u22K6Befx3-iVo7KbeK8Y0y20BAHzwcE/s400/aformiga.jpg" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwvXGb0-8HuLj0r0NEnu-dNTJz6YrrKnO3qYPDyCKDlqDi8byAmismq7U_Sr4ZtbpqKRkLV3dnRl_DiMPiJgVKtI9RVjzk1D_cm9VnaiIq0VKDFPIEhQzdW1Ebi5wjsMiz2PZ6mXaF6-k/s1600/cupim.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 300px; DISPLAY: block; HEIGHT: 400px; CURSOR: pointer" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5493157420633404786" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwvXGb0-8HuLj0r0NEnu-dNTJz6YrrKnO3qYPDyCKDlqDi8byAmismq7U_Sr4ZtbpqKRkLV3dnRl_DiMPiJgVKtI9RVjzk1D_cm9VnaiIq0VKDFPIEhQzdW1Ebi5wjsMiz2PZ6mXaF6-k/s400/cupim.jpg" /></a><br />Sobre isso, um aluno meu certa vez falou:<br /><p class="MsoNormal">-“Formigas são robôs genéticos! Imagina eu nascer um operário que não fará sexo, que não pode se tornar um rei?!”</p><p class="MsoNormal">Respondi assim:</p><p class="MsoNormal"><span style="mso-spacerun: yes">- </span>“Primeiro, tenho pena das pessoas que acham que todos os humanos possuem essa liberdade total. Deveriam ler mais sobre a história das civilizações. Segundo, é uma ilusão achar que se nasce uma tábula rasa, sem genética, sem instintos (como esses que você não gosta nas formigas), sem qualquer processo histórico e mesmo sem amarras sociais. As pessoas podem até se reproduzir, mas estão longe de se tornarem reis e rainhas. Eu diria, que a maioria será escravizada, ou explorada, como operários oprimidos. As formigas operárias não passam por isso, não há chicotes, ou amarras do capital, não há prantos, solidão, indiferença e suicídio entre ela<b>s. <span style="FONT-WEIGHT: normal" class="Apple-style-span">Há a vida em plenitude, vida de verdade, sem qualquer ilusão, sem precisar comprar nada para ser feliz. </span></b>Terceiro e mais importante, seu preconceito é um clichê tedioso! Tudo que não conhecemos nos traz essa estranheza e medo. As incertezas sempre são traduzidas assim, com um complexo de inferioridade, inseguros cheios de auto-afirmação. Para ficar claro, temos é medo de sermos nós mesmos os inferiores. Dá para sentir isso? Imaginem, por que será que toda a natureza se cala quando nós falamos alto que somos filhos dos deuses? Nenhuma outra forma de vida na Terra concorda com nossa loucura! Quer saber? A rainha das formigas possui sua função, faz sexo e é condenada a ficar no escuro depositando ovos a vida inteira. As formigas operárias e soldados andam, arriscam-se, travam batalhas, cuidam de todos. Não dá para comparar isso com nossa sociedade doentia. Somos diferentes e não entendemos os outros! Imaginem, uma sociedade perfeita?! Como compreender algo que nós não conseguimos fazer?!”</p><p class="MsoNormal">Cupins, formigas, vespas, abelhas, caranguejos, polvos, mundos de inteligências tão diferentes da nossa. Tudo resultado do impulso da vida, através da evolução de células que cooperam entre si.</p><p class="MsoNormal"><!--?xml:namespace prefix = o /--><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal">Nós não estamos sós na Terra! Na verdade, estamos é doentes há tempos! Falando sozinhos uns com os outros, enquanto milhares de vozes, comportamentos e a sabedoria da Vida passam ao largo.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal">Leia sobre os animais, observe tudo a sua volta e conecte-se às mentes na natureza!</p><p class="MsoNormal"><o:p><b>As borboletas da alma estão por toda parte!</b></o:p></p><p class="MsoNormal"><o:p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3OMJVe4WyjwS6pPykFvleJHhatKIrUpsoAkVS141ktszOUmLy8e_2vQdIAwPl63YHR4Yb73ZfVJboh3-wf90VuVHOZnM-YVOpZ4dt_Mw6TG8kwR7qKtbW2buqRBG219h9tcASGfX19Wo/s1600/formigas.gif"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 366px; CURSOR: pointer" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5493156883114630546" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3OMJVe4WyjwS6pPykFvleJHhatKIrUpsoAkVS141ktszOUmLy8e_2vQdIAwPl63YHR4Yb73ZfVJboh3-wf90VuVHOZnM-YVOpZ4dt_Mw6TG8kwR7qKtbW2buqRBG219h9tcASGfX19Wo/s400/formigas.gif" /></a></o:p></p>---<br /><p class="MsoNormal">Obs.: Antes de conversarmos sobre nós mesmos e coisas incríveis que conseguimos fazer hoje através da ciência/ tecnologia (pe., transmitir o pensamento de um macaco rhesus por fibras ópticas), vamos explorar com mais detalhes as inteligências similares à nossa. No próximo post: a mente brilhante dos vertebrados.</p>---<br />Para saber mais:<br />Alves, RRN e Nishida, AK., 2002. A ecdise do caranguejo uçá, Ucides cordatus L. (Decapoda, Brachyura) na visão dos caranguejeiros. Interciencia, Vol. 27, n.3, p.110-117. [clique: <a href="http://www.scielo.org.ve/scielo.php?pid=S0378-18442002000300003&script=sci_arttext">caranguejo uçá</a>]<br />Brusca, RC. e Brusca, GJ., 2007. Invertebrados. [2 ed.] Editora Guanabara.<br />Lopes, RJ. Polvos [clique: <a href="http://colunas.g1.com.br/visoesdavida/2007/06/30/misterio-de-muitos-bracos/">Mistério de muitos braços</a>]<br />Lopes, RJ., 2009. Além de Darwin - Evolução: o que sabemos sobre a história e o destino da vida. Editora Globo.<br />Margulis, L., 2001. O planeta simbiótico: uma nova perspectiva da evolução. Editora Rocco.<br />Margulis, L. e Sagan, D., 2002. O que é vida? Editora Jorge Zahar.<br />Nielsen, C., 2001. Animal evolution - Interrelationships of living phyla. [2 ed.] Oxford University Press.<br />Varella, D., 2006. Borboletas da alma: Escritos sobre ciência e saúde. Companhia das Letras.Waltéciohttp://www.blogger.com/profile/11428068845185748640noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2595726469075715072.post-45687964886039385572010-05-27T10:02:00.011-03:002010-07-21T11:23:05.444-03:00Apresentação - Não estamos sós: as outras inteligências da Terra<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEic7pMJp8JMhlgIFo3n-OGyeNzb-6ZT4upV-uTpcXwSsMVc7_jR_fbo0trwtO9pr-C0Q6Bn24X1y-r5Kc3waWzN4fDMGoiVBg94lseRH4WbbEkXCmr6MC-jES8ROxVXsOAoCSfQFYtboGs/s1600/3F376.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 265px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEic7pMJp8JMhlgIFo3n-OGyeNzb-6ZT4upV-uTpcXwSsMVc7_jR_fbo0trwtO9pr-C0Q6Bn24X1y-r5Kc3waWzN4fDMGoiVBg94lseRH4WbbEkXCmr6MC-jES8ROxVXsOAoCSfQFYtboGs/s400/3F376.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5475936047836726674" /></a><div style="text-align: left;">"Chega a ser absurdo ficar se perguntando se estamos sozinhos no Universo. Não estamos. Nunca estivemos" (Lopes, RJ., 2009 . Além de Darwin. Editora Globo).</div> <p class="MsoNormal">Vamos iniciar mais uma série de três textos, dessa vez abordando algo muito bacana: a origem do sistema nervoso, sua evolução e as diversas mentes além da nossa que estão presentes hoje aqui mesmo na Terra.</p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto"><span style="color:black;">Se nossa cognição gigante e fluida ainda está sendo compreendida por nós mesmos, há ainda todo um abismo que nos separa das outras mentes presentes na natureza. Após iniciarmos nossos estudos sobre essas infinitas formas de grande beleza garanto para vocês que não precisamos de mundos digitais cheios de cores e efeitos 3D para nos impressionar. Aliás, nenhuma tecnologia cinematográfica ainda é capaz de retratar em detalhes a beleza da vida na Terra. Comparado ao nosso planeta, Pandora é um desenho mal feito!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto"><span style="color:black;">Já que toquei nesse ponto, em Avatar os Na'vi parecem entender a conexão da vida e saber que não estão sozinhos no seu planeta. Isso eu tiro o chapéu para James Cameron, porque se há algo manifesto em nossa espécie, tão inteligente e dona de si, é sua alienação e absurda falta de humildade em reconhecer que ainda tem muito que aprender. Em palavras mais diretas: após dois séculos de ciência ocidental como a conhecemos hoje, sabemos muito pouco sobre a vida e nem conseguimos, no mínimo, enumerar quantas outras espécies existem hoje ao nosso lado. "O mistério dos mistérios" (segundo Charles Darwin) continua nos desafiando no século XXI!!!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto"><span style="color:black;">No dia a dia, você sai de casa e volta, encontra pessoas, liga a TV, escuta música, estuda para se profissionalizar... Mal olha ao lado, menos ainda para os céus! Aí compra uma revista, ou vê um vídeo no You Tube sobre ETs e nosso desejo de fazer contato com outras formas de vida inteligentes... O irônico disso tudo é que há formas inteligentes do nosso lado e, pelo simples fato de não serem humanas, quase que ignoramos por completo isso.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto"><span style="color:black;">"Animais" que muitos acham "instintivos" e/ou "robôs genéticos" são constituídos como nós mesmos. É nossa pura e simples ignorância de entendermos essa conexão com nossa mente, menos ainda, que se somos frutos do mesmo processo de evolução de todas as formas de vida deste planeta... Assim, voltamos ao início desta apresentação, surpreenda-se: NÓS NÃO ESTAMOS SÓS!!!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto"><span style="color:black;">Como nos atrevemos a gastar tanto dinheiro em projetos como o SETI ("Search for Extra-Terrestrial Intelligence") à procura de uma mente similar a nossa, mas esquecemos que aqui na Terra há miríades de outras mentes que não entendemos?! Esta série de textos trata exatamente disso. No primeiro irei abordar a origem do sistema nervoso e como é viver como um invertebrado marinho, da origem até os mais inteligentes de todos, os polvos e lulas.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto"><span style="color:black;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgr_pZuZRh8ijib9T3oOXwLEyvUa3X-hzUUNdx0wlJpXfD4Lew2xMfnVEpCfgLRekGrr8eI4HB0ECJDdX3XOIM49qD9o85lVxG40wQfAhZocmVplGvkhrbOP-Qcs-_VTINXl8_52Lar9Rg/s1600/Octopuslindo.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgr_pZuZRh8ijib9T3oOXwLEyvUa3X-hzUUNdx0wlJpXfD4Lew2xMfnVEpCfgLRekGrr8eI4HB0ECJDdX3XOIM49qD9o85lVxG40wQfAhZocmVplGvkhrbOP-Qcs-_VTINXl8_52Lar9Rg/s400/Octopuslindo.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5475935062399233730" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 350px; height: 263px; " /></a></span></p><div>No segundo texto trará as mentes aguçadas dos vertebrados e os exemplos de cognição como o papagaio Alex que, por incrível que pareça, deixou-nos a todos surpresos em saber como uma ave pode ser tão inteligente(?!).</div> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGnO0IKp4GlXidt22XWaI32O62sx_AGAuCXlWemk1iKuL7v2Mcnypjts-VHFZV6Wcwda5PB4lZ5s3ijO60UsBr6ZpDcq8AJ4yFCST2YaELc3HNh9ICJ4ek3BlkAh5tACiVsm08hHUEpHU/s1600/594020-6252-ga.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGnO0IKp4GlXidt22XWaI32O62sx_AGAuCXlWemk1iKuL7v2Mcnypjts-VHFZV6Wcwda5PB4lZ5s3ijO60UsBr6ZpDcq8AJ4yFCST2YaELc3HNh9ICJ4ek3BlkAh5tACiVsm08hHUEpHU/s400/594020-6252-ga.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5475935309018577938" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 300px; height: 194px; " /></a></p><div>No último, não deixaria de reservar apenas para nós primatas. Chimpanzés são idênticos a nós, diferem apenas em grau! Somos maiores <st1:personname productid="em tudo... E" st="on">em tudo... E</st1:personname> isso não quer dizer absolutamente nada!</div> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto">Recentemente o renomado físico britânico Stephen Hawking [<a href="http://tecnologia.ig.com.br/noticia/2010/04/27/stephen+hawking+alerta+para+perigo+de+encontro+com+alienigenas+9470300.html"><b>clique</b></a>] alertou sobre o que poderia acontecer se esse nosso desejo de entrar em contato com mentes alienígenas similares a nossa se realizasse. A história humana, que muito bem conhecemos, já demonstrou na prática o que é possível quando grandes mentes similares se encontraram. Ou uma delas é varrida da face da Terra (exemplo dos neardenthais), ou é escravizada à força. Mais ainda, nos dias de hoje senão somos escravos, somos explorados pelos senhores do Capital.</p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto"><span style="color:black;">O paleontólogo britânico Simon Conway Morris deixou claro em seu livro "Life's Solution - Inevitable Humans in a Lonely Universe" (2003 - Cambridge University Press) que nós humanos até podemos ser o primeiro experimento de grande cognição neste planeta e o único que conhecemos no universo, mas, isso não quer dizer o último! Caso nos matemos por coisas tolas como um sistema alienado de vida artificial (Capitalismo), ou o planeta se torne inóspito para mamíferos... A natureza seguirá sem nós e outras grandes mentes poderão surgir. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto">Espero que não ponhamos tudo a perder e que saibamos aproveitar toda a dádiva que temos. Mas, se erramos ao ponto de não mais existir, pelo menos que outros no futuro aprendam como nós macacos trocamos os pés pelas mãos por tolices.</p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto"><span style="color:black;">Feita a apresentação! Venha agora viajar comigo entre a beleza e mentes de nosso planeta. Sinta o mundo pulsar e nossa solidão se dissipar simplesmente por olharmos ao lado. Não há uma mente no universo, há milhares delas só aqui na Terra!!!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto"><span style="color:black;">Conecte-se... e comunique-se com elas!!!<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto"><span style="color:black;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-dV1v_0_aIHtkB2SWf7bufwZNaDjX3mtjt3NyPnBO9J64HJbgC-Hn1sr-k0TQbxJNpIPEkLvIMlNjmzVVnPVmGMDJyHrm5Xhj7Ci-HJh-n7sVLQYCGkAjssMRnpf5FwbSSc4YLho9mwo/s1600/brain.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-dV1v_0_aIHtkB2SWf7bufwZNaDjX3mtjt3NyPnBO9J64HJbgC-Hn1sr-k0TQbxJNpIPEkLvIMlNjmzVVnPVmGMDJyHrm5Xhj7Ci-HJh-n7sVLQYCGkAjssMRnpf5FwbSSc4YLho9mwo/s400/brain.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5475935613571986962" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 347px; height: 346px; " /></a></span></p><div><b>Não estamos sós: as outras inteligências da Terra!!!</b></div>Waltéciohttp://www.blogger.com/profile/11428068845185748640noreply@blogger.com19tag:blogger.com,1999:blog-2595726469075715072.post-69138244115521760222010-05-04T22:07:00.004-03:002010-05-04T22:15:51.445-03:00I CICLO DE PALESTRAS SOBRE BIOLOGIA EVOLUTIVA - UFCG/ Patos - PB<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWOzNKkVQzjo41XUgx9Z90M-pirXS_L6rwBPpphDi1U9kKRO3qBC1pOahago17XxX3Txz5-F3Y-VAn9DTCibd2RSQO5DAVL7ySM0t2rQ5nBn0u_dTs1oxHiBtE9kaR6PycV4nTWWYMl0A/s1600/cartaz+final.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 267px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWOzNKkVQzjo41XUgx9Z90M-pirXS_L6rwBPpphDi1U9kKRO3qBC1pOahago17XxX3Txz5-F3Y-VAn9DTCibd2RSQO5DAVL7ySM0t2rQ5nBn0u_dTs1oxHiBtE9kaR6PycV4nTWWYMl0A/s400/cartaz+final.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5467587527962366466" /></a><div>Não percam o I Ciclo de Palestras sobre Biologia Evolutiva da Unidade Acadêmica de Ciências Biológicas - Patos/ PB - Universidade Federal de Campina Grande - UFCG.</div><div><br /></div><div>Espero todos por lá! </div>Waltéciohttp://www.blogger.com/profile/11428068845185748640noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2595726469075715072.post-58349045060010567502010-04-25T21:14:00.021-03:002010-11-26T08:33:19.238-03:00As raízes de nossa dor<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpF99jYm2guiW46Qf9dmmg-AmB2TbePzJ32H3Be9Z0m8Z1f7XUlQ5nuAC5mndd02HvRsPoVWgZPVVFp8MZNQN0j524hJvMmCvDgAckii-1r-3AQltwP3ylr6MqDmtYpNS16JyzvDevauI/s1600/20091103-mortes.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 254px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpF99jYm2guiW46Qf9dmmg-AmB2TbePzJ32H3Be9Z0m8Z1f7XUlQ5nuAC5mndd02HvRsPoVWgZPVVFp8MZNQN0j524hJvMmCvDgAckii-1r-3AQltwP3ylr6MqDmtYpNS16JyzvDevauI/s400/20091103-mortes.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5464244696795752354" /></a><div style="text-align: left;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Os dois posts anteriores marcaram um dos pontos mais políticos aqui no Macaco Alfa. No primeiro post tentei o meu melhor, como de sempre, isso quer dizer "traduzir informações de livros e artigos científicos em linguagem acessível". Na questão específica do primeiro post (</span><a href="http://macacoalfa.blogspot.com/2010/04/barbarie.html"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">A Barbárie</span></a><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">), quatro livros são a chave para entender o cerne do pessimismo, ou mesmo pela esperança de mudanças verdadeiras. As referências são:</span></div> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Barber, BR., 2009. Consumido – Como o mercado corrompe crianças, infantiliza adultos e engole cidadãos. Editora Record.</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Foster, JB., 2005. A ecologia de Marx – materialismo e natureza. Editora Civilização Brasileira.</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Lipovetsky, G., 2007. A felicidade paradoxal – Ensaio sobre a sociedade de hiperconsumo. Companhia das Letras.</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Perrault, G. (Org.), 2005. O livro negro do capitalismo. Editora Record.</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">No segundo post (</span><a href="http://macacoalfa.blogspot.com/2010/04/classe-media.html"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">A Classe Média</span></a><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">) está uma síntese da Classe Média brasileira escrita de forma brilhante pelo teólogo e escritor Frei Betto. Eu não conseguiria escrever algo melhor, achei o texto perfeito demais e pela primeira vez postei algo assim na íntegra aqui no Macaco Alfa.</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Agora segue este terceiro post para encerrar esse assunto. Bem, aqui estou envolto a uma trilogia não planejada, cuja costura resulta em minha compreensão do mundo. Passei muito tempo de minha vida tentando entender de onde vinha aquilo que identificamos coletivamente como algo prejudicial às nossas vidas... A dor de todo mal.</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">De certo, entre tantas outras perguntas que me moveram na adolescência, essas eram as piores. O sentido da vida, de onde nós viemos, questões metafísicas como a vida pós-morte... Consegui um bom entendimento de tudo isso com boas leituras, reflexões e até através de minhas pesquisas no mundo dos animais. Entretanto, quando estou no Shopping e sou maltratado pela cor parda de minha pele, quando escuto às bravatas os discursos alienados contra trabalhadores explorados, quando até amigos falam sem parar de como é “bom viver no capitalismo” e sobre a “ditadura dos socialistas” sem terem lido nada, sem ao menos andarem de ônibus para o trabalho... Pode parecer simples, mas foi difícil de entender com precisão a origem, transformação e continuidade de todo esse mal.</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Essa minha curiosidade não é uma questão apenas pessoal. Desde 2003 trabalho no interior do Ceará e aqui as coisas são diferentes de onde eu vim. Sou nordestino dos subúrbios do litoral, onde não há seca, onde a Música Urbana é verdadeira, onde proletários das fábricas não faltam por todos os lados.</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Aqui hoje no interior do nordeste, quase não há grandes fábricas. A agricultura nem de longe reflete algo para ser classificado de agronegócio. Há muita prestação de serviço de um lado e do outro aposentadorias somadas aos programas de assistência social. Nesse contexto, eu também queria entender o porquê de alguns exultarem orgulho fora de medida em morar aqui, enquanto há, na mesma proporção emocional, uma vontade, e até a prática explícita, de morar nas capitais. Políticos, médicos e até professores universitários preferem ter moradia na capital e só virem aqui no interior para cumprir suas obrigações profissionais. </span></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Nas palavras duras e diretas que já ouvi tantas vezes: “quem tem dinheiro, dinheiro mesmo, mora na capital, seu moço!”</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Antes de prosseguir explico que êxodo humano por causa da seca não possui explicações naturais e simplistas. Para entender isso, precisei ler e descobrir que a tal “seca do nordeste” é uma de nossas catástrofes sociais e econômicos, como também foi a escravatura, extermínio dos nativos e outros horrores ligados à colonização. Aprendi com a leitura de textos do Dr. Frederico de Castro Neves (historiador e professor da Universidade Federal do Ceará) que não foi a irregularidade de água como a mídia me passou na década de 1980, foi algo pior e cujas consequências sociais estamos hoje enfrentando. </span></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Sobre isso, peço gentilmente que leiam o texto abaixo (pgs. 77-80 retiradas de Neves, FC., 2007. A seca na história do Ceará. Pp. 76-102. In: Rocha, S. (Org.): Uma Nova história do Ceará. Edições Demócrito Rocha.):</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">---------------------------------------</span></p> <p class="MsoNormal"><b><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">As Origens da Seca</span></b></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Há registros de escassez de chuvas desde os mais remotos documentos sobre o território onde se localiza o Ceará. As tribos que habitavam essas terras, periodicamente transferiam suas aldeias para áreas mais úmidas ou próximas à orla marítima, muitas vezes provocando conflitos com outras tribos. Os primeiros colonizadores, pouco adaptados ao clima, viam-se em dificuldades quando ousavam atravessar o sertão em épocas de poucas chuvas. Mesmo assim, a ocupação do território se efetivou, especialmente com base na pecuária, que permitia uma certa mobilidade da “produção” durante as secas.</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Até meados do século XIX, contudo, a irregularidade de chuvas que caracteriza o sertão não havia significado um problema tão grande para os setores dominantes. Pelo menos, as cidades e as instituições modernas do poder, estruturadas neste mesmo período, estavam a salvo das agruras da seca. As terras úmidas da periferia do semi-árido, abundantes e pouco povoadas, podiam ser ocupadas pelos grupos de sertanejos que perdiam as suas colheitas de subsistência e também pelo gado dos grandes proprietários. O Piauí e o Cariri eram as áreas mais procuradas por essas migrações periódicas. Muitos grandes proprietários possuíam terras nestas áreas como “reserva” para os tempos de escassez, quando o gado – bem mais valioso – poderia estar protegido.</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">O gado e a produção de subsistência predominavam na ocupação da terra até o início do século XIX. O algodão – uma planta xerófila que se adapta muito bem ao clima do semi-árido – somente veio fazer parte efetiva da produção sertaneja em meados do século. As primeiras tentativas de plantações algodoeiras datam do final do século XVIII, mas é no século seguinte – especialmente durante a Guerra de Secessão nos EUA (1861-1865) – que o algodão passou a fazer parte integrante e permanente da paisagem sertaneja.</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Até então, os homens que habitavam essas terras semi-áridas organizavam-se em fazendas de criação em formas de produção em que a escravidão, se não foi inexistente, não teve o mesmo peso econômico e social que em outras áreas. Dividiam o tempo entre a lida com o gado e uma pequena cultura de subsistência, permitida pelos donos das terras, orgulhosos senhores que mantinham laços paternalistas – baseados na reciprocidade e na lealdade pessoal – com “seus moradores”.</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">A “quarta” – divisão de reses</span><span><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"> </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">nascidas entre proprietário das terras e vaqueiros na produção de quatro para um – garantia uma possibilidade, embora remota, de ascensão social para os moradores, que cultivavam, especialmente, plantas de ciclo curto – milho, feijão e mandioca – que garantiam uma colheita rápida, apesar de frágil.</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Essa agricultura não representava uma produção que conseguisse uma “reprodução ampliada”, um aumento contínuo das potencialidades produtivas que gerasse um excedente comercializável; mas, por vezes, se a regularidade de chuvas permitisse, alcançava uma “reprodução simples”, em que a família poderia subsistir, em sua pobreza, até o ano seguinte para a próxima colheita. A produção agrícola era, portanto, muito pouco integrada às regras do mercado. O objetivo dessa produção de tipo tradicional, pode-se dizer, era conseguir uma “segurança alimentar”, uma garantia de manutenção dos padrões de pobreza vigentes, ligados aos laços paternalistas de submissão, de lealdade e de proteção.</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Em casos de uma eventual quebra desse ciclo, seja pela morte de um dos membros da família ou por uma praga na produção, esses laços, baseados também na caridade cristã, poderiam garantir a sobrevivência dos moradores subitamente levados à miséria. De certa forma, era dever do proprietário proteger os “seus” moradores durante um infortúnio.</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">A falta de chuvas no período regular, no entanto, destruía imediatamente essas colheitas e ameaçava o gado, desfazendo o círculo da produção tradicional. O proprietário da fazenda destacava alguns homens e deslocava seus bois para outras áreas onde o pasto podia ter-se preservado.</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Os homens que ficavam tinham duas alternativas: ou migravam para áreas úmidas e resistentes à irregularidade de chuvas, sendo permitida a sua presença provisória por um beneplácito do proprietário, ou eram acolhidos pelo dono das próprias terras em que trabalhavam, muitas vezes habitando os currais abandonados e esperando sobreviver às custas da caridade do “coronel” e de sua esposa.</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Essas alternativas eram difíceis, pois implicavam, tanto uma como outra, em um aprofundamento da submissão e da dependência. Ao mesmo tempo, a permanência deste sistema tornava a convivência próxima com a morte ou com a fome um forte elemento nas estruturas da cultura e religião, já que a mortalidade, tanto nos tempos de chuvas regulares quanto em tempos de seca, era (e é) muito alta.</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Ao mesmo tempo, os trajetos migratórios eram árduos e pedregosos, cheios de perigos que vinham de várias origens: fome, doenças e crimes. Muitos animais também não agüentavam os rigores da “retirada” e sucumbiam nos caminhos, exaustos e famintos. As estradas, muitas vezes, transformavam-se em cemitérios a céu aberto.</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Mas, apesar desse sofrimento, a escassez de chuvas ainda não representava um problema para o Estado brasileiro que se tornou independente em 1822. Era um fator climático localizado, que não afetava sobremaneira as estruturas do poder e da economia.</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Essa situação mudou na metade do século XIX. Neste momento, uma série de fatores concorreu para o “fechamento” das terras disponíveis para a “retirada” dos homens e do gado.</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">A ocupação das terras próximas ao semi-árido por uma agricultura comercial tem dois momentos de intensificação: </span><span><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;"> </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">1) a valorização das terras como bem econômico, provocada pela Lei de Terras de 1850, que, ao mesmo tempo, retirou das tribos indígenas remanescentes o controle de algumas áreas protegidas por aldeamentos; 2) o impressionante avanço da cultura algodoeira por toda a província do Ceará, motivado pelo súbito aumento de preços no mercado internacional em função da Guerra de Secessão nos EUA.</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Esse avanço de uma agricultura comercial, sedentária, que buscava um excedente mercantil, tornou subitamente impossível a “retirada” dos moradores para terras mais úmidas durante os períodos de irregularidade de chuvas, pois elas não estavam mais “disponíveis” para isso, ocupadas agora com a cultura do algodão e valorizadas monetariamente. A proteção paternalista, devido à dimensão da população que a demandava, tornou-se insuficiente, deixando sem alternativas de sobrevivência uma população de centenas de milhares de pessoas.</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Esse foi, contudo, um período de chuvas regulares: entre 1845 e 1877, anos em que as mudanças se intensificavam velozmente, os invernos regulares se sucediam, amenizando ou ocultando os efeitos perniciosos que essas transformações iriam ter sobre as populações do sertão. Por isso, o ano de 1877 se tornou um marco na compreensão do problema da seca e o impacto causado pelas cenas que então se desenrolaram fixou-se profundamente na cultura. Neste momento, a irregularidade de chuvas deixa de ser “apenas” uma questão climática para se tornar uma questão social, que a todos afeta e que o Estado brasileiro não poderá ignorar.</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">De fato, inaugura-se neste instante a seca tal qual a entendemos hoje: miséria, fome, destruição da produção, dispersão da mão-de-obra, invasões às cidades, corrupção, saques... (Neves, 2007). </span></p> <p class="MsoNormal">---------------------------------------</p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Centenas de milhares de pessoas chegaram às capitais. Milhares de pessoas chamadas de “invasores”, “retirantes” e “flagelados”. É esse povo que irá primeiro ser confinado em Campos de Concentração (só em 1932 foram criados sete apenas no Ceará: Crato, Cariús, Quixeramobim, Ipu, Senador Pompeu e dois em Fortaleza). Depois milhares de pessoas foram enviadas para os seringais amazônicos em 1942 (os seringueiros são nordestinos em sua origem). Daí então surgiu o banditismo por uma questão de classe, como canta Chico Science, no cangaço do sertão e nas "favelas" no sudeste.<br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAIhh5PmiQHLtYmwENhV1F4CUKn2DH15pRYeSskZeLN5bvd6S6tAzkTek-Y_IipsBwcUuKD0UHieqkR-15M6Rk3m52kkjXhfdCb8ulZgSF_uhhUiQG5xWE2I9-S1yKTXUaIp14hG_iMJk/s1600/Canga%C3%A7o.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAIhh5PmiQHLtYmwENhV1F4CUKn2DH15pRYeSskZeLN5bvd6S6tAzkTek-Y_IipsBwcUuKD0UHieqkR-15M6Rk3m52kkjXhfdCb8ulZgSF_uhhUiQG5xWE2I9-S1yKTXUaIp14hG_iMJk/s400/Canga%C3%A7o.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5464242895408351218" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 237px; height: 400px; " /></a></span></p><object width="480" height="385"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/3Wa8yaTr9wI&hl=pt_BR&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/3Wa8yaTr9wI&hl=pt_BR&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object><br /><br />A Favela (<i><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Cnidoscolus phyllacanthus</span></i><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">, família Euphorbiaceae</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial, sans-serif;"><em style="font-weight: bold; font-style: normal; "><span class="Apple-style-span" style=" font-weight: normal; font-family:Georgia, serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">) é uma planta do sertão! Em meio aos conflitos de Canudos (1896-1897), os morros ocupados pelos soldados repletos dessa planta xerófila, entre a miséria, cuja semelhança levou nome aos morros no Rio de Janeiro. Claro, sem simplificar demais, lembrem-se que há uma massa de milhares de ex-escravos, pessoas que foram jogadas à própria sorte junto com os nordestinos da "seca", removidos e concentrados nas periferias. Lembrem-se ainda, o “Bota-Abaixo” dos cortiços no centro do Rio de Janeiro realizado pelo prefeito Pereira Passos entre 1902-1906... levou outros milhares e milhares de pessoas para as periferias.</span></span></em></span><p></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Isso é passado?</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Vejamos a seguinte nota recente na Revista </span><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">IstoÉ</span></i><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">:</span></p> <p class="MsoNormal">---------------------------------------</p><p class="MsoNormal"><b><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">O Triste mapa da violência no Brasil</span></b></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Foram divulgados na terça-feira 30 os dados do mapa da Violência 2010 – Anatomia dos Homicídios no Brasil. Os números fazem parte de uma triste realidade: de 1997 a 2007, o país registrou 512.216 assassinatos. Outra informação alarmante: o risco de um jovem negro ser vítima de homicídio no Brasil é 130% maior do que o de um jovem branco. O estudo também alerta para a interiorização da violência. No interior dos Estados, as taxas cresceram de 13,5 homicídios (a cada 100 mil habitantes) em 1997 para 18,5 em 2007. Em entrevista à IstoÉ, Júlio Jacobo, autor do estudo explica: “houve uma melhora da eficiência policial nas capitais. Mas o interior cresceu com o fluxo migratório das grandes cidades. Se não forem colocadas barreiras, a tendência natural é de crescimento da violência” (</span><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">IstoÉ</span></i><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">, 7 abril 2010, pg. 27).</span></p> <p class="MsoNormal">---------------------------------------</p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Siga o mesmo raciocínio: as enchentes e os deslizamentos com mortes... são culpa das pessoas que jogam lixo no chão e que “preferem” morar em morros?</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Sei que tenho amigos que estão mais preocupados com o futuro do tigre, do panda... da já extinta ararinha azul, pior ainda, se o buraco da camada de ozônio vai aumentar novamente. Mas é por essas e outras histórias e a própria história em si, que não me deixam sorrir, ou ser otimista.</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Ou se enfrenta de verdade nossos problemas... ou tudo não passa de cinismo!</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">É fechar as portas de casa, aumentar o muro, implantar cercas eletrificadas, subir os vidros dos carros e, para quem acredita em seres metafísicos com poderes sobrenaturais, rezar bastante!!!</span></p> <p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-size:medium;">Nunca foi tão necessário escolhermos: [clique] </span><b><a href="http://resistir.info/mreview/barbarie.html"><span class="Apple-style-span" style="font-size:large;">socialismo ou barbárie?</span></a></b></p>Waltéciohttp://www.blogger.com/profile/11428068845185748640noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2595726469075715072.post-3683427957326081872010-04-08T18:12:00.004-03:002010-08-03T12:33:05.596-03:00A Classe Média<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0LjRM0CW1Jkqr-s05kd4gaNROAx3YfiWI_5jzEV9kxa_KezdLq_WD2kC15WpasiqAmQoEZWQ08B2POjKE7ifzdspRyYGQGZOLqcnTdcPdcpqVKwzPHmn2wdPNOFS6T4dyzFBext7z3FE/s1600/classe_media_juniao.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5457879580392679442" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 263px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0LjRM0CW1Jkqr-s05kd4gaNROAx3YfiWI_5jzEV9kxa_KezdLq_WD2kC15WpasiqAmQoEZWQ08B2POjKE7ifzdspRyYGQGZOLqcnTdcPdcpqVKwzPHmn2wdPNOFS6T4dyzFBext7z3FE/s400/classe_media_juniao.jpg" border="0" /></a> <span class="Apple-style-span" style="BORDER-COLLAPSE: collapse;font-family:Arial, Tahoma, sans-serif;font-size:10;"><var style="TEXT-TRANSFORM: uppercase; COLOR: rgb(102,102,102); FONT-STYLE: normal"> </var><div><var style="TEXT-TRANSFORM: uppercase; COLOR: rgb(102,102,102); FONT-STYLE: normal"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">8 DE MARÇO DE 2010 - 0H47</span></var></div><div><var style="TEXT-TRANSFORM: uppercase; COLOR: rgb(102,102,102); FONT-STYLE: normal"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"></span></var><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium; font-weight: bold; ">Frei Betto: radiografia da classe média num país injusto</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium; font-weight: bold; "></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium; color: rgb(255, 0, 0); font-weight: bold; ">A população brasileira é, hoje, de 190 milhões de pessoas, divididas em classes segundo o poder aquisitivo. Pertencem às classes A e B as de renda mensal superior a R$ 4.807 – os ricos do Brasil.</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size: 81px; font-weight: bold; "><span style="color:#ff0000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"><br /></span></span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium; color: rgb(255, 0, 0); font-weight: bold; "></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: 81px; font-weight: bold; "><span style="color:#ff0000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Por Frei Betto, no </span></span><i><span style="color:#ff0000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Correio da Cidadania</span></span></i></span></div><b><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"><div><span class="Apple-style-span" style="BORDER-COLLAPSE: collapse;font-family:Arial, Tahoma, sans-serif;font-size:10;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"><br /></span></b></span></div>R$ 4.807 não é salário de dar tranquilidade financeira a ninguém. O aluguel de um apartamento de dois quartos na capital paulista consome metade desse valor. Mas, dentre os ricos, muitos recebem remunerações astronômicas, além de possuírem patrimônio invejável. Nas grandes empresas de São Paulo, o salário mensal de um diretor varia de R$ 40 mil a R$ 60 mil.<br /><br />Análise recente da Fundação Getúlio Vargas, divulgada em fevereiro último, revela que integram esse segmento privilegiado apenas 10,42% da população, ou seja, 19,4 milhões de pessoas. Elas concentram em mãos 44% da renda nacional. Muita riqueza para pouca gente.<br /><br />A classe C, conhecida como média, possui renda mensal de R$ 1.115 a R$ 4.807. Tem crescido nos últimos anos, graças à política econômica do governo Lula. Em 2003 abrangia 37,56% da população, num total de 64,1 milhões de brasileiros. Hoje, inclui 91 milhões – quase metade da população do país (49,22%) – que detêm 46% da renda nacional.<br /><br />Na classe D – os pobres – estão 43 milhões de pessoas, com renda mensal de R$ 768 a R$ 1.115, obrigadas a dividir apenas 8% da riqueza nacional. E na classe E – os miseráveis, com renda até R$ 768/mês – se encontram 29,9 milhões de brasileiros (16,02% da população), condenados a repartir entre si apenas 2% da renda nacional.<br /><br />Embora a distribuição de renda no Brasil continue escandalosamente desigual, constata-se que o brasileiro, como diria La Fontaine, começa a ser mais formiga que cigarra. Graças às políticas sociais do governo, como Bolsa Família, aposentadorias e crédito consignado, há um nítido aumento de consumo. Porém, falta ao Bolsa Família encontrar, como frisa o economista Marcelo Néri, a porta de entrada no mercado formal de trabalho.<br /><br />Dos 91 milhões de brasileiros de classe média, 58,87% têm computador em casa; 57,04% frequentam escolas particulares; 46,25% fazem curso superior; 58,47% habitam casa própria. E um dado interessante: o aumento da renda familiar se deve ao ingresso de maior número de mulheres no mercado de trabalho.<br /><br />Já foi o tempo em que o homem trabalhava (patrimônio) e a mulher cuidava da casa (matrimônio). De 2003 a 2008, os salários das mulheres cresceram 37%. O dos homens, 24,6%, embora eles continuem a ser melhor remunerados do que elas.<br /><br />Segundo a Fundação Getúlio Vargas, o governo Lula tirou da pobreza 19,3 milhões de brasileiros e alavancou outros 32 milhões para degraus superiores da escala social, inserindo-os nas classes A, B e C. Desde 2003, foram criados 8,5 milhões de novos empregos formais. É verdade que, a maioria, de baixa remuneração.<br /><br />No início dos anos 90, de nossas crianças de 7 a 14 anos, 15% estavam fora da escola. Hoje, são menos de 2,5%. O aumento da escolaridade facilita a inserção no mercado de trabalho, apesar de o Brasil padecer de ensino público de má qualidade e particular de alto custo.<br /><br />Quanto à educação, estão insatisfeitas com a sua qualidade 40% das pessoas com curso superior; 59% daquelas com ensino médio; 63% das com ensino fundamental; e 69% dos semi-escolarizados (cf. </span></b><i><b><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">A Classe Média Brasileira</span></b></i><b><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">, Amaury de Souza e Bolívar Lamounier, SP, Campus, 2010).<br /><br />A escola faz de conta que ensina, o aluno finge que aprende, os níveis de capacitação profissional e cultural são vergonhosos comparados aos de outros países emergentes. Quem dera que, no Brasil, houvesse tantas livrarias quanto farmácias!<br /><br />Hoje há mais consumo no país, o que os economistas chamam de forte demanda por bens e serviços. Processo, contudo, ameaçado pela instabilidade no emprego e o crescimento da inadimplência – a classe média tende a gastar mais do que ganha, atraída fortemente pela aquisição de produtos supérfluos que simbolizam ascensão social.<br /><br />A classe média ascendente aspira a ter seu próprio negócio. Porém, o empreendedorismo no Brasil é travado pela falta de crédito, conhecimento técnico e capacidade de gestão. E demasiadas exigências legais e trabalhistas, somadas à pesada carga tributária, multiplicam as falências de pequenas e médias empresas e dilatam o mercado informal de trabalho.<br /><br />Embora a classe média detenha em mãos poderoso capital político, ela tem dificuldade de se organizar, de criar redes sociais, estabelecer vínculos de solidariedade. Praticamente só se associa quando se trata de religião. E revela aversão à política, sobretudo devido à corrupção.<br /><br />Descrente na capacidade de o governo e o Judiciário combaterem a criminalidade e a corrupção, a classe média torna-se vulnerável aos "salvadores da pátria" — figuras caudilhescas que lhe prometam ação enérgica e punições impiedosas. Foi esse o caldo de cultura capaz de fomentar a ascensão de Hitler e Mussolini.<br /><br />Reduzir a desigualdade social, assegurar educação de qualidade a todos e aumentar o poder de organização e mobilização da sociedade civil, eis os maiores desafios do Brasil atual.<br /><br /></span></b><i><b><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">* Frei Betto é escritor, autor de </span></b></i><b><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Calendário do Poder </span></b><i><b><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">(Rocco), entre outros livros.</span></b></i></span>Waltéciohttp://www.blogger.com/profile/11428068845185748640noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2595726469075715072.post-4601826003656517862010-04-07T05:44:00.010-03:002010-07-25T15:30:33.594-03:00A Barbárie<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-kaD0G3GfQKIlKacMk-GCG6vvgCXgv_a28tBNITxXMrwXzU9KWw_391sAhxEX4U9fQe9oM48qB-fh0cXRD3hhfwITZr8a9MXuIKzEe6ieN68etV7_KZBaQXh-80NNdUbCmhjdQWtFtP8/s1600/1179526197_violencia2.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-kaD0G3GfQKIlKacMk-GCG6vvgCXgv_a28tBNITxXMrwXzU9KWw_391sAhxEX4U9fQe9oM48qB-fh0cXRD3hhfwITZr8a9MXuIKzEe6ieN68etV7_KZBaQXh-80NNdUbCmhjdQWtFtP8/s400/1179526197_violencia2.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5457310477588161778" /></a><div style="text-align: left;">Se um dia alguém chegar aqui neste blog e começar a passar seus olhos por essas palavras eu peço que fique por mais alguns minutos, por favor! Continue caminhando com suas órbitas oculares e deixe essas palavras ganharem voz e vida em você.</div> <p class="MsoNormal">Eu fiz isso, percorri palavras de um livro chamado Barber, BR., 2009. Consumido - Como o mercado corrompe crianças, infantiliza adultos e engole cidadãos. Editora Record. Ao fazer isso, “ouvi com meus olhos” (na verdade com o cérebro, claro) as palavras de Benjamin R. Barber, teórico político norteamericano e defensor do capitalismo. Ah! Não do capitalismo atual de consumismo pelo consumismo, com seu núcleo de expressão nos EUA, mas de um tipo de retorno ao “etos protestante”, ou mesmo pela mais pura admiração a obra de Max Weber.</p> <p class="MsoNormal">Bem, concordo em grande parte com os seis primeiros capítulos desse livro. Escrevo até que o livro é genial e não vai deixar você respirar até terminá-lo. O capitalismo de consumo é a fase de deterioração de toda natureza humana. A vida para quem pode comprar coisas passou a ser determinada por isso. As pessoas passaram a ser escravas de marcas de fantasia sem qualquer vínculo com suas necessidades reais. “Vestir carrões”, porque o carro é você, ter um tênis de marca famosa, porque a marca reflete esporte, saúde e juventude... Nada disso é real de verdade. Automóveis são máquinas de transporte e roupas são vestes. As fantasias humanas de consumo são loucuras de um primata que perdeu seu lugar na natureza. Um macaco alienado!</p> <p class="MsoNormal">Tudo isso você encontrará em Barber (2009). Entretanto, eu ando muito incomodado com outras coisas. Vejamos, quem não lembra no início desta década o quanto estávamos (e ainda estamos) assustados com o aumento da violência? Lembram da análise feita e amplamente divulgada pela mídia? O culpado pela violência são as pessoas que compram armas, estas mesmas armas ao invés de prevenir contra crimes, acabavam nas mãos dos “marginais”. A solução? Criamos o Estatuto do Desarmamento (Lei 10826 de 22 de dezembro de 2003) e lá fomos nós todos envolvidos em uma campanha nacional para entregar as armas domésticas. Sete anos após isso, o crime diminuiu? Olhem só para a foto abaixo e respondam se uma arma doméstica faria isso:</p> <p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEge2FV-nTrSLhOIPSdQYlJ46430NYTfoBZ9jxZFh9LmolbEENM0DMV3RIjXaJlOxTEZdcb-e4Hm0deWl3tUHgwAe_xTEuW8HEQIhu7OcFPL8lS8qy0Xn2EhhpVu6e9fOmWOLRvugp_c7og/s1600/abatidos.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEge2FV-nTrSLhOIPSdQYlJ46430NYTfoBZ9jxZFh9LmolbEENM0DMV3RIjXaJlOxTEZdcb-e4Hm0deWl3tUHgwAe_xTEuW8HEQIhu7OcFPL8lS8qy0Xn2EhhpVu6e9fOmWOLRvugp_c7og/s400/abatidos.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5457298158078874098" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 323px; height: 255px; " /></a></p><div>Escrevo em caixa alta para não ser confundido ou mal interpretado: EU NÃO DEFENDO ARMAS EM CASA, EU NÃO TENHO E NÃO VOU COMPRAR ARMA ALGUMA, EU DEFENDO A PAZ PARA TODOS!</div> <p class="MsoNormal">Ok, mas onde eu quero chegar então? Simples, o discurso falso e covarde que uma sociedade de pequenos burgueses faz para fugir as suas responsabilidades e continuar em seu mundinho inalterado e tranqüilo, pelo menos assim o desejam.</p> <p class="MsoNormal">Vejam as fotos abaixo:</p> <p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKTJXdQfwUU86mARjx8iD6RET47ofoadhqruQMVxYWTPkg1i38mAmPC1P7wJKd4724N_gOBqOrsG6bbor_T1fmvXmlKOSc0lB_GaaNcdzQwKbZFQ8DIadQFEgQy2OrpnfFwV_zFc0uSBc/s1600/favela-morumbi-sao-paulo.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKTJXdQfwUU86mARjx8iD6RET47ofoadhqruQMVxYWTPkg1i38mAmPC1P7wJKd4724N_gOBqOrsG6bbor_T1fmvXmlKOSc0lB_GaaNcdzQwKbZFQ8DIadQFEgQy2OrpnfFwV_zFc0uSBc/s400/favela-morumbi-sao-paulo.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5457298755880665746" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 265px; " /></a></p><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgb0tKjzTXA6b34DhTTkqFIFn7_8drgtR7If_asRDIiVGcbZkYs2K2drfRWlxK1zmahtqmZ1-cvQCMkJnII2BvgwaXxcbNv3-2iInbV2seAoMQFyo4UTWciVNXhwu8yd4uXsdiPPgJpffc/s1600/favela-rocinharj.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgb0tKjzTXA6b34DhTTkqFIFn7_8drgtR7If_asRDIiVGcbZkYs2K2drfRWlxK1zmahtqmZ1-cvQCMkJnII2BvgwaXxcbNv3-2iInbV2seAoMQFyo4UTWciVNXhwu8yd4uXsdiPPgJpffc/s400/favela-rocinharj.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5457299303076369874" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 300px; " /></a></div><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8jT59-Sj0_nCmJsVjExjNEOac7N3TacJsA5o2aE2qW7Kd0oY2g39QvFdyD0N3BSpbYZhyphenhyphenkwDOfQva-oW8iQqtI__rP4Uj-CvH-uqf0_ukAVZr51GeNEhZKAYFYyI6pj9FwjJuUJyXmjM/s1600/favela-bresil2.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8jT59-Sj0_nCmJsVjExjNEOac7N3TacJsA5o2aE2qW7Kd0oY2g39QvFdyD0N3BSpbYZhyphenhyphenkwDOfQva-oW8iQqtI__rP4Uj-CvH-uqf0_ukAVZr51GeNEhZKAYFYyI6pj9FwjJuUJyXmjM/s400/favela-bresil2.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5457299299513074882" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 298px; height: 400px; " /></a></div><div>Milhões de pessoas mergulhadas na pobreza, milhões de pessoas como eu e você agredidas por duas ações danosas: (1) a falta de tudo (necessidades reais de sobrevivência e cidadania) e (2) o bombardeio da propaganda que gera necessidades falsas e símbolos do <i>glamour</i> consumista. Na falta de tudo, isso, claro, inclui a educação... PRESTE BASTANTE ATENÇÃO NISSO, SEM EDUCAÇÃO = MERGULHAR EM MUNDOS MÍSTICOS TÍPICOS DOS CLÃS PLEISTOCÊNICOS. </div><p class="MsoNormal" style="text-align: left;">Primeiro, quando escrevo educação, não são apenas as escolas caindo aos pedaços com professores mal remunerados (o que ainda é comum no Brasil). Educação interpreto aqui como ter consciência do porquê das coisas, ter o mínimo de conhecimento sobre história, política e ciência. Isso constrói uma visão de mundo! Ou seja, sem conhecimentos básicos, esse “ser-no-mundo” continuará vivo, tentando compreender por que a vida é o que é e, mais ainda, qual o seu objetivo.</p> <p class="MsoNormal">Preste atenção em você agora! Lembre-se que sua cognição é tão grande que vez por outra você se pega falando com objetos! A televisão com defeito, o livro que abraça com carinho, ou a porta que chuta com raiva. Sua cognição é tão flexível que você pode literalmente amar o seu carro até mais do que outras pessoas... Afinal, tem gente que espanca e mesmo mata outra por causa de um arranhão, ou amassado na lataria de seu automóvel. Tudo isso não possui vida, tudo isso não irá responder aos seus sentimentos.</p> <p class="MsoNormal">Segundo, a propaganda faz parte do narcisismo capitalista, onde os negócios comandam gastos libertinos em falsos desejos, enquanto ignoram as reais necessidades humanas. Somos o que compramos – somos as marcas que consumimos. Comprar e consumir não são um aspecto do comportamento, mas definidores do significado da vida (Barber, 2009).</p> <p class="MsoNormal">Muito bem, vamos costurar tudo agora. Milhões de pessoas ignoradas na miséria, entregues à <span style="mso-spacerun:yes"> </span>sua própria sorte (incluindo sua cognição estendida que cria mundos místicos, muitos messiânicos e paternalistas), agredidas pelos outdoors e comerciais de pessoas brancas felizes em seus condomínios de luxo, dirigindo tanques urbanos, identificadas por símbolos de falso <i>glamour</i> e, nos casos extremos, literalmente comendo ouro com sorvete!</p> <p class="MsoNormal">Agora vamos ao cerne das coisas, ok! A classe média é justamente isso: um etos de covardia e falsa propaganda! Primeiro porque sabe tudo que está errado. Uma educação básica deixa todo mundo sabendo que enquanto houver concentração de renda, a miséria de milhões é a origem da violência e destruição do meio ambiente.</p> <p class="MsoNormal">Mas, o que vemos na TV, jornais e conversas nas ruas é um contra-senso. A violência é culpa dos cidadãos que compram armas, as enchentes são culpa das pessoas que jogam lixo no chão, o clima está mudando porque usamos sacolas plásticas, ou mesmo ligamos aparelhos eletrônicos. A culpa é minha, a culpa é sua... Nós sabemos disso! Nós sabemos de toda a miséria, dor e desamparo que causamos a milhões de pessoas... das alterações das condições climáticas e recursos naturais essenciais para nossa existência . Todavia, preferimos nos enganar, tipo, “vamos apagar as luzes por MINUTOS para dizer que queremos um mundo melhor!” Ou outra tolice “ hoje [e apenas hoje] eu não vou usar meu carro por um mundo melhor!”</p> <p class="MsoNormal">Covardes! Mentirosos! Todos vocês! O dia inteiro, ano após ano, não há descanso ou pausa para o que fazem. Matam destroem tudo com seus hábitos, trancam-se em condomínios de luxo, fazem o chão tremer com seus SUVs, privatizam a saúde pública e acham que minutos com as luzes apagadas está bom para suas consciências?! Olhem mais fotos do que é real:</p><p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNj0pQ8QcsUS6wNdEZSA3wPkgLae-Ht3h3X24gS34Ci5nSsBg4_2bkXvbGvnTq35psS-q0LwDL1h71uE9teSnWwb8iKhBtTJfSFEaew3zK_dbNfW2jwslQxd2noyxp80OKdF8K7urigIk/s1600/17891719_972b984fd7.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNj0pQ8QcsUS6wNdEZSA3wPkgLae-Ht3h3X24gS34Ci5nSsBg4_2bkXvbGvnTq35psS-q0LwDL1h71uE9teSnWwb8iKhBtTJfSFEaew3zK_dbNfW2jwslQxd2noyxp80OKdF8K7urigIk/s400/17891719_972b984fd7.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5457299312155746546" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 348px; height: 400px; " /></a></p> <p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguYp1M_DuzfZgfYAuZyXZX8PHm5apSvAXeB_sFQ3lVZogbPWHmhEAbkkOKeCWvgLKWStcSgf5MQPYu0g0EsdJ70C-HdXud8f5lhifJrYOCKrY0AjJmqxGzq4IzwaFfYv29cS6DcOCc-V8/s1600/violencia_infancia.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguYp1M_DuzfZgfYAuZyXZX8PHm5apSvAXeB_sFQ3lVZogbPWHmhEAbkkOKeCWvgLKWStcSgf5MQPYu0g0EsdJ70C-HdXud8f5lhifJrYOCKrY0AjJmqxGzq4IzwaFfYv29cS6DcOCc-V8/s400/violencia_infancia.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5457302359802593266" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 171px; height: 171px; " /></a></p><div><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(0, 0, 238); -webkit-text-decorations-in-effect: underline; "><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFJAJ0kTCfz-CQn4yJez4W88GkkL-6qfw7PsB_nurWo-6FfNnnZapAuLnBJnJzzI_do6Ccm8JF5ZoD9iHAiBbr0XptqRgwUFVGhHRK5JFOCQh0UtMoTyFO6mmAjx7hG2YReFZpBnqVPEE/s400/beirute_jan07.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5457302359827410114" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 254px; " /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(0, 0, 238); -webkit-text-decorations-in-effect: underline; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(0, 0, 0); "><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZLYjDxSpvPNlRCP6BerKwo9DWa7TYBMEWTeKW9S_rj9ORGYMAVCuP5Yv765H2u6j69Abw3TWAneCJerQmM4I0dhzqWZrSYAkJUo97QIpk-V09CdmNy7diX8PNv29mepL7eKLyTRpF4_g/s1600/thumb_3aeb76c67d477dc77d9ac12275ec18d4.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZLYjDxSpvPNlRCP6BerKwo9DWa7TYBMEWTeKW9S_rj9ORGYMAVCuP5Yv765H2u6j69Abw3TWAneCJerQmM4I0dhzqWZrSYAkJUo97QIpk-V09CdmNy7diX8PNv29mepL7eKLyTRpF4_g/s400/thumb_3aeb76c67d477dc77d9ac12275ec18d4.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5457302371752568338" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 292px; height: 280px; " /></a></span></span></div><div>Isso não irá parar de crescer!!! Sobretudo no mundo capitalista atual.</div> <p class="MsoNormal">Voltemos para as duas forças que estão agindo agora nessa massa de milhões de pessoas. Sem educação, o mundo místico toma conta de todas as explicações possíveis. Da alienação vêm as legiões de fanáticos e explodem em nossas portas, basta ter acesso às armas certas e o Jihad vem aí. Afinal, qual é o motivo para os EUA estarem tão dedicados contra o Irã não se tornar uma força atômica? Por que esse interesse pela paz simplesmente não se reflete na extinção de seu próprio armamento nuclear?! Ou por que não há a mesma pressão para todos os países que já são potências nucleares?! É ingênuo pensar assim, não é?! Afinal, império é império, conhecemos a história das políticas e ações (guerras) necessárias para se manter no poder de dominação de outras nações.</p> <p class="MsoNormal">O mesmo serve para tudo mais, queimadas, lixo nas ruas, efeito estufa. É de responsabilidade coletiva, de controle coletivo com política de controle realizada pelo estado. Por mais que desejemos individualmente um mundo melhor. A infraestrutura das cidades, transporte coletivo, saúde pública (inclui saneamento), educação, uso racional de recursos não-renováveis, propaganda e marketing e produtos industriais. Tudo isso deve ser controlado por nós coletivamente e nós somos o estado sócio-econômico que construímos.</p><p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6NTX9jGZs8DG0cVZ1zaPV6rvs08IMyyOI3rikS0Qn22kkzjrvt-a96Hb2rPwVaBC0vCKmBx-o2LIof9iSoHvIhc2GUKN0VFY1s7C8pdm-cJfUgQDes0VDp-nO8IdEL-xRM4gzQCu2cVw/s1600/cuvasp.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6NTX9jGZs8DG0cVZ1zaPV6rvs08IMyyOI3rikS0Qn22kkzjrvt-a96Hb2rPwVaBC0vCKmBx-o2LIof9iSoHvIhc2GUKN0VFY1s7C8pdm-cJfUgQDes0VDp-nO8IdEL-xRM4gzQCu2cVw/s400/cuvasp.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5457300112359508306" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 267px; " /></a></p><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiccrt3T-ln6grTHBffrMcd4cisE_U_i_liq9irmHlYi5IeA3cJkTT4hMFr3QCdWvsZU0gjgCeOJSaOswJQGiK7zumQSizLy1rxAkpsc1KOxP2nGpELsyS1miitLT6chSUwfGQieHTWAPs/s1600/7300070_chuva_sao_brasil_400_400.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiccrt3T-ln6grTHBffrMcd4cisE_U_i_liq9irmHlYi5IeA3cJkTT4hMFr3QCdWvsZU0gjgCeOJSaOswJQGiK7zumQSizLy1rxAkpsc1KOxP2nGpELsyS1miitLT6chSUwfGQieHTWAPs/s400/7300070_chuva_sao_brasil_400_400.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5457300116977078194" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 400px; " /></a></div><div>Se entregarmos o nosso bem estar coletivo nas mãos de desejos individuais sem controle, teremos nosso atual mundo com seus problemas graves e mais a alienação, a infantilização e a destruição da cidadania.</div> <p class="MsoNormal">"É proibido proibir"! Ok, mas sem um controle coletivo, nós como indivíduos raramente produziremos uma sociedade saudável. Vejamos, os chimpanzés regulam uns aos outros em sistema de altruísmo recíproco, um “toma-lá-da-cá”, compartilhamento e uso dos recursos. Um macaco egoísta que não divide sua comida e que age apenas para si, terá poucas chances no grupo que é formado por indivíduos cooperativos recíprocos. Em outras palavras, muitas vezes é surrado e expulso do grupo... Caso contrário, não haveria grupo algum formado por chimpanzés egoístas. Viver em grupo para nós símios é prioridade de sobrevivência. Detectar <span style="mso-spacerun:yes"> </span>e punir individualistas está em nossa natureza.<span style="mso-spacerun:yes"> </span></p> <p class="MsoNormal">Como já escrevi antes aqui, vivemos em um sistema que é contra a nossa natureza humana de empatia, solidariedade e preservação de nosso meio ambiente. As ações individuais de apagar a luz por minutos, não dirigir por um dia, não usar sacola plástica em uma única compra... São apenas desculpas que usamos para aplacar nossa consciência contra todo o mal que sabemos que estamos fazendo.</p> <p class="MsoNormal">Digamos que não estamos dispostos a sacrificar nossas vidas para um bem maior. Sacrificar mesmo, em uma revolução de verdade! Nosso povo está mergulhado em alienação de massas, em meio a um sistema sem pátria de consumismo fantasioso e devastador. Ao olhar de frente para essa realidade, esse abismo monstruoso que aumenta dia a dia, muitos já se preparam para o mundo que estamos construindo.</p><p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1lMHHnnTFKR4ZGaVFYrLEADi-JXDY-0yJ0pQZxd5jU1i-wNZ6I-vXqIlYMX_g_9P53_0_Wq5Y_W9HoT1ZcEHIOgAPolC3211TM1rL6O9qLzGzBQarjMoAKcqybuSPiBhbofrjGorEDRg/s1600/0,,36540305-EX,00.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1lMHHnnTFKR4ZGaVFYrLEADi-JXDY-0yJ0pQZxd5jU1i-wNZ6I-vXqIlYMX_g_9P53_0_Wq5Y_W9HoT1ZcEHIOgAPolC3211TM1rL6O9qLzGzBQarjMoAKcqybuSPiBhbofrjGorEDRg/s400/0,,36540305-EX,00.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5457303360540388690" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 284px; " /></a></p><div>Um mundo que está trancado em condomínios de segurança máxima. Contra o quê? As milhões de pessoas como eu e você que chegam a serem vistas como um exército sem fim e sem controle, de "mortos vivos canibais" do capitalismo sempre à espreita, sempre batendo às portas dos ricos e afortunados!</div><p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMJN-VS61JyeKT48Nn8HsA0TaMMvN4xjPDuYOj9wbtzhj1EJJ1aNo2b46nNwLwq6-q4YoD8FhlRvU0rLBooT5O762131vkCbQsSrlANPGVXF_KrzyiBL2Dpc-Mt0c_JgM_zYGHu1wCx1s/s1600/madrugada_dos_mortos_2004_g.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMJN-VS61JyeKT48Nn8HsA0TaMMvN4xjPDuYOj9wbtzhj1EJJ1aNo2b46nNwLwq6-q4YoD8FhlRvU0rLBooT5O762131vkCbQsSrlANPGVXF_KrzyiBL2Dpc-Mt0c_JgM_zYGHu1wCx1s/s400/madrugada_dos_mortos_2004_g.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5457303374285575458" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 214px; " /></a></p><div style="text-align: center;">Vamos controlar as massas com violência... Se precisar, com o exército e todas as suas armas.</div> <p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBt4cQ2IavPL1p1fwP8Bb8VtdM-NHpHhDs-S0nih2vxQRCnNV4cLll3t048hEejB10pQFNjGZMyLgmZ9ev77XrHxz7Puz-3P_C-XO2dxEyCy-fNPe2geSlVNvH3jv5qXsRdv1u2owDcsI/s1600/exercito_mangueira.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBt4cQ2IavPL1p1fwP8Bb8VtdM-NHpHhDs-S0nih2vxQRCnNV4cLll3t048hEejB10pQFNjGZMyLgmZ9ev77XrHxz7Puz-3P_C-XO2dxEyCy-fNPe2geSlVNvH3jv5qXsRdv1u2owDcsI/s400/exercito_mangueira.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5457303358055858690" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 270px; " /></a></p><div>Vamos puxar o gatilho de quem já vive fora de nosso mundo de consumo. Afinal, são excedentes descartáveis do sistema.</div><div><br /></div><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj29SR0pBJXBkOB1P3BSkNc2LE9N0nJweEddTw_w8U42vNpRYS3On_sS6BYfTnj-hEa7hc_zr4RH_Ktqinjn-1OzJgBaOxk7XBBgNWT4pw6DUb9qWXBbg2xRiokzhbAHirB0etnccyPUWo/s1600/viol%C3%AAncia-Rio.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj29SR0pBJXBkOB1P3BSkNc2LE9N0nJweEddTw_w8U42vNpRYS3On_sS6BYfTnj-hEa7hc_zr4RH_Ktqinjn-1OzJgBaOxk7XBBgNWT4pw6DUb9qWXBbg2xRiokzhbAHirB0etnccyPUWo/s400/viol%C3%AAncia-Rio.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5457305352730325122" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 287px; " /></a></div><div>Chega de conversa fiada sobre “carros econômicos”, nesse novo mundo é bom andar blindado... Ou vocês acham que já não fabricamos carros para andar nas ruas em plena guerra civil?</div><p class="MsoNormal"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqWBhWnsNNFZ_hldLXCt-s9UlnNm1QLJ_DacOAhcav2Kv9tMIWLxayjcLkpCAUcrXx1eBM7a_SJyg74duSw3Qr2fajj9up7U1egX4pjHphr9YMknopV8EZsKVlk6lesCzdOcldJEE9TlM/s1600/hummer1025A2_001.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqWBhWnsNNFZ_hldLXCt-s9UlnNm1QLJ_DacOAhcav2Kv9tMIWLxayjcLkpCAUcrXx1eBM7a_SJyg74duSw3Qr2fajj9up7U1egX4pjHphr9YMknopV8EZsKVlk6lesCzdOcldJEE9TlM/s400/hummer1025A2_001.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5457301178655225730" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 207px; " /></a></p><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMpGIZq4UfeCY98BNHhOAN8WTbugD4T-0K1IwWL00DX0CIeyleMtitWpBSlpEVCtV-K4auVhKQ5CsrBTE8XGgWkjiug2xPvlU4vaGBdXygeY2oS0GvruLocgVEQXLi9lFvo84awV_LE3k/s1600/hummergirls.jpg"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMpGIZq4UfeCY98BNHhOAN8WTbugD4T-0K1IwWL00DX0CIeyleMtitWpBSlpEVCtV-K4auVhKQ5CsrBTE8XGgWkjiug2xPvlU4vaGBdXygeY2oS0GvruLocgVEQXLi9lFvo84awV_LE3k/s400/hummergirls.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5457301174557410946" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 288px; " /></a></div><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3vkfP_qHX6MckknNkzrdc0iaaqk9bunmmHohLn29PSXZWwLUnFGhFv_tkMF5BMNAnWukpRXvMB58pPWYjRuUkGtQVAE2SnTfQaGhEYFpFhtqiJRLFfvviEOwkkrSv_vlLGw72q2PVZuM/s1600/hummer_01.JPG"><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3vkfP_qHX6MckknNkzrdc0iaaqk9bunmmHohLn29PSXZWwLUnFGhFv_tkMF5BMNAnWukpRXvMB58pPWYjRuUkGtQVAE2SnTfQaGhEYFpFhtqiJRLFfvviEOwkkrSv_vlLGw72q2PVZuM/s400/hummer_01.JPG" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5457301185513598258" style="display: block; margin-top: 0px; margin-right: auto; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 300px; " /></a></div><div>Isso é a Bárbarie, isso é o mundo que nós vivemos hoje!</div> <p class="MsoNormal">Isso lhe faz feliz?!</p> <p class="MsoNormal">Como podemos educar nossos filhos na intenção de sermos um tipo de Sarah Conner, mas na prática somos os T-800 Exterminadores do Futuro?!</p> <p class="MsoNormal">Os minutos que você apagou a luz na sua casa por um mundo melhor resolverá?</p> <p class="MsoNormal">Essas palavras absurdas, escritas por um tolo, cheias de som e fúria... também não valem à pena sem ação!</p> <p class="MsoNormal">Isso tudo compõe a barbárie, isso é o mundo que nós vivemos hoje! E não vai parar, não vai partir, não obedece a sonhos, desejos passivos e necessidades. </p> <p class="MsoNormal">Se tudo continuar do jeito que está, não há deuses ou demônios que nos salvem de nós mesmos. </p> <p class="MsoNormal">VIVER, SOFRER E MORRER... NO CAPITALISMO SELVAGEM E NA BARBÁRIE!!!</p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><object width="480" height="385"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/CATaYBmy8As&hl=pt_BR&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/CATaYBmy8As&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object></p><br /><b>Leia também: [clique]</b> <a href="http://resistir.info/mreview/barbarie.html"><b><span class="Apple-style-span" style="font-size:x-large;">Barbárie ou socialismo?</span></b></a>Waltéciohttp://www.blogger.com/profile/11428068845185748640noreply@blogger.com30tag:blogger.com,1999:blog-2595726469075715072.post-73537152301164195882010-03-21T19:25:00.015-03:002010-08-20T19:02:47.568-03:00Diálogos: Epílogo - "Keep Talking"<div align="left">Um vendedor de lanches na fila de um banco, uma criança em um estádio de futebol, um funcionário público perdido em si mesmo e uma Milena inesperada. Esses foram os personagens protagonistas dos Diálogos que selecionei entre encontros reais, mesmo que em síntese e liberdade poética. Todos unidos por assuntos sobre a importância da ciência, aplicação de conhecimento ao nosso dia a dia e inspirações ora profundas, ora sensíveis sobre a vida e a matéria.<br /><br />Ao fim da série Diálogos só posso escrever que eles nunca terminarão de fato. Afinal, somos seres humanos e temos a linguagem falada como um dos pontos chaves do que somos. Por isso, cantamos e "continuamos falando" (Pink Floyd – "Keep Talking"):<br /><object height="385" width="480"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/r-XtvR6-ckg&hl=pt_BR&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><br /><embed src="http://www.youtube.com/v/r-XtvR6-ckg&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object><br /><br />Na prática de verdade... Nós brasileiros estamos muito além do que necessitamos como cidadãos. Temos uma megadiversidade ainda para ser satisfatoriamente descrita, melhorias na saúde, infraestrutura e... há nosso descaso secular com a educação. Como poderemos dialogar com nossos cidadãos sobre os pontos aqui apresentados se remuneramos mal nossos professores e restringimos quase na forma de um apartheid o acesso ao ensino superior?!<br /><br />Construir hospitais, escolas, creches, esgotos, pontes e estradas? Sim, sim! Mas... Na mesma proporção precisamos dos professores e os frutos deles para que isso seja possível. Precisamos formar mais médicos, enfermeiras, fisioterapeutas, odontólogos, engenheiros, biólogos, químicos, policiais... Todo um país!!!<br /><br />Não há nada sem a formação de nosso povo! É, eu sei que ouvimos isso todos os dias, mais um clichê, não é?! Todavia, verdades são assim mesmo, batem nas nossas portas até um dia entrarem definitivamente em nossas vidas.<br /><br />A China foi a civilização à frente de todos os povos a mais de dois mil anos antes de Cristo. Com o passar do tempo em sua rica história milenar a China passou por várias fases. Na mais recente, estamos todos surpresos porque vemos seu atual desenvolvimento atrás apenas dos Estados Unidos e União Européia. Mais ainda, estima-se que nas próximas duas décadas a Grande China poderá ser a maior potência do mundo! Como isso pode ser assim?! Só na China continental, há algumas décadas havia fome e analfabetismo em massa! Tudo mudou a partir das reformas que se iniciaram em 1978, entre elas, obviamente estava a educação como agente estratégico: "As melhores universidades chinesas agem decididamente na atualização da infra-estrutura e do conjunto de capacidades, estabelecendo para tanto parcerias com instituições e empresas ocidentais e requisitando ativamente docentes diplomados no exterior. (...) Hong Kong se orgulha de suas oito universidades, mais do que o dobro das três existentes no final da década de 1970. Essas universidades, algumas de padrão mundial, exercem um papel fundamental na qualificação dos recursos humanos da China; é cada vez maior o número de estudantes da China continental nelas matriculados e muitos graduados acabam trabalhando, direta ou indiretamente, para empreendimentos no continente" (Shenkar, O., 2005. O Século da China. Editora Bookman).<br /><br />E nós aqui no lado Sul do mapa... nem de longe fizemos o mesmo! Apesar de toda a propaganda feita sobre investimentos no ensino fundamental e médio, nossos professores ainda são muito mal remunerados e as escolas públicas sucateadas. “Que país é esse?” - Continuamos a cantar com muita tristeza!<br /><br />Os Diálogos que desenhei são possíveis, mas em situações raras. Por quê? Sinto vergonha de escrever que além disso, em nossa realidade, descreveríamos as pessoas que apresentei como especiais. Olhem para Manoel, um vendedor de lanches, ele não é normal! Eu sei, você sabe quase sem querer, que vejo o mesmo que você... nas ruas, nas praças, nos ônibus... Falta de educação, saúde, lazer, respeito, cidadania. Abandonamos nosso povo! Depois ficamos classificando a todos como rudes e pobres de espírito.<br /><br />Alguns de nós quando conseguem um empreguinho e ascendem, ou permanecem na “classe média apertada”, vão morar em condomínios fechados, pagam uma saúde privada e colocam os filhos em escolas particulares... Esquecem que se não cuidamos da moradia de todos os brasileiros, nossa civilização padece! Se todos não possuem saúde, todos nós adoecemos! Os agentes biológicos não respeitam quem tem, ou não plano de saúde e, para eliminá-los, todos nós temos que estar saudáveis! Se deixamos nosso povo com educação precária... Não há o que reclamar de mortes no trânsito, do lixo na rua, ou do crime organizado. Para mim, a "classe média" é a principal responsável por sua falsa erudição e covardia... Padece por sua própria omissão e espírito de pequeno burguês. Aqui no interior do nordeste, onde tudo é pobre, tenho visto uma "classe média" ainda mais horrível, daquelas endividadas por um carro mediano como um Honda Civic, que exploram a mão de obra de pessoas fragilizadas e vivem de inveja, rancor e mau dizeres por não conseguirem morar no litoral.<br /><br />Tenho muito orgulho de escrever que eu sou professor dos pobres, dos filhos dos agricultores, dos taxistas, dos comerciários, dos feirantes e das domésticas. Não estou exagerando, perguntem para eles:<br /><br /></div><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5451223858057493154" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 300px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYueyD5i3IiE8JLRC1q-X4eUA2BauBtBgM0I1s4iuIsn7MyCWp7Jz0nkM3vwtKWgqjwDLWRkeUcxyNkvefLKpA5yyrgfbR8fUI58oaM41H7IKcZ8v9V7WLkg55pHYBOrxY-VKw_DYtUps/s400/Primeira+equipe.jpg" border="0" /> <p align="center"><span style="font-size:85%;">Minha primeira equipe de Iniciação Científica ao meu lado no Laboratório de Zoologia da URCA. Da esquerda para direita: Sarahbelle (hoje mestre pela URCA), Suzana (mestranda na UFMA), Samuel (doutorando na UFPB), Felipe (doutorando na UFPB) e eu.<br /></span></p><div align="center"><span style="font-size:85%;"></span></div><br /><p align="center"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5451220709519977314" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 300px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0Fd-3qau6tG6pwdAvzQ8flVfTEVfefnV7b6HxPIu7DGBUUXaRQ6cKAtlUBAf_DUaYFG1IkknV0JdWrHzMy-nhd8CEIkHjgWFDnCxxwD1EdhhOvyn6Z8S7Zfi11ND5Ho_SQM75yOlzDsY/s400/IMG_9967.JPG" border="0" /> <span style="font-size:85%;">Parte de minha equipe atual em trabalho de Campo. Da esquerda p/ direita: Samuel (mestrando UFPE), Guilherme (estagiário IC - URCA), Israel (mestrando URCA) e Diego (bolsista IC-FUNCAP/ URCA).</span><br /><br /></p><p align="left">Esses meninos e meninas brilhantes que fazem ciência de verdade - aqui no interior do nordeste brasileiro - mudam vidas e logo, logo estarão no meu lugar... Professores em todos os níveis que necessitamos por um mundo melhor e mesmo para tornar os Diálogos sobre ciência algo comum no cotidiano, como nosso feijão com arroz.<br /><br />Assim encerro a série Diálogos dedicando ela aos meus alunos, cujos mesmos Diálogos no laboratório só me enchem de esperanças por um Brasil melhor e forte!!!<br /></p><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5451221080160863442" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 447px; CURSOR: hand; HEIGHT: 336px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlQPlPciLcrEZz16G9kDLY64X0vDlNosSAAexJ45yiGjM9sM2EBrot2t5xpWna6n9vwSkIM9wZAhATx7G36zuzNvmf9hm7CbloJQVP6bqtaZiGM52wS5F-B9F28Z4s4rYy6kQg6lytPX0/s400/Di%C3%A1logos+-+Macaco+Alfa.jpg" border="0" /> <p align="center"><span style="font-size:85%;">Turma concluinte da Biologia - URCA /2009.2 - No centro está Débora, uma de minhas bolsistas do PIBIC/ CNPq: em baixo, da esquerda para direita, a quinta menina olhando para cima e toda sorriso!</span></p>Waltéciohttp://www.blogger.com/profile/11428068845185748640noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2595726469075715072.post-62956949447046508842010-03-14T10:53:00.011-03:002010-03-14T14:32:20.081-03:00Diálogos: A Milena Inesperada<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6W-6NOo8NvYvEntYNwF39EukIs4Ngh64aRZKW0kWN50FIwpuFr-_jVXQcLPwmBQPGqH2kWpiP_prOzJtbsnNth-EEJYacvuE3u2HMFac9hbgCAi99qGk2lS3pV73rKUSBRVPadlrZyl4/s1600-h/Inesperada.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5448505965854754210" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 267px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6W-6NOo8NvYvEntYNwF39EukIs4Ngh64aRZKW0kWN50FIwpuFr-_jVXQcLPwmBQPGqH2kWpiP_prOzJtbsnNth-EEJYacvuE3u2HMFac9hbgCAi99qGk2lS3pV73rKUSBRVPadlrZyl4/s400/Inesperada.jpg" border="0" /></a> <div><div><div><div><div><div>Passo ao meu passo curto e devagar pela alameda da praça. Um dia esplendoroso se manifesta com muita luz, calor, vento e cores das coisas vivas. Ando olhando para locais e coisas que ninguém costuma olhar. Mesmo assim, percebo à minha frente, sentada em um banco, uma mulher com a cabeça entre as suas mãos. Normalmente, e por incrível que pareça, formigas, besouros e pequeninas aranhas chamam mais minha atenção do que meus pares de espécie. Entretanto, aquela mulher de cabelos negros está tão só, tão frágil entre suas mãos, que finjo cansaço e sento na ponta contrária do banco onde ela está.<br /><br />Como qualquer animal, respeito o espaço dela. Já notaram que não é preciso grandes mentes humanas para fazer isso? É, todos respeitam instintivamente o espaço dos outros. Pelo menos, os animais “irracionais” nos ensinam... Educam em exemplos a nós, grandes chimpanzés religiosos e de pelos ralos. Pequeninos animais na maioria do tempo, respeitam uns aos outros:</div><div></div><br /><p><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5448499109155982642" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 398px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQGmasKwr-RG-AHD8hVQ56NnRMQsQngLYJ6ey0ENLK6z5tz_057AOhAddKdR7rEpoUeJD18Tq2twsKNjbG2aujHUmqTIzRpA7Aqlv0PSQUP3tP5VH_uRYjPZxxvC1o0M2NHqITJ4nk9i0/s400/2614054327_3cb6b0fc1d.jpg" border="0" /></p><p>Eu tento fazer o mesmo! O mesmo do mesmo! Aproximar-se, respeitosamente e... demonstrar carinho e empatia por essa mulher sozinha.<br /><br />Quebro o silêncio:<br /><br />Eu – Bom dia!!! Você sabe que horas devem ser? Meu relógio quebrou!<br /><br />Maria – Não tenho relógio!<br /><br />Eu – Ah! Desculpe-me interromper seu silêncio! Posso fazer outra pergunta?<br /><br />Maria – Olha, por favor, não me incomode, especialmente se você é um daqueles ridículos que não podem ver uma mulher sozinha.<br /><br />Eu – Eu sou um homem comum, por isso sempre estarei preso à média dessa mesma “normalidade”. Eu sou um desses mesmos “ridículos”. Verdade, mulheres me atraem, mas, não ria de mim, besouros me são muito mais fascinantes.</p><p><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5448499877690051762" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 398px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhc_418BzDJq2Km14SMxhpleEXBO7aNSPXeVL__u4qa4HmB7ENe-NVLzVn8uEfmfc59igSPVFopwtYpwLE6ecit6-f0fHDvdgerDkU1b2egnnHjsY9tq_xNQX9yZcgNo8Faohujue1UZNo/s400/13_beetle.jpg" border="0" /></p><p>Maria – Kkkkkkkkkkkkk!!! É só ficar sozinha para atrair ou um tarado, ou um louco!<br /><br />Eu – Se é o que pensa de mim e todos os outros, tudo bem! Eu compreendo sua estranheza!<br /><br />Maria – Desculpa! Eu não quis te ofender. Se você é “comum” como disse, embora estranho por essa predileção por besouros, compreenderá minhas reservas e até meu deboche explícito, não é?!<br /><br />Eu – Certamente! Por favor, eu não sou assim tão estranho. Tenho a pele parda, uso óculos, não sou belo e até baixinho...<br /><br />Maria – Não entendo aonde você quer chegar!<br /><br />Eu – Que seria mais fácil inspirar confiança se fosse branco, alto, olhos azuis, simétrico...<br /><br />Maria – Kkkkkkkk!!! Entendi, eu li esses livros populares, “Por que homens fazem sexo e as mulheres fazem amor?”, ou mesmo um outro, “A culpa é da genética”. Também tem reportagens em revistas e até vídeos no You Tube, ou vendidos em bancas de revistas.<br /><br />Eu – Ok, mas tem livros melhores do que esses que você citou. Por exemplo, há “Além de Darwin”, que possui um texto direto, simples e brilhante. Se não leu esse livro ainda, eu recomendo! Bem, em todo caso, eu pensei que você iria me dizer que tenho baixa estima, ou complexo de inferioridade!<br /><br />Maria – Nem de longe! Você é atrevido, está aí tentando conseguir minha atenção. Todo delicado e sensível. Parece o Franz Kafka em pessoa! Isso pode ser um nerd, mas nunca alguém com baixa estima!<br /><br />Eu – [rsrsrsrs] Eita, que nunca me elogiaram assim! Apenas porque puxei conversa e fui sincero comigo mesmo!<br /><br />Maria – Quantas pessoas falam o que você me disse sobre prestar atenção em besouros?<br /><br />Eu – Disso eu sei! Na maioria das vezes converso muito... apenas comigo mesmo!<br /><br />Maria – Eu também!<br /><br />Eu – Não falei meu nome, desculpe-me por isso. Chamo-me Waltécio.<br /><br />Maria – Kkkkkkk!!! Ta explicado tudo, além de nerd, tens um nome estranho!!! Meu nome é Maria! Prazer em te conhecer!<br /><br />Eu – Pelo menos você está rindo desde que começamos a conversar. Fiquei muito intrigado pela sua solidão e as faces presas às palmas de suas mãos.<br /><br />Maria – Seja sincero! É porque sou linda, não é?!<br /><br />Eu – Não raciocinei, apenas senti e agi. Sim, você é muito bela... mas, tem algo sensível demais nessa sua tristeza...Tem algo diferente, ou é coisa do nerd que sou?!<br /><br />Maria – Primeiro, deixa claro pra mim o seguinte: quer transar comigo, não é?<br /><br />Eu – Hã?!<br /><br />Maria – Diz pra mim sinceramente que está de papo furado, estranho e florido para tentar me impressionar? Pintando de intelectual sensível, sobretudo aqui neste Brasil de pobres rudes! Ah! Exatamente como você falou, para compensar sua falta de armas físicas de sedução imediata.<br /><br />Eu – Putz! Gosto demais do jeito que você fala! Verdade, temos alguns livros em comum, mesmo que apenas de divulgação científica. Eu gostaria de ter uma mulher como você entre os meus braços, não vou mentir! Entretanto, compreenda o que me fez parar e puxar conversa não possui esse objetivo. Ademais, posso ir embora se estiver te incomodando.<br /><br />Maria – Fica, Waté “rrr” cio! Desculpa minha grosseria! Caso compartilhemos mesmo alguns livros, você entenderá minhas palavras e comportamento.<br /><br />Eu – Olha o clichê que vou falar agora: compreendo, Maria, “humana demasiada humana”!!!<br /><br />Maria – Kkkkkk!!! Isso mesmo, seu “besouro demasiado besouro”!!!<br /><br />Eu – É um filme, um herói brasileiro esse besouro!<br /><br />Maria – Não, você está mais para escaravelho mesmo!!! Quer dizer, no Brasil chamam de besouro-do-esterco, ou mesmo “rola-bosta”.<br /><br />Eu – OH NÃO!!! Kkkkkkkkkkkkkkkkk!!!<br /><br />Maria – Kkkkkkkkkkkkkk!!!<br /><br />Eu – Por que você está aqui mergulhada em solidão?<br /><br />Maria – Eu não sei! Sério! Simplesmente parei! O dia de hoje está tão lindo e tem tantas cores. Eu quis parar, fazer valer à pena estar viva. Sentir minha respiração, encontrar em meu corpo a história de todos meus ancestrais e agradecer a todo Acaso e Necessidade por estar... viva!!!<br /><br />Antes mesmo do fim das palavras de Maria, eu já estava calado em perplexidade. Ela é uma alma sensível.<br /><br />Eu – Faço isso, mas disfarço sempre! Sabe, nos chamariam de loucos!<br /><br />Maria – Verdade!<br /><br />Eu – Ao longe passam os outros, eles devem achar que estamos no mínimo conversando sobre o calor ou, o mais visceral, acertando nossa relação amorosa.<br /><br />Maria – Tenho pena da maioria desses chimpanzés!<br /><br />Eu – Sei do que você fala, mas não sinto o mesmo.<br /><br />Maria – Por quê? Nossa espécie não tem lá sua beleza, assim como os besouros a sua?<br /><br />Eu – Cada segundo da existência de um besouro é uma manifestação plena. É vida pela vida, sem qualquer parada para reflexão se vale à pena, ou não continuar. Besouros são vida bruta na essência mais sublime, por simplesmente viverem todos seus momentos completamente. Há pessoas que dizem para si mesmas que necessitam possuir coisas para se sentirem vivas. Você sabe, tem gente que está em prantos nesse exato momento, porque o sapato que usa não possui uma campanha publicitária importante, uma marca famosa. Pessoas matam outras, por causa de uma máquina como este celular! Não consigo ter um sentimento de pena de chimpanzés assim.<br /><br />Maria – Você não deve ter lido muito, tem algo chamado de alienação... Coitados!<br /><br />Eu – Já li a respeito, mas é parte do que sou. Besouros são muito mais belos do que muitos de minha espécie. Infelizmente!<br /><br />Maria – Ok! Pelo menos você lamenta!<br /><br />Eu – Lamento muito, porque nossa espécie possui potencialidade de ser a mão sensível da natureza. Aquela que preserva, aquela que salva, aquela que no momento mais escuro que um dia virá para este nosso planeta, levará suas sementes, toda a nossa história, para outro lugar possível. Isso é sonho de ficção científica, não é?!<br /><br />Maria – Delírio de nerd é o mais adequado!<br /><br />Eu – Pensei que você estava triste, ou pior, que estivesse com alguma dor, passando mal.<br /><br />Maria – Esse é o encontro de duas almas sensíveis, Waté “rrr” cio!<br /><br />Eu – Eu queria ser João para você falar meu nome direito!<br /><br />Maria – Kkkkkkkkkkkk!!! O encontro de duas pessoas estranhas, uma delas com um nome mais estranho ainda!!!<br /><br />Eu – Já tô me sentindo especial de novo, olha aí!!! [rsrsrsrs]<br /><br />Maria – Tenho que voltar para vida comum, Waltécio. Prazer enorme em jogar conversa fora. Obrigada por perguntar como eu estava me sentindo.<br /><br />Eu – Fui atrevido e segui meus instintos... E você não notou, mas falou direitinho o meu nome!!! [rsrsrsrs]<br /><br />Maria – [rsrsrsr] Tá vendo, é aquela velha história de tentativa e erro. Bem, eu também faço isso, sou atrevida e sigo meus instintos. Sinto-me viva na grande maioria das vezes... entre tantos detalhes da vida... A vida de verdade, entendes?<br /><br />Eu – Entendo, sim!!! Ah! Apaixonei-me por você! Espero voltar a lhe ver um dia.<br /><br />Maria – Pequeno Kafka brasileiro!</p><p><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5448500600628608322" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 228px; CURSOR: hand; HEIGHT: 202px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgTtvAipf625WjC2zUedJKEQLXJ3HlYdbxGJn5o0znr92J2kHAIfbLqbGe3lg_hnQuo-JEALwwjNupRntzZRXtb9cc8EyoF2IAUqxDWZS5uHlTCg77RqbuGpSuMMyQQhnhcyl5PKrPAsk/s400/desenho_kafka1_pronta.jpg" border="0" /><br />Eu – Milena inesperada!</p><p><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5448500313195786242" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 172px; CURSOR: hand; HEIGHT: 183px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDsMcILUB9U6-O2C97Czbr7tYE8kacMHaJ5-W7Il8NbOKePvggWn1is3CNVrXocMxIm-r5KuLOLfv3DbZeAk_8oeppY8AWYcROQZ423AKCQCwZQCXzlBfYVYjjVC5ledTtEQGOEoHhzFI/s400/Milena.bmp" border="0" /> Maria – Kkkkkkkkkk!!! Agora fiquei vermelha!!!<br /><br />Eu – Mais viva?!<br /><br />Maria – Vermelho viva, então!!!<br /><br />Eu – Até mais ver um dia, Maria-Milena!!! Se por toda a impossibilidade de nossas vidas breves nunca nos cruzarmos novamente, você sabe, quando morrermos nossos corpos serão decompostos e misturados. Devolveremos todos os componentes que pegamos emprestados. O carbono, a água, o hidrogênio e tantos e tantos outros que estão aqui na sua frente reunidos, com individualidade genética, social e histórica. Esse conjunto de coisas e seres que estão vivendo em nossos corpos... Um dia poderão compor seres diferentes! O carbono nas folhas das folhas de relva, a água na chuva torrencial do cerrado e o hidrogênio em asteróides percorrendo o universo. Cada pedaço disso está aqui te falando, mentindo para si mesmo que é Waltécio, que é Maria-Milena, que é besouro, que é lido, que é escrito. Viemos lá da poeira das estrelas... Nem lembramos disso e não seremos nós mesmos quando voltarmos a ser o que somos, sempre fomos...<br /><br />Maria – ... matéria!<br /><br />Eu – A matéria!<br /><br />Nesse momento, como em qualquer conversa que temos, há uma pausa de segundos. Não notou, leitor(a) amigo(a), em cada diálogo, cada conversação, existe o que os pesquisadores da lingüística classificaram de “gap” da linguagem. No gap há um silêncio breve, onde os olhos encontram os outros olhos, uma linguagem corporal ancestral presente em nossa história, antes mesmo da origem da fala. Após isso, o gap é desfeito por Maria.<br /><br />Maria – Então, tchau Waltécio! A gente se vê!<br /><br />Eu – Siga em paz, Maria! Para terminar sem te surpreender e sendo o clichê que sou – nesse momento levanto a mão direita, faço com os dedos o sinal de Spock e falo em voz alta – “vida longa e próspera”!!!</p><p><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5448505246393080738" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 381px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1xaIsCUXJw3uAcmjyQowdZi5hyphenhyphenDQovQwmWHlwHJ-GQwXFjMeiv2TjbNRjlkSg9JnzFMznmNzXlBsdwpZ7Y6H_tKf0phZxO7IEYKRYIIUuLvS1cPR7ntgTKWW_NQd5FOu70iFLJKu7nik/s400/11032010922-001.jpg" border="0" />Maria – Kkkkkkkk!!! Beijos!!!<br /><br />Após isso seguimos em direções opostas, nunca mais nos encontramos outra vez. Todavia, sempre me lembrarei dessa doce alma sensível, em cada coleóptero vivo uma Milena inesperada!</p></div></div></div></div></div>Waltéciohttp://www.blogger.com/profile/11428068845185748640noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-2595726469075715072.post-30570452576121466812010-03-09T04:45:00.021-03:002010-03-10T05:16:59.259-03:00Diálogos: Olavo e Noumenon<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGuOePcqS8iTKgb6t9MV07Jkrmnd_vcQF9_6hY9nmkJ9Zp0I3NTPBGKMXTK7tJ2bjCe5AsKJruz6aF52JcQSm5Kw3qoiU5e7tfNp-8NSaBIbSx6CsVczA7hwAmHzd064Osuu8w-B-T6-Q/s1600-h/srvr.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5446542600425463714" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 280px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGuOePcqS8iTKgb6t9MV07Jkrmnd_vcQF9_6hY9nmkJ9Zp0I3NTPBGKMXTK7tJ2bjCe5AsKJruz6aF52JcQSm5Kw3qoiU5e7tfNp-8NSaBIbSx6CsVczA7hwAmHzd064Osuu8w-B-T6-Q/s400/srvr.jpg" border="0" /></a> <div><div><div><div></div><div>Aqui segue um pedacinho de um ensaio para meu livro de contos. Já fiz tanta propaganda neste blog que um amigo meu falou certo dia: por que você não escreve logo isso e para de falar?! Bem, tenho dado muitas desculpas e a pior delas é uma mentira para mim mesmo de que tenho de terminar afazeres acadêmicos. Compreendi que estava mais em algum tipo de crise de meia idade, ou algo assim. Nesses momentos de transição profissional no qual nos chocamos com o que fazemos e o que desejamos fazer.<br /><br />Apresentei o personagem principal deste diálogo sem grandes detalhes no post:<br /><br /><a href="http://macacoalfa.blogspot.com/2009/03/discriminados-epilogo.html">http://macacoalfa.blogspot.com/2009/03/discriminados-epilogo.html</a><br /><br />Olavo é um funcionário do INSS, tem lá seus 45 anos de idade, vive uma vida normal. Bem, não tão comum assim, ele é o Roquentin brasileiro. Ao invés de historiador, funcionário público. Ao invés da náusea pelo existencialismo, ele encara as cruezas e belezas da vida centrada em ciência e tecnologia. Claro, dessas características a que gosto mais é a da contextualização com nosso dia a dia. Olavo sou eu, você, aquele padeiro da esquina... Qualquer um que despertou para os aspectos materialistas e os detalhes das infinitas formas de grande beleza (seres vivos).<br /><br />Segue então um pequeno encontro de Olavo consigo mesmo (Noumenon).<br /><br />-------------------------------------------------------------------------------------------------<br />Após tomar banho e comer uns biscoitos com café lá estava Olavo sentado à beira de sua cama, no canto do quarto. Ele busca algo com grande esforço. Procura não pensar em nada e esvaziar sua mente completamente. Isso ele leu em um livro há muito tempo atrás de um autor chamado Krishnamurti. Desapegar-se de tudo, ficar vazio para ter idéias novas, contemplar o Nada Absoluto, desprender-se das paixões do ego e todo o marketing comercial que traz desejos e preocupações artificiais. Olavo sempre tentou isso, leva quase uma hora procurando silenciar sua mente... Quando tudo parece correr bem, eis que uma voz se faz presente:<br /><br />Noumenon – Olá!<br /><br />Olavo – Oi! Pensei que não ouviria você hoje!<br /><br />Noumenon – Isso é possível?!<br /><br />Olavo – Bem, você sou eu! É a voz de mim mesmo, aquele algo que li ser chamado de voz interior, consciência e pelo diálogo que travo com você agora, também um tipo de loucura... Esquizofrenia, correto?!<br /><br />Noumenon – Você não é doente por conversar consigo mesmo, Olavo! Esquizofrênicos são diferentes. Eu sou você, sei o que sabes e na memória de suas leituras há algumas coisas de psicologia. Você não é louco!<br /><br />Olavo – Muitas pessoas pensariam diferente, conversar consigo mesmo não é lá um hábito que é comentado por aí, sabia?<br /><br />Noumenon – Mas todos fazem, em diferentes graus, mas fazem. Ademais, se olhassem para você agora, aí parado, sentado no canto das coisas, perguntariam o porquê desse silêncio profundo e dos seus olhos fixos na parede.<br /><br />Olavo – Silêncio? Olha aqui você tagarelando em minha mente! Bem dera eu, conseguir silêncio absoluto!<br /><br />Noumenon – Por que você deseja isso?<br /><br />Olavo – Há coisas perturbadoras que preciso entender. Eu preciso, mesmo não sabendo bem a origem dessa necessidade.<br /><br />Noumenon – Por favor, um exemplo!<br /><br />Olavo – Que tal imagens? Você é minha mente, está em um lugar privilegiado para uma apresentação. Digo, não é necessário ter recursos audiovisuais convencionais, é só pensar em imagens e você as verá. O primeiro datashow cerebral da história!!! [rsrsrsrs]<br /><br />Noumenon – Hmmm!!! Gostei do humor, manda as imagens.<br /><br />Olavo – Estrelas nascem:</div><div></div><div><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5446541956008026962" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 390px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmB59kLic9y4z_5jTnOHxs23qY5aOKs_k8lK6gvxYZAjGMOwoInXYWMjJc3PxEU8lWNtROJxWYJI5L5Vc_CrfEOsVIS3XJ9gFq5iIUdHuTtfbDEtg4teTvSlGnB3PtZxxXsJt6KcMTtQw/s400/Hubble-telescope-embryonic-stars-520.jpg" border="0" /> </div><div>Olavo – Estrelas morrem:</div></div><br /><div><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5446542205519635634" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 335px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgC6AR9bNz-1Jij0WjL_z2-ldFI_K7nfH0YMloBMLuGRc0LF8Z0mcxrtwl956YHM_6CCOvJv_3H3gkjwdF9EQIvFa5MQiMGlzu7JuOCc6vxkgNrmMTmwgMcXYc3mpOONE004TnF6IvWVwg/s400/butterfly.jpg" border="0" /> Olavo – Isso é minha memória de fotos, não é algo que inventei, ou um quadro que quis pintar. Isso é uma realidade.<br /><br />Noumenon – A matéria tem suas propriedades, você gosta de ler sobre isso. Essas coisas são comuns na literatura que nos alimenta.<br /><br />Olavo – Ok! No ensino médio meus colegas de sala de aula tratavam os livros como receitas para decorar e conseguir passar nas provas. Mas, eu percebi que havia algo mais lá. Eu descobri porque o céu é azul, entre tantas outras coisas!!! Isso através de simples leitura sobre ciências ao nível ginasial, aquele básico para cidadãos comuns. Desde então, após leituras um pouco mais profundas (digo com mais detalhes), o mundo para mim passou a ter cores e detalhes muito mais encantadores. Uma poesia da realidade!<br /><br />Noumenon – Isso deveria lhe fazer feliz!<br /><br />Olavo – Felicidade é um conceito exclusivamente humano. A vida não precisa disso, é plena na manifestação de si própria enquanto fenômeno da matéria.<br /><br />Noumenon – Não entendi! Faz ou não você feliz e o que isso tem haver com o nascimento e morte de estrelas?<br /><br />Olavo – Que bom ter alguém para falar disso! Eu quis dizer que felicidade são perspectivas psicológicas. Por exemplo, a área de pesquisa chamada de neuromarketing estuda meios de transformar coisas sem sentido, um produto qualquer (mesmo sem qualquer vínculo com bem estar, alimentação, saúde essas coisas) em necessidades. Saciar essas necessidades mentirosas está no âmago do capitalismo atual do consumo pelo simples consumo.<br /><br />Olavo – Por isso, verdades que descobrimos não devem ser interpretadas assim: “dar felicidade, ou não”.<br /><br />Noumenon – Foi Francis Bacon ou Spinoza que pensava justamente o contrário do que você está falando?<br /><br />Olavo – Procura no Google!!! [rsrsrsrsrs]<br /><br />Noumenon – Engraçadinho!!! É, acho que tens esquizofrenia mesmo!<br /><br />Olavo – Quis dizer, não importa se alguém escreveu algo contrário. Também isso não quer dizer que minha palavra seja a última sobre isso. Apenas que é aquilo que concordo. Ao contemplar o pouco que sei, eu concordo que a ciência é o caminho da verdade e essa, às vezes, pode nos desafiar naquilo que desejamos.<br /><br />Noumenon – Sou parte de você e tenho que concordar, caso contrário como poderíamos viver juntos?<br /><br />Olavo – Para minha voz interior que sabe todos os detalhes de tudo do pouco que sei, você às vezes me decepciona. Vivemos juntos, mesmo que parte de mim não aceite tudo como é. Preciso da dúvida comigo! Você é essa parte do que sou.<br /><br />Noumenon – Minha função é desafiar você e a mim mesmo!<br /><br />Olavo – Isso! O meu amigo imaginário quando adulto![rsrsrsrs]<br /><br />Noumenon – Não exagera, Olavo!<br /><br />Olavo – Ok! Tenho humor, até em situações como essa. Perdido em solidão, conversando comigo mesmo.<br /><br />Noumenon – Além das estrelas, intrigou-me você falar que a ciência desafia o que desejamos...<br /><br />Olavo – Bem, por exemplo, desejamos simplesmente não desenvolver doenças ou sermos infectados por um agente biológico! Simples, né?! Nesse caso, todos ficam felizes quando a ciência encontra respostas práticas para findar esses males. Por outro lado, a análise de como tudo isso acontece nos traz um mundo fora de nosso controle. Mais ainda, esse mesmo mundo se não é indiferente à nossa existência, constitui um lugar onde somos apenas mais uma forma de vida entre bilhões e bilhões de outras. Nós desejávamos o contrário! Desajávamos que fôssemos especiais, o centro de tudo o que existe... E isso não ocorreu segundo nossos desejos e fantasias!<br /><br />Olavo – Há também o maior de todas as aspirações humanas: não morrer. Li como descobriram a origem do processo da morte. Logo quando surgem a multicelularidade e o sexo. A morte é realmente uma doença sexualmente transmissível!!! O que sabemos hoje é que nós e todos os outros seres multicelulares (salvo raras exceções) morremos. Isso não é um problema para um celenterado, mas devido à nossa tal "complexidade" cognitiva, amamos tanto a nós mesmos, outras pessoas e aspectos do que somos... Que não gostamos da idéia disso tudo ter um fim absoluto! Nesse sentido, a ciência não tem uma carta ofício assinada de comprometimento com desejos e felicidade na ausência da dor humana.<br /><br />Noumenon – É um assombro para mim fazer coro com você nesse seu momento de silêncio. Deveríamos ouvir tantas pessoas conversando sobre isso no dia a dia, não acha?<br /><br />Olavo – E eis aqui as estrelas! Por que não consigo conversar com quase ninguém sobre quasares, nebulas, buracos negros e supernovas? Por que o dia inteiro eu só ouço falar de novelas, relações pessoais e aspirações de consumo?<br /><br />Noumenon – Suas perguntas são dignas de um pequeno burguês!<br /><br />Olavo – Você sabe que astronomia não é o centro de minhas preocupações e que não me esqueço da luta de classes. Pequeno burguês é aquele da “classe média” que até tem como sobreviver sem passar por grandes privações, mas está centrado em tudo o que é artificial e covarde. Não possui nenhuma conexão social e mesmo seus laços religiosos estão em função de atender às “necessidades” criadas pelo marketing. Um tipo de “Deus me ajuda a comprar um carro”!!!<br /><br />Noumenon – Amém!!!<br /><br />Olavo – Agora é você o engraçadinho aqui, né?!<br /><br />Noumenon – Lembro de novo, eu sou você, monstro!!!<br /><br />Olavo – É isso aí!!! Eu tenho que voltar para a vida comum! Vou sair por aí e quebrar o silêncio desse nosso diálogo. Afinal, conversar comigo mesmo é muito chato.<br /><br />Noumenon – Por isso a mente gera sonhos! Estes são a expressão máxima de minha voz, dos delírios, da loucura e todas as associações que você não conseguiria fazer estando consciente.<br /><br />Olavo – Verdade! Gosto mais de conversar com você nos meus sonhos, mas hoje estou sem um pingo de sono.<br /><br />Noumenon – Algum motivo que cause essa insônia?<br /><br />Olavo – Estrelas morreram hoje, Noumenon! Eu não consigo parar de pensar nisso! Pensar que eu nem olhei para os céus, porque estava tão ocupado no trabalho. Aquele serviço de balcão, onde encontro tanta gente preocupada com sua aposentadoria, com dinheiro, com elas mesmas aqui neste mundo de fantasia que nós humanos insistimos em perecer.<br /><br />Noumenon – Nós, os chimpanzés do Pleistoceno!<br /><br />Olavo – Nós que somos o clichê dos clichês entre os primatas!!!<br /><br />Depois disso, o que não era silêncio na mente de Olavo, transformou-se em uma multidão de pensamentos. Vestiu-se adequadamente, foi até o carro e encontrou os amigos no barzinho. Dos movimentos corporais até a escolha da cerveja, sua atenção e mente foram sendo absorvidas pelos aspectos do comum. Risos e muita conversa sobre futebol, notícias de telejornal e coisas do trabalho. Ninguém percebeu, mas entre uma pausa e outra no bate papo, Olavo estava sempre olhando para os céus. Alguns acharam meio estranho, porque os céus da noite estavam límpidos e estrelados... Ele não deveria estar preocupado se iria chover!<br /><br />Sabemos que Olavo não estava preocupado com a possibilidade de chuva, porque ele tinha razão, estrelas nasceram e outras morreram naquela noite!!!<br /><div><br /><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5446541234137287074" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 350px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhifGPqrpKiX6TU8GiGjxBCPNaq-z1H8TVa7aFUiFcoGKCt7zvPGhqnMpc8L2U1vyNHtlxIgofq5Z4rCRyNY20B2XpHqFQep9H2F48tdNVkV2eFQyIRiDqSrS4k59lwMsdFAG_j67WB0Nk/s400/1619000.jpg" border="0" />------------------------------------------------------------------------------------------------</div></div></div></div>Waltéciohttp://www.blogger.com/profile/11428068845185748640noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2595726469075715072.post-50779112311368620982010-01-26T18:55:00.015-03:002010-01-29T15:01:40.166-03:00Diálogos: Ciência no Dia a Dia<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRwV3o-m5TR4tsji2xoe8Cn7XBEKAMdMOlKk2QOZFYWnAZpBEvRieHD18c37oDpw_APphFExdXkO9DKJTPOL_Uk-TnyTrkUXTSBT-BMEdLdcvm4uz_OsyRYlRDKJHA0Isa9Gcz3Z0SFAc/s1600-h/Icasa+-+F%C3%BAria.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 239px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5431182267833675282" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRwV3o-m5TR4tsji2xoe8Cn7XBEKAMdMOlKk2QOZFYWnAZpBEvRieHD18c37oDpw_APphFExdXkO9DKJTPOL_Uk-TnyTrkUXTSBT-BMEdLdcvm4uz_OsyRYlRDKJHA0Isa9Gcz3Z0SFAc/s400/Icasa+-+F%C3%BAria.jpg" /></a>Domingo 16 de agosto de 2009 era dia de jogo no estádio do Romeirão em Juazeiro do Norte – CE. Nesse dia e cidade jogaram Icasa (o Verdão do Cariri) contra Paisandu de Belém do Pará. Um clássico! Ao lado de amigos de trabalho e meu filho Daniel fomos todos torcer pelo Icasa!!!<br /><br />Chegamos lá faltando uns quarenta minutos para o início da partida. Deu para escolher o lugar de sentar, comprar refrigerante, amendoim, água e conversar bastante:<br /><br /><p><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 300px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5431171391880043026" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhG2BQEgCudeaRoJAmmqfaBHpH6JvUGb1I_CNrIXDlyTHWzvSjmqYhvBne_3WpBE1wgnvBkE5z8H8jGJ9PLBmrksyEgtDreZNu_QNSsoAy_oVXPZTRd40tTXgsto7I-oj0f0Tjp16GkByQ/s400/Icasa+Domingo+-+3.jpg" />Eu – Daqui a pouco os times vão entrar para aquecer, meu filho.<br /><br />Daniel – Tá, pai!<br /><br />Eu – Sabe por que nós temos de torcer por nosso time, não é?<br /><br />Daniel – Sim! O verdão vai ganhar de 6 x 0!!!<br /><br />Eu – [rsrsrs]!!! Claro, mas eu quis dizer que temos de ajudar o time torcendo. Para isso precisamos fazer barulho a cada jogada e gritar forte os nomes dos nossos jogadores.<br /><br />Daniel – Isso é legal!<br /><br />Eu – Mais do que isso, você sabia que atletas aumentam muito a concentração de uma substância no sangue que lhes dá força quando ouvem o clamor pelos seus nomes e/ou o time que estão jogando? Chama-se testosterona, um tipo de hormônio, uma substância que eu e você também possuímos em nosso sangue.<br /><br />Daniel – E ficamos mais fortes também pai?<br /><br />Eu – [rsrsrs] Mais ou menos assim, meu filho! Essa substância dá picos nos jogadores e claro, também aumenta em nós quando estamos torcendo de coração. Tem algo na gente e no nosso jeito de ser (comportamento) chamado “colocar-se no lugar de outro” (empatia). Torcer por um time para nossas mentes é como estar lá no campo. Por isso gritamos “NÓS vencemos”, mesmo que longe do campo. Na verdade serão eles os vencedores, mas nós os elegemos nossos representantes e deixamos nossas mentes livres para usar nosso jeito de ser e “se colocar no lugar deles”.<br /><br />Daniel – Quer dizer que quando a gente grita e eles ficam fortes?<br /><br />Eu – Mais ou menos assim!!!<br /><br />Daniel – VERDÃO, VERDÃO, VERDÃO!!!<br /><br />Eu – Isso mesmo meu filho: VERDÃO, VERDÃO, VERDÃO!!!<br /><br />Eu – As pessoas sabiam intuitivamente disso, que a torcida em uma partida pode influenciar no desempenho dos atletas. Pesquisadores, pessoas que fazem ciência (tipo o que papai faz na universidade), confirmaram isso. Mediram a quantidade de testosterona no sangue dos jogadores, viram que ela se altera, aumenta na partida e também é estimulada mais ainda quando há uma multidão torcendo por você.<br /><br />Daniel – Pai, se sabiam disso, por que alguém duvidava que fosse verdade?<br /><br />Eu – Por que esses tais pesquisadores vivem duvidando de tudo, meu filho! Fazem perguntas o tempo todo e procuram por respostas. Às vezes algumas coisas consideradas como “verdades” não são, outras vezes sim e tem vezes ainda que descobrimos verdades completamente inesperadas.<br /><br />Daniel – Mas a gente torcendo ajuda! É verdade!<br /><br />Eu – Sim! Nesse caso específico era preciso saber três coisas: se isso era verdade, como acontecia e o porquê, ou origem desse fenômeno.<br /><br />Daniel – Mas é verdade, pai! Eu vi na TV, a gente tem de torcer por nosso time!<br /><br />Eu – [rsrsrsrs] Verdade! Fazemos isso de coração, pela tal força de “colocar-se no lugar dos outros” (a empatia que falei antes).<br /><br />Eu – Mas veja, antes pensavam que era um tipo de força mágica. Como se apenas nossos pensamentos, ou gritos por si só poderiam influenciar o jogo. Isso não é verdade! Há forças fisiológicas do corpo, comportamento humano e evolução atuando. Em outras palavras, é tudo físico, forças físicas e palpáveis deste mundo. Não há nada de invisível aqui.<br /><br />Daniel – Pai, a conversa tá chata!<br /><br />Eu – Seu pai é um nerd, meu filho! [rsrsrsrs]!!!<br /><br />Daniel – O que é nerd?<br /><br />Eu – Alguém que gosta de conversa assim, chata!!!<br /><br />Daniel – [rsrsrsrs]!!!<br /><br />Eu – Mas tenho que terminar o que comecei. Olha Daniel, nós somos um tipo de macaco e como tais vivemos em grupos. Nós lutamos uns pelos outros, ajudamos uns aos outros, sofremos juntos... Contra forças da natureza e, claro, grupos rivais. Além da testosterona, em nossa cabeça há pequenas células que chamamos neurônios. Estes produzem o pensamento e também secretam substâncias de... digamos, recompensa pelo que fazemos de bom. Você lembra como fico feliz quando estou bebendo cerveja? Pois é, naturalmente temos substâncias (endorfinas) que nos dão bem estar, muito melhor e de forma mais saudável. Diferente da cerveja, olha, quando você ficar adulto, nada de exagerar com bebida, viu?! A euforia e alegria que vem no início tem o preço que pagamos no outro dia. Lembre-se também de como fico no banheiro depois de beber demais?!<br /><br />Daniel – Mamãe reclama muito, mas você não escuta, pai!<br /><br />Eu – É uma das coisas que você entenderá quando crescer mais um pouco, meu filho.<br /><br />Daniel – Eu vou crescer e ficar maior do que você, pai!<br /><br />Eu – [rsrsrsrs]!!! Então, testosterona no sangue e endorfinas na cabeça... Além de toda uma bateria de outras substâncias químicas ligadas ao mecanismo “lute ou fuja”, tudo isso entra em ação. Voltando ao início, agora sabemos que isso é verdade e como acontece. O porquê, ou a origem tem sua resposta na evolução de nossa espécie. Somos assim porque somos quase iguaizinhos aos chimpanzés.<br /><br />Daniel – Chimpanzé igual aquele macaco da novela das sete?<br /><br />Eu – Sim!<br /><br />Daniel – Chimpanzé também joga bola?<br /><br />Eu – Não!<br /><br />Daniel – Paiii, tá chato de novo!<br /><br />Eu – Eles não fazem torneio de futebol, Daniel. Mas, eles vivem como se estivessem em times (grupos) e levam a sério demais as suas disputas. Olha, antes desse jogo que a gente vai assistir ser uma simples diversão, era disputa de gladiadores, ou mesmo disputa de exércitos. Jogos como o futebol possuem origens sangrentas. Tem uma música intitulada "Paradise" de uma banda brasileira chamada Angra, que é exatamente sobre isso:<br /><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/QJC8_jjsRpA&hl=pt_BR&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><br /><embed src="http://www.youtube.com/v/QJC8_jjsRpA&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br />Eu - Tem outra banda brasileira chamada Dr. Sin que possui uma forma mais descontraída de demonstrar esse nosso envolvimento visceral por esporte, em especial o futebol:<br /><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/jzUoZtcTYSI&hl=pt_BR&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><br /><embed src="http://www.youtube.com/v/jzUoZtcTYSI&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br />Eu - Bem, em todo caso, os chimpanzés também fazem guerra!<br /><br />Daniel – Macaco morde, né pai?!<br /><br />Eu – [rsrsrsrs] Sim, eles e todos os animais com mandíbulas!<br /><br />Daniel – Eu quero ficar longe dos macacos!<br /><br />Eu – Mas os chimpanzés também fazem paz. Na maioria das vezes é o que eles fazem. São peritos em paz e empatia! Acho que mais do que nós mesmos!<br /><br />Daniel – A tia falou na escola que não deveríamos matar os bichos!<br /><br />Eu – Isso mesmo! Chimpanzés não saem por aí destruindo com a nossa força, Daniel. Destruímos o mundo inteiro, dia após dia. Eu sinto muito, tenho vergonha disso, porque queria um mundo diferente para você.<br /><br />Daniel – Tá bom pai, eu não vou deixar que ninguém mate mais bicho nenhum!<br /><br />Eu – [rsrsrsrs] Ok, meu filho!<br /><br />Daniel – Pai, quem falou sobre essas coisas para você?<br /><br />Eu – Meu filho, eu leio nos livros e, por favor, prometa para mim que você vai ler também?<br /><br />Daniel – Vai demorar muito tempo para ler tudo que tem em casa, pai.<br /><br />Eu – Não importa, apenas prometa, meu filho! Quando você crescer apenas recorde disso, tá?!<br /><br />Daniel – Tá bom!<br /><br />Eu – Quando sua irmã crescer mais um pouco vou pedir a ela a mesma coisa!<br /><br />Daniel – Nós dois? Vamos ler o mesmo livro?<br /><br />Eu – Tem livro de sobra para vocês dois, Daniel! Olha, o que acabo de fazer ainda há pouco é também conhecido como aplicar o conhecimento adquirido. Há beleza no mundo físico, até mais ainda do que poderíamos antes imaginar. O azul do céu, o arco-íris, toda a impressionante força dos relâmpagos e trovões, o vento que sopra, animais, plantas e coisas tão pequenas que cabem debaixo de nossas unhas. O mundo está a sua volta para ser descoberto, meu filho. Só leitura trará os detalhes dessa beleza.<br /><br />Daniel – Minhas unhas estão limpas, pai! Não tem nada debaixo delas!<br /><br />Eu – Tem coisa na unha sim e não é sujeira, meu filho! [rsrsrs]!!! As forças mais incríveis desse mundo em que vivemos, esse planeta tão diferente da lua, do sol e das estrelas. Nosso mundo tão bonito e profundo que você não deve esquecer disso por qualquer que seja suas preocupações mundanas.<br /><br />Daniel – Hã?!<br /><br />Eu – É outra coisa que você entenderá meu filho. Estar vivo é a coisa mais fantástica que a matéria pode produzir, por mais rápido e efêmero que seja.<br /><br />Daniel – Num entendi, pai! Mas as pessoas morrem e eu sinto saudades de vovô!<br /><br />Eu – Eu também, meu filho! Mas é a ordem natural das coisas, isso também está nos livros, viu?! Não esquenta a cabeça agora! Pelo contrário, vamos colocar o que aprendemos em prática, olha o Icasa entrando em campo!!! VEEERDÃÃÃOOOOO!!!<br /><br />Daniel – VERDÃO, VERDÃO, VERDÃO!!! Vamos bombar nosso time, pai!!!!<br /><br />Eu – Isso mesmo!!! Conhecimento aplicado no cotidiano!!<br /><br />O final de tarde deu lugar à noite e, por incrível que pareça, o Icasa venceu por 6 x 2, quase 6 x 0 como Daniel desejou!!! Uma vitória que levou o Icasa a ascender até a Série B do Campeonato Brasileiro. Tanta alegria, o resultado da ação de hormônios e endorfinas somados ao contexto social e histórico. Esses constituindo o gatilho para nossa euforia e até agressividade traduzidas em gritos primatas milenares...<br /><br />... Até voltarmos para casa roucos.<br /><br /></p><br /><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; DISPLAY: block; HEIGHT: 278px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5431170691438186818" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg06LPGsMuuNsq-NZbBFVXjhdOYgG79Hg6gnr2q7tHONksKtfxoBBZJaYMDg4rCwkX52wD7juiQrP5Nwo3dU21SYjr5edQZ-m45b9MSvLI3YKneKCNR48SpcBzAXKqOBcrtZ4N-LC62L_k/s400/Icasa+Domingo+-+4.jpg" /><br /><strong>Ciência no dia a dia!!!</strong>Waltéciohttp://www.blogger.com/profile/11428068845185748640noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-2595726469075715072.post-79337148503826939412010-01-19T21:14:00.017-03:002011-02-03T17:42:14.409-03:00Diálogos: A Importância da Ciência<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0Ue5GdgTVB6B6ydcyKbIsg4N99xduMhF1BCf5bcbc5iChls5av7JcKnUVQIezbJUGxyxRnpDJqCwS_24lrb-jJCnbEGhaXbxRmIOSzbdt8cCo8uQ9t6OAGz7WYkBySFElHaoVrjUh62o/s1600/Fila_brasileira.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 300px; height: 181px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0Ue5GdgTVB6B6ydcyKbIsg4N99xduMhF1BCf5bcbc5iChls5av7JcKnUVQIezbJUGxyxRnpDJqCwS_24lrb-jJCnbEGhaXbxRmIOSzbdt8cCo8uQ9t6OAGz7WYkBySFElHaoVrjUh62o/s400/Fila_brasileira.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5569566359593707282" /></a><div style="text-align: left;"><br /></div> Início da tarde, com uma senha de atendimento na mão e espero minha vez em um banco qualquer. Tenho mais um projeto de pesquisa financiado para compra de equipamentos para a universidade que trabalho. Essa é minha função, o que devo fazer obrigatoriamente. O financiamento vem através de contas especiais, chamadas de “Tipo B”. Essas contas não podem ter movimento bancário além da emissão de cheques. Por isso, não possuo cartão, não posso consultar saldo no caixa eletrônico e todas as prestações de contas me levam à fila do banco. Você já precisou resolver problemas com cheques? Abertura, ou fechamento de contas? Perda, ou qualquer outro problema com seu cartão? É nesta fila que nos encontramos. No meu caso, só quero um extrato, algo hoje obtido facilmente em contas comuns. Como não é possível fazer isso de forma simples, eu trago sempre um livro comigo para ler na fila, sei que passarei a tarde inteira por lá. A fila é enorme!<br /><br />“PIM BOM” é o som que chama no painel para o próximo número. Consigo uma cadeira e começo a ler.<br /><br />“PIM BOM” novamente, levanta alguém do meu lado, outro senta.<br /><br />Sem esperar alguém fala comigo:<br /><br />– Qual o seu número?<br /><br />Respondo: - Hã?!<br /><br />– Qual o número de sua senha?<br /><br />– Ah! O meu é 614!<br /><br />– Eu sou o último então, o meu é 634!<br /><br />A minha resposta é quase uma expiração: - Putz!<br /><br />– Meu nome é Manoel! – Diz para mim estendendo a mão.<br /><br />– O meu é Waltécio! – Aperto a mão dele em cumprimento amistoso.<br /><br />Manoel – Walter?!<br /><br />Eu – Não, W A L T É C I O!!! Meu pai queria um nome diferente para mim e conseguiu! [rsrsrs]!!! Sei que Walter é muito mais popular e nem se preocupe, estou habituado a ser confundido assim, ou com a inclusão do “r” no meu nome.<br /><br />Manoel – [rsrsrsrs]!!!<br /><br />Soa o painel – “PIM BOM” – e aparece o número 911.<br /><br />Manoel – O que é aquilo? Fomos passados para trás?<br /><br />Eu – Não! É a forma deles representarem clientes especiais. Idosos, gestantes e deficientes possuem prioridade. Eles estão corretos, só que deveriam ser mais rápidos com eles e conosco. Se levarei uma tarde inteira aqui, algumas dessas pessoas especiais podem esperar quase o mesmo tempo que nós.<br /><br />Manoel – Compreendo! É culpa dos políticos corruptos que roubam nosso dinheiro.<br /><br />Eu – Parte também é nossa culpa e, claro, da nossa história.<br /><br />Manoel – Nossa história? Eu e minha família não fizemos nada, trabalhamos o dia todo e eu hoje tive que faltar o serviço para abrir minha primeira poupança. Se Deus quiser!<br /><br />Eu – Desculpa, eu não quis dizer apenas nós, eu, você e nossas famílias. É algo coletivo, de todos, a história de todos, a história dessa cidade, do Brasil. Os eventos no tempo que levaram nós dois estarmos aqui nessa fila enorme. Assim como as pessoas, agora sim, como eu e você que, por mais absurdo que pareça, mesmo não gostando, deixamos as coisas seguirem assim. Temos nossa culpa, de um jeito ou de outro, somos responsáveis pelo nosso destino.<br /><br />Manoel – Fazer o quê, né? Preciso dessa poupança, é uma conquista para minha família, graças a Deus.<br /><br />Eu – Bem, concordo com você no esforço pessoal e de sua família, só não credito isso a uma força mágica fora deste mundo.<br /><br />Manoel – Vixe! E você não acredita em Deus, é?<br /><br />Eu – Deixa isso pra lá! É uma discussão longa, mesmo que eu ache simples, mas eu não costumo conversar sobre isso, principalmente em filas de banco, ok?!<br /><br />Manoel – Qual a sua profissão?<br /><br />Eu – Sou professor!<br /><br />Manoel – De qual colégio?<br /><br />Eu – Gosto quando me fazem essa segunda pergunta! Sou professor de universidade, mas minha profissão é reconhecidamente pelo meu povo como estando ao lado deles principalmente no ensino fundamental e médio. Olha Manoel, tem companheiro meu na universidade que antes mesmo de você perguntar diria assim: “sou doutor e trabalho na universidade”.<br /><br />Manoel – [rsrsrsrs]!!! Verdade!!!<br /><br />Eu – E como!!! [rsrsrsrs]!!!<br /><br />Eu – Estranho, não deveria haver essa “distinção” entre os meus companheiros de profissão. Afinal, nossos filhos precisam dos melhores professores em todas as etapas de sua educação e não apenas na universidade.<br /><br />Manoel – Acho que seu amigo estava se referindo ao salário e ao diploma dele, não é?<br /><br />Eu – Verdade e vergonha ao mesmo tempo. É minha opinião sincera! Atendemos um público diferente, mas educar adolescentes é tão, ou mais complexo do que formar pessoas para ser tornarem professores. Não deveria haver tanta diferença salarial. Enfatizo que isso não quer dizer diminuição dos salários, não é nivelar por baixo uma necessidade humana como a educação. Pelo contrário, a profissão de professor deveria ser uma das mais bem remuneradas em todos os níveis. Quero que meus filhos sejam bem instruídos, tornem-se bons cidadãos e profissionalizem-se em uma das qualificações profissionais que possuam vocação.<br /><br />Eu- Ah! Nem sempre o tão alardeado “doutor”, possui título assim. Em vias de regra, quem exige demais ser cumprimentado por um diploma, normalmente nem o possui. Reflete mais um desejo pelo título, senão frustrações pessoais e profissionais.<br /><br />Manoel – Você é doutor?<br /><br />Eu – Sou professor, já disse! Embora em minha porta na universidade que trabalho eu coloquei o título que tenho. É mais para informar aos alunos, já que eles não entendem a diferença entre os professores e as agressões que sofremos, ou realizamos uns aos outros no dia a dia.<br /><br />Manoel – Pensei que isso só acontecia no comércio, onde trabalho. Mas é assim mesmo, tem gente que briga por qualquer coisa, mesmo quando não deveria fazer.<br /><br />Eu – Verdade! Somos humanos demasiado humanos!<br /><br />Manoel – Bonito isso, viu?!<br /><br />Eu – Mas não é meu... [rsrsrsrs]!!! É do título de um livro que gostei de ler na adolescência. Humano demasiado humano, de um filósofo alemão chamado Nietzsche. Muito bom livro, viu?!<br /><br />Manoel – Não leio muito, professor.<br /><br />Eu – Renda para viver com dignidade, Manoel, todos nós sabemos que o povo está longe disso no Brasil. Se é difícil o feijão com arroz todo dia na mesa, imagina comprar livros? Infelizmente isso é uma realidade!<br /><br />Eu – Qual a sua função no comércio? Onde você trabalha, Manoel?<br /><br />Manoel – Eu sou dono de meu negócio, professor. Eu vendo lanches (cachorro quente, salgadinhos, refrigerante). Há mais de dez anos! Me casei há sete e agora parece que as coisas estão melhorando para nós, né?! Por isso estou aqui, só saio daqui com minha poupança.<br /><br />Eu – Sabe Manoel, tem algumas pessoas que discordariam de seu, digamos, otimismo. Eu sou uma delas. Olha, tem um tal de Chomsky, lá nos Estados Unidos, é professor, digamos, de português, entende?! Gosto da visão dele sobre nós aqui na América Latina e outros países como o nosso (por exemplo, no continente africano). Por exemplo, tentaram diminuir ou exterminar nossas relações comerciais com países europeus para assegurar a ascendência comercial americana sobre os mercados latino-americanos. Isso aconteceu logo no início de nossa República em 1889. Nesse contexto, nosso país era chamado de o “Colosso do Sul”. Nós éramos, e digo que continuamos a ser, um país estratégico para os Estados Unidos. Qual estratégia? O papel da América Latina na nova ordem mundial pós-segunda guerra é vender as matérias-primas a preço de banana e absorver capital excedente dos Estados Unidos. Após séculos de genocídio de nativos, escravidão e colonização, agora desempenhamos nossa principal função de sermos explorados em proveito dos países industriais do centro, junto com todo o resto do Sul.<br /><br />Eu – Manoel, isso também não são palavras minhas. É de um livro de 1993 e mesmo antes disso, já havia grande debate nas universidades. Hoje é até piegas, ou cansativo para muitos repetir essas palavras. Mesmo que o povo sofra e sofra com ilusões de estar “progredindo”, “melhorando”. Tem um professor de economia famoso chamado Celso Furtado, ele alertou por toda sua vida e obra, que não estamos caminhando degraus de desenvolvimento. Nós não somos um país em desenvolvimento, nós somos o que somos hoje e agora. Nossa história, nosso presente e futuro, é tudo agora. Não existe uma cartilha de passos para seguir para nos tornar um tipo de Estados Unidos do Sul!<br /><br />Manoel – Eu não entendi, professor. Parece que você é um daqueles políticos revoltados.<br /><br />Eu – [rsrsrsrs]!!! Parece mesmo! Você tem razão! Esse discurso, mesmo verdadeiro, passou a ser explorado de tal forma que as pessoas quando ouvem só pensam em política partidária, reacionária e da pior espécie. Aquele tipo de faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço. Só queria falar para você que esta fila, o tratamento que temos agora é algo que vem de uma força histórica, social e cultural maior do que nós dois como indivíduos. Apenas uma coletividade desperta de sua alienação é capaz de entender e ir de encontro aos seus feitores. Não é fácil! Bom, deixa pra lá, caso contrário, você irá me perguntar a seguir se sou candidato a alguma coisa.<br /><br />Manoel – Num é que eu estava pensando exatamente nisso, professor!!!<br /><br />Eu – [rsrsrsrs]!!! Tá vendo, essas coisas viraram discurso e não prática. Rsrsrsrs!!! Manoel, eu não sou candidato a nada!<br /><br />Manoel – Todos dizem isso também! [rsrsrsrs]!!!<br /><br />Eu – Verdade! [rsrsrsrsrs]!!!<br /><br />Manoel – Na universidade o senhor deve estudar muito para dar aula, não é? Na escola que eu terminei meu segundo grau eu achava alguns assuntos muito difíceis, imagino se eu passasse no vestibular o que iria me esperar.<br /><br />Eu – É tudo mito, Manoel. Tenho um amigo, doutor e tudo mais, que admite abertamente que nunca leu um livro de romance. Ele estudou Machado de Assis na parte de literatura de seu livro do ensino médio. Para ele, foi o suficiente para passar no vestibular. Do meu lado, eu não sei o que seria do que sou se não tivesse lido “Dom Casmurro” e “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. São histórias que trago com carinho comigo, coisas que influenciaram o meu modo de ver o mundo. Outras pessoas não vêem as coisas assim. Seus professores de ensino médio tiveram que estudar no mínimo quatro anos para irem à sala de aula e transmitir o que aprenderam em uma linguagem acessível para o nosso povo e a faixa etária alvo (entre crianças e adolescentes). Não é fácil! Por isso, mesmo com nossos títulos na universidade, sei que muitos dos meus companheiros não conseguiriam fazer o mesmo. Ser professor em qualquer nível exige demais de você. Muita leitura, pesquisa e um esforço para transmitir o que se aprende às pessoas. Um desafio e tanto, sobretudo para nós que vivemos mergulhados em pobreza.<br /><br />Manoel – Pobreza? Eu não sou pobre, professor! Quer dizer, eu era muito pobre. Hoje tenho meu negócio e até carro 0 km!!!<br /><br />Eu – É uma outra ilusão, Manoel. Qual é o seu carro? Qual escola seus filhos estudam? Qual o seu plano de saúde?<br /><br />Manoel – Meu carro é simples e popular, professor. Financiei ele em 60 vezes! Quando as outras perguntas, acho que o senhor está me ofendendo. Eu trabalho muito, mas não tenho esse dinheiro todo para pagar escola privada de rico para meus filhos e no hospital uso o SUS, como todo mundo.<br /><br />Eu – Somos pobres, Manoel! Não é ter uma coisa que irá diminuir isso, mesmo com seu carro 0 km. Ou você vive bem, como um sueco em Estocolmo, ou não. Aqui no Brasil, inventamos esse termo de “classe média”. Alguém que vive trabalhando para ter o mínimo dos direitos humanos (educação, saúde, lazer e até transporte) pagos duas vezes é pobre... e pobre de verdade. Falo pago duas vezes porque primeiro vai em impostos altíssimos e depois ao setor privado, já que muito de nosso dinheiro suado é desviado. Eis a tal "classe média" brasileira! Quem não conseguir fazer isso, chamamos de pobres. Quem está muito longe disso, aí chamamos de miseráveis. Manoel, nós chamamos milhões de pessoas como eu e você de miseráveis. Milhões! O Haiti também é aqui!!!<br /><br />Manoel – Você voltou a falar como político, olha aí!!! [rsrsrsrs]!!!<br /><br />Eu – Na verdade, agora estou parafraseando uma música de Gilberto Gil e Caetano Veloso chamada "Haiti!"!! Aproveitando também a exposição desse país pobre e a calamidade que houve recentemente. Uma tragédia humana que dá revolta e vergonha quando assistimos.<br /><br /><object height="344" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/TzlFn-Eq15w&hl=pt_BR&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><br /><embed src="http://www.youtube.com/v/TzlFn-Eq15w&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br />Eu – Sabe Manoel, eu não sou obrigado, mas além das aulas que dou na universidade, também me atrevo a fazer pesquisa. Eu trabalho com doenças parasitárias de animais silvestres.<br /><br />Manoel – O senhor é veterinário?<br /><br />Eu – [rsrsrsrs]!!! Não Manoel, o nome de minha qualificação é zoologia. Trabalho com sapos, lagartixas e cobras. Com as doenças desses animais.<br /><br />Manoel – Vixe!!! Professor, sapo, lagartixa, calango e cobra? Isso tem doença?<br /><br />Eu – Até muito mais do que os parasitas que estudo.<br /><br />Manoel – Pra quê isso, professor?<br /><br />Eu – Faço uma pequena contribuição para entendermos problemas mais gerais. Não estou diretamente ligado à área de saúde humana, mas o que fazemos pode ser aplicado em inúmeros setores, como a própria veterinária que você acaba de citar. Claro, há pessoas hoje, centenas delas, que estão doentes por causa dos parasitas que eu estudo. Queria só dizer que tenho a minha atenção mais voltada ao cuidado dos sapos, lagartos e cobras. Há setores inteiros do conhecimento humano para nós mesmos, Medicina, Odontologia, Parasitologia Clínica, Fisioterapia, apenas para falar alguns nomes que você bem conhece.<br /><br />Manoel – Conheço sim, só não conhecia ainda um “doutor de calango”!!! [rsrsrsrs]!!!<br /><br />Eu – [rsrsrsrs]!!! É nós existimos!!! Tem “doutor” de tartarugas, macacos, aves e muito bicho por aí. Mas acredite, somos muito poucos, menos do que é necessário para estudarmos todos esses bichos.<br /><br />Manoel – Mas professor, o senhor acabou de falar de exploração do povo e agora diz que tem que ter doutor para cuidar de briba?! Falta pra gente, cuidar de calango é demais!<br /><br />Eu – Mais, ou menos, Manoel. O que eu falei é aquilo que concordo na literatura e na realidade do dia a dia. As palavras de Chomsky não perdem sua força, porque também necessitamos, por exemplo, de doutores em Artes Cênicas (teatro). Uma coisa não tem nada haver com a outra, pelo contrário, essa lacuna, essa sua estranheza com o papel da ciência e outros setores do conhecimento humano refletem o país que somos. Não é por acaso que nós na universidade estamos longe da população. Isso também é resultado dos mesmos processos que geram essa fila enorme aqui neste banco.<br /><br />Manoel – Eu não entendi direito, professor!<br /><br />Eu – Primeiro Manoel, quando se fala de ciência, você lembra do quê?<br /><br />Manoel – Foguete indo para lua, computador, raio laser, essas coisas!<br /><br />Eu – Exatamente! Tudo o que você falou faz parte do empreendimento humano. No início feito pelas classes dominantes. Sabe, Aristóteles era um grande filósofo, ele não tinha emprego para “filosofar”. Ele não ganhava um “salário” para publicar seus trabalhos, não sobrevivia disso, entende? Antes do século XIX, a ciência como vemos hoje nas bancas de revistas, ou nos noticiários da TV, não existia. Homens ricos, fidalgos, aristocratas tiveram interesses maiores do que simplesmente engordar, fizeram perguntas sobre a existência, ou mesmo sobre problemas do dia a dia e foram atrás de respostas. A forma como se faz isso levou séculos para ser padronizada. Não basta apenas lógica simples para responder perguntas, temos hoje que comprovar tudo que falamos. Essa linguagem da prova, ou hipóteses falseáveis como diria um certo filósofo da ciência chamado Karl Popper. A ciência, o método, as hipóteses falseáveis mudaram todo o mundo ocidental. Permitiu que além de conhecimentos, pudéssemos aplicá-lo de uma forma até antes nunca vista. Ou seja, toda a tecnologia que dominamos, da eletricidade aos remédios, compreendem verdadeiros milagres humanos. Através de erros e acertos (erramos muito mais do que acertamos, digo de passagem), padronizando nossas ações. O resultado? Nós estamos hoje, eu e você aqui sentados e com muita saúde por sermos vacinados contra a poliomielite!!! Isso só começou a acontecer a partir de 1962, sabia?!! Para você ter uma idéia, haviam 350 mil crianças com paralisia infantil em 1988, após anos de campanha de vacinação, em 2005 esse número caiu para 2.000. Em vários países essa doença foi erradicada, o Brasil está incluído entre esses países. Apenas em locais como a Nigéria permaneceram e advinha por quê? Grupos políticos tribais nigerianos acharam que a vacina disseminava AIDS, ou esterilizava crianças mulçumanas!!! A ciência muda a vida, para o bem, ou para o mal, nós já aprendemos isso, Manoel!<br /><br />Manoel – Isso é bacana!<br /><br />Eu – Mas, se eu e você estamos aqui com números 614 e 634 é porque alguma coisa está errada em nosso país.<br /><br />Manoel – O que isso tem haver?!<br /><br />Eu – Ser “pesquisador” e ganhar um salário para viver de ciência no Brasil é coisa muito rara. A grande maioria, a grande maioria mesmo de quem faz pesquisa na América Latina é, antes de tudo, professor. E não é só no papel, tem que dar aula mesmo. Ou seja, institutos de pesquisa são poucos nos países aqui do Sul do mapa. Muitas universidades que trabalhamos não possuem qualquer histórico, ou tradição em pesquisa científica. Olha eu repetindo novamente a mesma frase “a grande maioria, a grande maioria mesmo” das universidades são formadoras de professores para o ensino médio e fundamental. Temos menos institutos de pesquisa e universidades do que necessitamos e o pouco que temos também é comparativamente pequeno em relação aos grandes países do poder... Pesquisa científica não é o forte em nosso país, infelizmente. Não somos muitos e o dinheiro investido para isso, mesmo crescendo ano após ano, ainda está aquém do necessário para mudarmos nossa realidade com nossas próprias mãos.<br /><br />Eu – Um dia desses Manoel, nós não conseguiríamos fazer qualquer tipo de vacina. O Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz são luzes importantíssimas na escuridão da ciência que vivemos todos nós aqui na América Latina. Embora, apenas essas duas instituições não sejam suficientes e nossa dependência dos grandes laboratórios farmacêuticos internacionais está longe de terminar.<br /><br />Eu – Sobre nosso papel na ciência mundial, eu sempre gosto de citar a música do Jorge Ben Jor. Nós somos “A banda do Zé Pretinho”, nós chegamos um dia desses... para animar a festa!!!<br /><br /><object height="344" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/QWKe10uUUAc&hl=pt_BR&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><br /><embed src="http://www.youtube.com/v/QWKe10uUUAc&hl=pt_BR&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br />Nossa participação é recente, ainda pequena, mas muito importante, se compreendermos que temos de contribuir para o conhecimento humano como um todo. Por outro lado, há a necessidade de conseguirmos emancipação tecnológica e, por que não dizer, social. Precisamos contribuir sem sermos apenas dependentes passivos. Olha, há doenças neste país que são endêmicas, como o mal de Chagas. Não dá para esperar, nem acreditar que algum grande laboratório internacional se dedique a erradicar nossas doenças. Eles combatem prioritariamente seus próprios males das regiões temperadas. Dengue, Chagas, calazar e outras doenças vinculadas à pobreza desses nossos tristes trópicos são nossos desafios. Estou falando da área da saúde, mas há ainda necessidades como desenvolver e fortificar uma indústria brasileira sustentável, um programa sério de saneamento público em larga escala, reciclagem do mesmo jeito, muita coisa!<br /><br />Eu – É uma batalha e tanto! Ciência, educação, saúde, cidadania tudo junto até que essa fila absurda não exista mais, pelo menos não desse tamanho!<br /><br />Manoel – Continuo achando que você quer se candidatar a vereador, professor!!! [rsrsrsrs]!<br /><br />Eu – [rsrsrsrs]!!! Não dá para fazer tudo em uma única existência, Manoel!!! Olha a quantidade de necessidades humanas que possuímos aqui no interior do nordeste?! Você acha que é diferente do Norte, ou das regiões mais centrais desse nosso país continental? Há locais onde não há energia elétrica e a quantidade de analfabetos presentes em nosso país ainda é da ordem de milhões de pessoas!<br /><br />Eu – Mas não conseguiremos sem você. Sem o apoio do conhecimento do povo, de seus direitos. Por exemplo, por que infernos existe vestibular? Faltam universidades para todos, então construam, pô!!! Por que a Coréia possui industria automobilística própria e nós não? É achar que nós somos estúpidos demais para aceitar algumas coisas.<br /><br />Nesse momento ecoa pelo saguão do banco: “PIM BOM”. Duas horas e meia depois está lá no mostruário digital o número 614.<br /><br />Eu – É minha vez! Como diria minha mãe, desculpe-me se falei demais, Manoel. Eu não quis apenas reclamar. Espero que pelo menos entenda porque precisamos de educação, valorizar os professores e o papel da ciência na sociedade. Melhorar nosso arroz com feijão e a qualidade das frutas que comemos é ciência aplicada. As pessoas devem entender mais do que fazemos, porque toda a forma de preconceito só se mantém na ignorância.<br /><br />Manoel – Entendi, professor! Espero que meu filho nunca deixe de estudar.<br /><br />Eu – Nem você, Manoel, nem você!<br /><br />Eu – Até mais e se cuida!<br /><br />Após me despedir de Manoel, é hora de solicitar o extrato da conta do projeto que coordeno para prestar contas. A ciência caminha devagar, mas nesse caminho tortuoso, espero que pessoas como Manoel compreendam o que tentamos fazer com todas as dificuldades. Que ele tenha uma vida plena, enfrente os problemas desse país colonizado com cabeça erguida e se precisar de nós estamos ao seu dispor.<br /><br />Além disso, nossos filhos merecem muito mais do que temos hoje!<br /><br />Um mundo melhor!Waltéciohttp://www.blogger.com/profile/11428068845185748640noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2595726469075715072.post-38248458317899899882010-01-02T19:07:00.011-03:002011-02-03T17:40:58.743-03:00Diálogos: Apresentação - Feijão com Arroz e Ciência<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBwsO057_7D9b_K2ov22evS3pm1wfOrGybA7lCpKL-VQHNj77Ko_1BHKXh1cnV5ZplVzG0amPhXw3VS6nxBh0UkUroXeJcJ_Oqc8fjyyJocKMGKPi3qUugxK7f4rQQuk3y1d9xX84Jz9k/s1600/arroz-e-feijao.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 272px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBwsO057_7D9b_K2ov22evS3pm1wfOrGybA7lCpKL-VQHNj77Ko_1BHKXh1cnV5ZplVzG0amPhXw3VS6nxBh0UkUroXeJcJ_Oqc8fjyyJocKMGKPi3qUugxK7f4rQQuk3y1d9xX84Jz9k/s400/arroz-e-feijao.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5569565937066280626" /></a><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Ir onde o povo está, falar com as pessoas comuns em filas de banco, nas praças, nas arquibancadas dos estádios de futebol, nas feiras livres. Falar de ciência, dos avanços, do que sabemos, o que continuamos a procurar, das limitações biológicas de nosso cérebro, tudo em linguagem direta e sem mistérios. Eis o desafio desta nova série chamada Diálogos.</div><div align="justify"><div><div><br /></div><div>Tenho três objetivos com os textos que publicarei: (1) fazer-me entender pelo brasileiro médio, (2) treinar o uso de uma linguagem coloquial para meu tão desejado romance e/ou contos futuros, (3) conjugar ferramentas de comunicação (linguagem popular + internet) para tentar divulgar ao máximo coisas interessantes e verdades que já descobrimos, em apenas dois séculos de ciência como a conhecemos.<br /><br />Estou claramente sob influência de Platão, cujos tratados filosóficos foram em sua grande maioria escritos na forma de diálogos. Neles estão não apenas a filosofia desse pensador, mas a de Sócrates e Aristóteles, os três que compreendem os pilares iniciais do conhecimento ocidental. Dizem até que Sócrates, Platão e Aristóteles não passam de personagens nos Diálogos de um único homem na vida real.<br /></div><div style="text-align: center;"><br /></div> Bem, não tenho a pretensão de criar personagens tão marcantes assim, ou de lidar com aspectos profundos do conhecimento humano, tão pouco me ater com um tratado de moral e ética. Longe de tudo isso, quanto mais fácil e simples possível eu conseguir escrever, melhor para mim. Quero construir alguns textos livres e sem grandes pretensões, metaforicamente, ao invés de “café com ciência”, algo mais tupiniquim ainda na forma de “feijão com arroz e ciência”.<br /><br />Para entender a origem dessa minha necessidade, por favor meu amigo leitor, deixe seus olhos percorrerem apenas mais três parágrafos, ok?!<br /><br />Nesses últimos meses tenho lido livros de divulgação científica. Entretanto, notei que mesmo os mais simples e diretos, ainda assim possuem certo grau de dificuldade em algumas partes específicas (seja da biologia, física, sociologia, etc.) para profissionais e leigos inteligentes que não são da área específica do livro em questão.<br /><br />Além disso, eu já experimentei publicar livro, capítulos de livros e artigos científicos. Pegando dois exemplos e apresentando alguns números esclarecedores de como anda minha vida acadêmica: (A) LIVRO – no ano de 2000 publiquei um livro pela Holos Editora, cuja primeira edição foi composta de 500 exemplares. Em 2001 saiu a segunda edição com uma tiragem um pouco maior de 800 exemplares. Hoje o livro está esgotado! Mesmo que bibliotecas tenham adquirido meu livro, provavelmente cerca de 1.000 pessoas possuem um exemplar cada. Vamos à realidade, antes que eu mesmo pense que estou fazendo sucesso, somos hoje no Brasil 180 milhões, como entre essas pessoas cerca de 1.000 possuem meu livro, então isso equivale a 0,0005% da população; (B) ARTIGO – com uso do Scielo Access Statistics, somei todos os acessos de um de meus melhores artigos publicado na Revista Brasileira de Zoologia em 2003. Até o mês passado (dezembro de 2009) já foram 6.466 acessos. Caso esses acessos fossem feitos apenas por brasileiros (o que não é verdade), comparativamente falando, isso quer dizer que cerca de 0,004% da população acessou esse artigo. Resumindo tudo, se eu fosse avaliado pelo retorno de minha produção acadêmica aos cidadãos brasileiros, eu estaria “lascado”! Quase ninguém conhece o que faço! Claro, esses dois trabalhos foram feitos para um público restrito com muita tecnicidade e jargão científico. Vergonhosamente, não fiz quase nada de consumo popular.<br /><br />Então é isso! Os Diálogos compreenderão algo novo para mim. É como sair ao mercado descalço e falar das coisas do mundo, não como detentor da última gnose, mas através de perguntas e respostas, buscar a verdade, ensinar e aprender segundo o estado da arte atual do conhecimento científico, em linguagem direta e simples. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div>Eu amo a internet por proporcionar momentos assim... Sigamos aos Diálogos, nosso feijão com arroz e ciência!</div><div align="justify"></div>Waltéciohttp://www.blogger.com/profile/11428068845185748640noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2595726469075715072.post-53907767188400788542009-11-02T08:18:00.017-03:002013-05-28T10:53:27.394-03:00Sobre encontros, professores, vaidades e rivalidades<div align="justify">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ9qbYfffScDwJUQ-54g85cPK9Am8gZu0ST_en6YPMiBE1N9Emtjj52mKMVwtq4dU8sA03HNdyivQQfM9T9MPnhI8Xuqes2XW1a0RougAu31ZqAHJ1ppJT8cw9Yf6Mh6EwsHYmFOTLUCU/s1600-h/34A455_1.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5399472561053259730" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ9qbYfffScDwJUQ-54g85cPK9Am8gZu0ST_en6YPMiBE1N9Emtjj52mKMVwtq4dU8sA03HNdyivQQfM9T9MPnhI8Xuqes2XW1a0RougAu31ZqAHJ1ppJT8cw9Yf6Mh6EwsHYmFOTLUCU/s400/34A455_1.jpg" style="cursor: hand; display: block; height: 400px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 300px;" /></a><br />
<div align="justify">
<strong>Preâmbulo</strong>Abro a porta da cozinha e saio correndo o máximo que posso. É início da tarde na casa de minha avó, eu tenho 11 anos de idade. Nesse horário é comum encontrar meus primos para brincar de SWAT, Liga da Justiça, sacis do Sítio do Pica Pau Amarelo e, para finalizar o dia, futebol.<br />
<br />
De policial ao saci lambão passa-se à tarde. Em certo momento, acima de nossas cabeças, passa um avião. Volto meus olhos para os céus e penso: “lá estou eu no futuro, olhando para baixo e vendo eu no passado”.<br />
<br />
Normalmente quando adultos subestimamos crianças, achamos que elas, ou nós mesmos, tivemos um longo tempo de dormência cerebral e que só começamos a ser quem somos a partir da adolescência. Bem, comum ou não, eu tinha lá minhas idéias quando criança e esse encontro comigo mesmo através do tempo era uma das minhas preferidas.<br />
<br />
Foi isso que eu lembrei aos 32 anos quando estava em meu primeiro vôo. Em certo ponto da viagem olhei pela janela abaixo e confirmei o encontro: “lá estou eu no passado, olá menino Waltécio, você e suas certezas, hein?!”<br />
<br />
E não parou por aí...<br />
<br />
Agora tenho 22 anos e perambulo pelos corredores da Universidade Federal da Paraíba. Sempre olhava para as janelas das salas de aula e pensava: "lá estou eu como professor, em algum lugar olharei para fora da sala de aula e faremos nosso segundo encontro entre passado e futuro".<br />
<br />
Entretanto, dessa vez eu compliquei o encontro, porque visualizei o professor que eu seria. Aos 37 anos de idade e com quase sete anos de exercício no magistério, olho pela janela da sala de aula e não me vejo nos corredores. Por que o segundo encontro comigo mesmo ainda não aconteceu?<br />
<br />
A resposta eu expresso em uma parábola antropomórfica: <em><strong>em minha profissão primatas se transfiguram em pavões, mas sou símio demais para fingir ser uma ave vaidosa</strong></em>!<br />
<br />
<strong>Professores</strong>Uma das profissões mais respeitadas no mundo inteiro é a de médico. Quando a máquina de nosso corpo falha, ou desenvolve algo ruim, ou é atacada por um agente infeccioso, precisamos de ótimos médicos para fazer nossas vidas voltarem ao que eram. Queremos viver nossas vidas ao máximo possível, até os 120 anos potenciais de um humano muito sortudo e saudável. A medicina está no centro dessa nossa necessidade.<br />
<br />
Professores possuem funções um pouco diferentes. São essenciais, mas para fazer o inverso de um médico: mudar nossas vidas! Ao ir à escola e universidade não esperamos voltar os mesmos, tão pouco para a mesma vida de antes. Professores são profissionais que guiam pessoas na realização de sonhos.<br />
<br />
Eu não poderei citar alguns nomes nos momentos difíceis deste texto, mas quem é próximo de mim saberá dos personagens reais implícitos. Um deles, um professor muito conhecido, certa vez falou: “<em>eu não preciso de ninguém. Eu me construí sozinho</em>.” Duvido muito dessas palavras e na época que ouvi foi de um de seus alunos, que guardavam certo desapontamento com isso e do professor em questão.<br />
<br />
Na universidade tive exemplos positivos de professores muito especiais: a força e perseverança da profa Branca, a rebeldia de Paulo Rosa, a liderança de Adelmar Bandeira, o empenho de Ierecê, a calma de José Creão, o marxismo irreverente de Luiz(ito), o saber ouvir de Robson, o coração de estudante de Juracy e a torcida pelos alunos de Rosa Leonel. Isso guardei em minha agenda para misturar às características do professor que quero ser.<br />
<br />
Todavia, só quem vive no meio acadêmico é quem sabe. Além da mediocridade, há alguns cujo ego não cabe no peito. Pior ainda, sentem-se o Charles Darwin vivo, perdidos em seus mundos particulares, insensíveis a qualquer problema social, incapazes de dizer um “bom dia”, absortos em suas consciências de pequeno burguês.<br />
<br />
<strong>Sobre as vaidades acadêmicas</strong>Qualquer profissão apresenta certo desgaste em seu exercício. Algumas são mais de desempenho físico, outras urgem mais de características psicológicas e subjetivas. Ambas são essenciais, possuem seus estresses e pontos limites que não devem ser ultrapassados.<br />
<br />
No caso das universidades, primatas se transmutam em pavões, é o que vemos no dia a dia por todos os lados.</div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
<img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5399470600622208210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7g2lzgQVvBzXwLwH3ShRyGGSImjOEGz-ejydvCi4c-hJBRWQrETELIDP_le2DrfN1zEozuTkHfjFWLFgj_jB3QsB0qshIiDTvNNySJ5v9hyphenhyphen22c540hzkTJSEXegQ9Nuc9_lD_gVxj-zg/s400/PAVO_1~1.JPG" style="cursor: hand; display: block; height: 300px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" />De certo, grandes nomes contemporâneos do conhecimento humano estão ligados às instituições de ensino superior. Cito como exemplo alguns de meus autores favoritos: Noam Chomsky, Richard Dawkins, Frans de Waal, Stephen Hawking, Robert Sapolsky, Jared Diamond e Edward Wilson. O reconhecimento de cada um desses nomes deu-se pelo que chamamos “mérito acadêmico".<br />
<br />
Apesar de casos assim, na soma total, a maioria dos professores são educadores, ponto. Entre essa maioria estão os pesquisadores emergentes e muita gente que usa do <em>status</em> das estrelas para si próprio. É como um médico falar que é o “MD House” só porque exerce a mesma profissão do personagem fictício, mas passa ao largo da criatividade, produção científica e por vezes até a titulação.<br />
<br />
A fórmula funciona assim: se tal profissão contém certa fatia de fama, então eu que a exerço sou famoso, ou mereço atenção especial.<br />
<br />
O problema maior é que a verdade estabelece sua permanência no que chamamos realidade. Os alunos sabem discernir os melhores professores, assim como também os pavões dos primatas. Pelo menos deveriam!<br />
<br />
<strong>Os professores adoecem</strong>Do outro lado dessa história estão os educadores, aqueles profissionais essenciais para sermos o que somos, mas que há décadas são desvalorizados profissional e socialmente.<br />
<br />
Os professores são o fruto das universidades, são formados nelas para ocuparem todos os níveis da educação. A universidade também é o lar da produção do conhecimento, por isso, professores são apresentados ao sonho de participarem da construção de algo novo, eles são agentes críticos dos próprios livros que usam, conhecem, ou mesmo criaram aquilo que ensinam.<br />
<br />
Sonhos de ser um professor/pesquisador podem ser rapidamente extirpados quando esses profissionais são mal remunerados, enfrentam condições precárias de trabalho, jornadas para além do recomendado e alunos nada “gentis, ou compreensíveis”. Todos sabemos que isso no nosso Brasil é uma regra, não exceção. Numa profissão que busca reconhecimento intelectual e desempenho curricular, professores adoecem com facilidade. Muitos entram em estresse e depressão aguda, desenvolvem síndrome de burnout.</div>
<div align="justify">
</div>
<img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5399469352389182658" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv2kSo2_euMFKbVMYlugRBYxHwyNmtOOPv0gFVoQwde7mtOlpzB7l3Ki192cY4_k_HjFJljoegmEsAt-ybmF0OvvMOyc6h_KMhHWYCX-RJyRn8dwCUF6WOHApPPTYgwnIrXfiFJO96PpU/s400/burnout4.jpg" style="cursor: hand; display: block; height: 240px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 320px;" />Professores padecem de seus sonhos, pelos sonhos de outros, para os sonhos de todos.<br />
<br />
<strong>As rivalidades</strong>Comprei o livro do jornalista britânico Michael White (2003 - Rivalidades produtivas, Editora Record) só de ler em sua orelha: “<em>Na criação científica não há chance para ‘segundos inventores’, e</em> Rivalidades produtivas <em>mostra até que ponto gênios e prêmios Nobel são propensos a fofocas, intrigas, conflitos de personalidade, vilezas e ego trips. Tudo alimentado por variáveis que definem controle industrial, econômico, geopolítico, gerando decepções que resultam até em morte</em>”. </div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
</div>
<div align="justify">
No mesmo livro, cito um de seus melhores exemplos: a biofísica inglesa Rosalind Franklin e o seu papel na descoberta da estrutura do DNA.<br />
<br />
Leia alguns trechos importantes:<br />
“<em>A origem do desconforto de Rosalind, e, em última análise, o principal motivo pelo qual ela não conseguiu descobrir a estrutura do DNA antes de Crick e Watson, era seu terrível conflito com Maurice Wilkins. </em>(...)<em> O relacionamento entre Wilkins e Rosalind havia se deteriorado a tal ponto que ela nem mesmo mostrava seus resultados ao homem que oficialmente era seu chefe. </em>(...)<em> Para nossos heróis, a elucidação da estrutura do DNA foi uma experiência que modificou suas vidas. Em 1962, Crick, Watson e Wilkins dividiram o Prêmio Nobel por seus esforços para descrever a molécula do ácido desoxirribonucléico. Infelizmente, Rosalind Franklin morreu de câncer em 1958, com apenas 37 anos de idade. De acordo com as regras do comitê do Prêmio Nobel, o prêmio só pode ser dado a cientistas vivos e não pode ser dividido em mais de três partes. Muita gente ficou imaginando o que os juízes em Estocolmo teriam decidido se Rosalind estivesse viva. O debate, embora não tenha mais sentido, continua até hoje. </em>(...)<em> Quando perguntaram a Watson quem, na sua opinião, deveria ter recebido o prêmio se o câncer não tivesse roubado a vida de Rosalind, ele respondeu sem hesitar: Crick, eu e Rosalind Franklin</em>” (White, 2003: 329-366).<br />
<br />
Quem não viu fatos semelhantes assim acontecerem na universidade brasileira? Estou nesse mundo desde 1993, de aluno a professor vi muita coisa acontecer. Contaram-me histórias de rivalidades trágicas, uma das piores é de um provável assassinato culposo, onde um pesquisador (zoólogo) deu um soco em seu rival, o qual teve parada cardíaca e morreu.<br />
<br />
Confesso cheio de vergonha que em muitas vezes perdi minha cabeça. Já gritei em reunião de departamento, já discuti aos pulmões e quase chego às vias de fato. Nessas ocasiões fui mais um imbecil acadêmico, cheio das certezas e todo equivocado. Em todos os casos passados, sempre me desculpei e fui desculpado... Hoje evito uma discussão desnecessária como o diabo à cruz.<br />
<br />
De outro lado, na forma de professor o que não me falta são lembranças de desrespeitos de companheiros de trabalho, pedidos para “jeitinhos”, inúmeros favores políticos e, claro, as minhas próprias rivalidades acadêmicas. Basta apenas publicar um único artigo em uma boa revista para se conquistar um inimigo. Por isso, sempre penso comigo repetidas vezes: quanto maior for seu brilho, maior escuridão se avizinhará.<br />
<br />
<img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5399466896144522114" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvjYUKs8mBSAbW3i6E50eavsLZgaVhLNXhJw7z8UuDEjYiXE2hTj-pLmpypIIxJqa8qMqjLakjP3aB2RXiUX-sFVj-2cmFc1I8-McrhEFbZOdSZ5icsrQHFJOpFkdawNJOA616OsvAN-A/s400/cartoon_3836.jpg" style="cursor: hand; display: block; height: 282px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /><br />
<br />
<strong>Epílogo: encontro marcado</strong><br />
Olho para a janela agora e reconheço para mim mesmo que ainda não chegou a hora de meu encontro, o aluno que fui está lá, mas o professor que imaginei eu ainda não me tornei. Decididamente tenho que desenvolver um ponto de equilíbrio, não esquecer quem sou, minhas origens... Eu não posso me alienar e abandonar os milhões de pessoas que estão lá fora apostando, melhor ainda, financiando minha profissão.<br />
<br />
Até agora, apenas quatro de meus orientados chegaram a mestrado, dois deles estão no doutorado. Nesse ponto eu sei que me realizei enquanto professor, mudei para melhor a vida dessas pessoas. Quero mais ainda, porque resultados assim é o remédio que preciso para conviver no dia a dia com pavões e aspirações de pequeno burguês.<br />
<br />
Há mais o que fazer e um encontro comigo mesmo para realizar!<br />
<br />
<img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5399471615390665730" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSaHGTdbheyClAC5PlNkO8QTjRgeD-ezGq45tOandGONBgdtqDOu3Gqo2cmWrHJnszy3PhVydVP_Srh4g63e2THXh8CWL2jV_HP2Q2IeFGrH1QjkldX4Ozc09w67WWnFIjAfdufiR81Co/s400/eu+e+minha+sombra.jpg" style="cursor: hand; display: block; height: 300px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" />Saudações educacionais para todos!!!</div>
Waltéciohttp://www.blogger.com/profile/11428068845185748640noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2595726469075715072.post-49447894019510920912009-09-27T21:30:00.035-03:002010-08-01T17:06:26.682-03:00Ano Darwin<div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXJmqYOI_gcj0RgnnjLnXexaZ71WfRXviZy1wec-aMD8YKgWweQr-Em82EFT8d03clwBLyV7nplCR-ZVPpUfSGsPHxojf8rE8YTnmUQ9oxrKKmIJ7Fk39ZLYMa-BCzrhWtbmU_oi9bhx8/s1600-h/Unveiling_Darwin_statue_in_1897.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5386432293732748034" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 322px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXJmqYOI_gcj0RgnnjLnXexaZ71WfRXviZy1wec-aMD8YKgWweQr-Em82EFT8d03clwBLyV7nplCR-ZVPpUfSGsPHxojf8rE8YTnmUQ9oxrKKmIJ7Fk39ZLYMa-BCzrhWtbmU_oi9bhx8/s400/Unveiling_Darwin_statue_in_1897.jpg" border="0" /></a><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"> Quase no fim do ano, eis aqui outro texto comemorativo ao aniversário de 200 anos do nascimento de Charles Robert Darwin (1809-1882) e 150 anos da publicação de sua obra-prima “On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or The Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life (1859)”.<br /><br />Decidi que este post não deveria abordar pontos técnicos da Teoria da Evolução por Seleção Natural que estão muito bem descritos na literatura, divulgação científica e em milhares de textos disponíveis aqui na internet. Ao invés disso, acho nesse momento que o lado humano de Charles Darwin e seu contexto social são interessantes e adequados para as datas comemoradas. Afinal, trata-se de comemoração do aniversário de uma pessoa, cujo livro famoso é um produto seu.<br /><br />Minha síntese é vulgar, mas humana e despretensiosa, baseada nos livros que li (veja lista abaixo).<br /><br />De forma estranha, contudo necessária, este é um post em saudação a Jean-Baptiste Pierre Antoine de Monet, Chevalier de Lamarck (1744-1829).<br /><br /></span><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5386426604931580642" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 266px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbrrM_4OmuMz83QEQpF68kCrYpFhtSBmwwrcog1wHHgTW4ALBuFsIpVpslBTQ-n8TYxkgxsl5aXS-9FutUkk16nGaP-KQiSwfhtNEnWjFToFXmimAB-44jLCelh0stR5ZnUVXxMvyCVss/s400/398px-Statue_Lamarck_Leon_Fagel.jpg" border="0" /><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"><br />Curioso? Façamos as perguntas certas:<br /><br /></span><strong><em><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Por que Lamarck não é reconhecido como “pai” do evolucionismo moderno?</span></em><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"><br /></span></strong><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"><br /></span><em><strong><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Qual a diferença verdadeiramente científica e social entre Lamarck e Darwin?<br /></span></strong></em><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"><br /></span><em><strong><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Como Mendel figura nessa história da Sociologia da Ciência?<br /></span></strong></em><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"><br />Vamos lá!<br /><br /></span><em><strong><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Por que Lamarck não é reconhecido como “pai” do evolucionismo moderno?<br /></span></strong></em><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"><br />Lamarck foi um homem com visões muito à frente de seu tempo. Se você não sabe, fica aqui mais um relato em reconhecimento ao primeiro evolucionista moderno da história de nossa ciência ocidental. Em Philosophie Zoologique (1809) ele foi o “pai” da idéia central, pô! O que é evolução? Resposta: modificações por descendência dos sistemas biológicos através do tempo. Houve Zoönomia (1794–1796) de Erasmus Darwin (1731-1802), um poema épico no qual a vida se transmutava, mas sua linguagem é mais literária do que científica. Por isso, discordo do biógrafo britânico Paul Strathern (2001: 15), não é chauvinismo reconhecer Lamarck como o fundador do evolucionismo moderno, é um fato histórico!!!<br /><br />Até esse ponto haviam se passado mais de mil anos de ensino das ciências naturais ancoradas em idéias filosóficas de Platão e Aristóteles para um mundo constituído de componentes eternos, fixos no tempo e no espaço. Lamarck foi o primeiro a propor com parâmetros científicos uma ruptura dessa crença. Ele foi um homem de coragem e ousadia. Essa ruptura proposta não se restringia às ciências biológicas, ia de encontro aos dogmas religiosos e mesmo a concepção da organização política e social do século XVIII.<br /><br />Como ele se atreveu a isso? A ciência como conhecemos hoje estava se formando, pessoas como Lamarck são exemplos disso. Sem contar que foi na França a primeira vez que se contratou profissionais com remuneração para estudar a natureza. Nascia em meio em meio ao Iluminismo e Revolução Francesa minha profissão de professor/ pesquisador... Antes, pesquisar era uma atividade tal qual um hobby elegante da aristocracia.<br /><br />Lamarck acertou o centro do que eu identifico como axioma da Biologia Evolutiva: a inconstância temporal e espacial dos sistemas biológicos!!!<br /><br />Entretanto, três coisas pesaram contra suas idéias. Primeiro, Lamarck teve como inimigo uma celebridade científica de sua época: o Barão Georges Cuvier (1769-1832). Este deflagrou ataque aberto para que ninguém citasse em publicações as idéias de Lamarck. Na ciência que conhecemos hoje, a tentativa de ignorar alguém dessa forma é algo semelhante a um assassinato profissional.<br /><br />Segundo, os conservadores ingleses não aceitariam qualquer proposta que fosse passível de ser incorporada em manifestos de esquerda. Evolucionismo estava nessa lista. Afinal, os reis e nobres, políticos, empresários e clérigos justificavam suas posições sociais como uma “vontade natural divina”. O mundo era fixo, criado por deus, a organização social também!<br /><br />Em terceiro e por último, Lamarck era pobre, sem influência do “capital”. Não é tão diferente hoje, ou você acha que onde se possui dificuldades financeiras pode surgir facilmente um grande cientista? Não deixe de reler o post sobre isso aqui no Macaco Alfa: “[clique] </span><a href="http://macacoalfa.blogspot.com/2008/11/sociologia-da-cincia.html"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Sociologia da Ciência</span></a><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">”.<br /><br />Quem leu um pouco sabe que Lamarck foi uma figura tão forte que mesmo os seus críticos mais ferrenhos leram sua obra. Por isso falar em evolucionismo é falar sobre ele. Por exemplo, Darwin foi lamarckista quando tentou explicar como os “caracteres vantajosos” dos “mais aptos” eram transmitidos para os descendentes. Darwin concordou com Lamarck sobre os caracteres adquiridos ao propor a pangênese. Se os caracteres adquiridos foi um erro de Lamarck, façamos um peso duplo para Darwin que também aprovou essa idéia.<br /><br />Mesmo assim, Lamarck é ridicularizado nos livros de ensino médio por isso. As girafas ilustrativas é uma vergonha para os autores que continuaram, sem análise crítica, a reproduzir os preconceitos sociais e científicos para rebaixar Lamarck e exultar Darwin. O exemplo maior disso é que os erros de Darwin não figuram nos mesmos livros que demonstram “os pescoços adquiridos das girafas”. No ensino médio, que forma a mentalidade dos cidadãos comuns deste Brasil, é vendida a imagem de um Darwin imperioso e solitário fundador da evolução, certo de tudo, cientista perfeito, cujas idéias foram amplamente aceitas. ¬¬<br /><br />Sobre essas coisas típicas da Sociologia da Ciência, sempre falo nos seguintes exemplos ilustrativos em sala de aula:<br /><br />1) Como são as relações entre Brasil e Argentina para um brasileiro comum? Por exemplo, quem é o melhor jogador de futebol do mundo, Pelé, ou Maradona?<br />2) Quem é o pai da aviação segundo um norte-americano comum?<br /><br />Respondeu as questões?<br /><br />Para os brasileiros Pelé é o “rei do futebol”, mesmo que a Fifa reconhecesse o contrário elegendo Maradona o melhor jogador do mundo. Mas, para os argentinos essa resposta está errada. As relações entre Brasil e Argentina são sempre apresentadas assim pelas ruas dos dois países.<br /><br />Nos Estados Unidos qualquer pessoa comum dirá para você que não é um único homem a inventar a aviação, são dois norte-americanos: “os irmãos Wright”. Decepcionado?! Acha que a resposta seria diferente se perguntássemos quem foi o inventor do avião e não da aviação? Estou escrevendo sobre o americano comum, aquele apenas com o equivalente ao nosso ensino médio... a “maioria”, o povo, “só isso”!!! Eles continuarão a dizer para você: “os irmãos Wright”.<br /><br />Inglaterra e França historicamente construíram relações semelhantes como as do Brasil/ Argentina. Dificilmente um herói francês será aclamado por ingleses e vice-versa.<br /><br />Deixo claro, Lamarck foi reconhecido o “the Linné of France” muito depois de sua morte... e que morte! Pobreza quase absoluta, sua família precisou de ajuda financeira para sobreviver e ele foi enterrado no que chamamos de “cova coletiva, ou vala” com pás de cal por cima, em meio as centenas de pessoas sem nome... seus restos mortais estão hoje perdidos para sempre!<br /><br />Parece que respondi parte da segunda pergunta deste post, mas há um pouco mais a escrever sobre isso.<br /><br /></span><em><strong><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Qual a diferença verdadeiramente científica e social entre Lamarck e Darwin?<br /></span></strong></em><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"><br />Lamarck errou em parte sobre o mecanismo pelo qual ocorria a evolução das espécies. Há mais ainda, ele errou em atrelar o processo de evolução ao progresso contínuo rumo a uma perfeição idealizada pelos antigos filósofos naturalistas da Grécia (a “cadeia do ser” que culminava em nós humanos). A evolução das espécies de Lamarck incorporou esse senso comum. Darwin propôs um mecanismo adequado e consistente aos fatos observáveis: a seleção natural. Uma das diferenças entre ele e Lamarck tão divulgada para o público. Mas, há mais similaridade do que grandes diferenças aqui. Darwin além de incorporar a idéia de transmissão de caracteres adquiridos pela pangênese, também se rendeu ao senso comum do progresso na evolução, os seres mais aptos foram interpretados como “melhores e superiores” do que outros. O estudo da correspondência de Darwin demonstrou que após a publicação da Origem das Espécies, ele se tornou cético em relação a essa idéia de progresso.<br /><br />Isso são apenas alguns exemplos de diferenças e similaridades entre Lamarck e Darwin. Naquilo que verdadeiramente eram díspares está na origem social de ambos. Lamarck vem daquilo que nós brasileiros chamamos de classe média baixa. Lamarck tinha de trabalhar para sobreviver. Chegou a ser herói de guerra, condecorado e ferido em campo de batalha. Lamarck foi o cara!!!<br /><br />Darwin nasceu em berço esplêndido, teve receio (ou mesmo medo) de publicar suas idéias. Foi reconhecido e laureado por grandes vultos de sua época, embora tivesse em segredo idéias bastante diferente dessas pessoas. Darwin parecia usar da política social esguia similar a do geólogo inglês Sir Charles Lyell (1797-1875), que particularmente concordava com suas idéias, incentivava-o como amigo a publicá-las, mas, publicamente, para não abalar sua posição social, nunca o defendeu em nenhum momento. Muito pelo contrário, parecia Pedro negando três vezes aquilo que deveria ter orgulho. O status social da família Darwin poderia ser abalado com essas idéias de “evolucionismo francês”, isso foi uma das maiores tormentas psicológicas para esse homem que evitava conflitos.<br /><br />O escárnio de Lamarck nas universidades inglesas refletia o medo e aversão das idéias revolucionárias da França. Lá cortaram as cabeças do rei Luís XVI (1754-1793) e sua rainha Maria Antonieta (1755-1793), difundiram o conhecimento literário e científico para as massas, inspiraram o mundo inteiro com os ideais mais nobres de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”... Os Estados Unidos entraram em guerra contra a Inglaterra por sua independência (1775–1783). Após isso, conseguiram em 28 de outubro de 1886 um presente “modesto” da França, nada mais, nada menos do que um de seus símbolos máximos: a Estátua da Liberdade (La liberté éclairant le monde).<br /><br /></span><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5386425903884003938" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 400px; CURSOR: hand; HEIGHT: 266px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSOYddXCfWp-sFVCg2XO8I8SYa2G-3ps5QyYMrwWE812mbFkBlTck4lAHre20BXEhlpGyQhQs82kpFmcHcN_ORng6LmFQb8ch_1NbyLrmCyUCySVntHSVoTxYnIDFqyUyjmOvAEWo7zeI/s400/IMG_2699_800px.jpg" border="0" /><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">A Inglaterra monarquista perdeu à força suas colônias nas Américas e a França revolucionária se orgulhava de ter apoiado tudo!!!<br /><br />Vocês entendem agora o porquê da origem do evolucionismo moderno está difundido e atrelado a um herói inglês e não um francês pobre?<br /><br />Claro, nem tudo é assim tão na cara. Charles Darwin queria um mundo impossível de existir na Inglaterra vitoriana: uma carreira de status entre os fidalgos conservadores e a aceitação de uma teoria revolucionária contrária as crenças dessas mesmas pessoas. Ele teve ao seu lado importantes defensores como o anatomista e fisiologista inglês Thomas Henry Huxley (1825-1895), o botânico norte-americano Asa Grey (1810-1888) e o britânico e também botânico Joseph Dalton Hooker (1817-1911). Apesar disso, não escondeu sua tristeza por ver o desaprovo de seus professores mais queridos: John Stevens Henslow (1795-1861) e Sir Charles Lyell.<br /><br />Charles Darwin viveu dos proventos de seu pai rico, assim como ele, investiu em terras e na bolsa de valores, tornou-se rico. Sem contar a fortuna da família de sua esposa Emma Wedgwood (1808-1896). Nunca dependeu de salário algum, foi laureado em vida com medalha da Royal Society (1853) e tudo mais, saiu da Inglaterra apenas por cinco anos, custeado pelo pai no Beagle. Após isso, só voltou a sair de casa para cuidar da saúde, viveu em sua “modesta” mansão de campo até o fim de seus dias.<br /><br />Qual era a expectativa de vida média de um cidadão comum no século XIX na Inglaterra? Li aqui na internet que era de 40 anos. Nesse mundo social de exploração do proletariado na aurora da revolução industrial, Darwin viveu até os 73 anos!!! Continuemos esse exemplo, a expectativa de vida média de um homem na Inglaterra em 2000 era 74,5 anos. Aqui na região nordeste de hoje, segundo dados do IBGE, a expectativa de vida de um homem médio é de 66,2 anos. Ou seja, mesmo doente pelo mal de Chagas associado a distúrbios psicológicos, Darwin viveu muito e muito bem.<br /><br />Ok, Lamarck morreu aos 85 anos, viveu mais de dez anos do que Darwin. Nessa história comparativa, pelo menos um pouco de mais vida Lamarck conseguiu!!! \o/<br /><br /></span><em><strong><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Como Mendel figura nessa história de Sociologia da Ciência?<br /></span></strong></em><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"><br /><br /></span><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5386427398121739010" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 300px; CURSOR: hand; HEIGHT: 400px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXbp815jnjt-3IqIK0ZTJgC-od-LsTSNreOYyQUiDuS6PSug4MnZ4eGTI2XxH7Q-_5r1N0Xdg0jHsPi9rTOR8k5hTzXl8XJWxZYTxO1nux1sUb-18ceCDGOi1a6f9aOL9_hWvD7fMzsJ4/s400/Mendel.jpg" border="0" /><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"><br />A ciência é um empreendimento humano e como tal reflete todas as qualidades e defeitos que possuímos. Nós sabemos que Gregor Johann Mendel (1822-1884) só foi reconhecido postumamente. Estranho é que esse monge austríaco, que comia suas ervilhas no almoço e jantar, é apresentado nos livros de ensino médio como um “contribuidor” da ciência e “complementar” as idéias de Darwin.<br /><br />Se a ciência se faz assim em contribuições que se somam, então teríamos a Teoria da Evolução proposta por Lamarck, o mecanismo da evolução (seleção natural) por Darwin-Wallace e o processo de transmissão dos caracteres segundo as leis de Mendel. Sem exaltar qualquer um deles como um super-homem, pior ainda, exemplo de humano a ser imitado, seguido como um guru espiritual.<br /><br />Mas a história da ciência não é contada assim para os cidadãos comuns que compõe as massas distribuídas e estratificadas política, social e economicamente.<br /><br />Por que escrevo assim? Parece algo vindo de uma pessoa cheia de rancor. Garanto que estou tentando ser o mais frio e imparcial possível para meus próprios limites de personalidade.<br /><br />Vamos ver a vida de Charles Darwin como ela está na literatura. Um típico aristocrata inglês da era vitoriana, casado com a prima rica promovendo as dinastias endogâmicas conhecidas por nós, onde a sua esposa era educada para servir ao marido e comprovar sua virilidade com muitos filhos. Vamos relembrar o cotidiano de Darwin (retirado de Stefoff, 2007: 59-60):<br /><br />1) Após acordar, uma caminhada em sandwalk(*).<br />2) Desejum.<br />3) Trabalhos científicos e ler as correspondências em seu gabinete das 8h às 9h30.<br />4) Voltar aos trabalhos científicos a partir das 10h30 às 11h30.<br />5) Nova caminhada em sandwalk, ou uma ducha fria.<br />6) Almoço ao meio dia.<br />7) Ao início da tarde ler jornal e escrever cartas.<br />8) Às 15h repouso no quarto, sua esposa lia em voz alta romances para ele nesses momentos.<br />9) À tardinha voltava a andar em sandwalk e realizava mais uma hora de trabalho científico.<br />10) Uma leve refeição à noite.<br />11) Após o jantar, jogava gamão com sua esposa (anotava todas as partidas).<br />12) Antes de ir para cama lia um livro e deitava-se às 22h30.<br /><br />“Ele [Darwin] ainda era uma criatura de hábitos. A vida estava agora totalmente ‘mecanizada’, uma rotina de relógio, composta pelo café da manhã-trabalho-correspondência-trabalho-caminhada-almoço-cartas-cochilo-trabalho-correspondência-chá-livros-cama. Emma também gostava da solidão e preenchia sua vida pouco interessante com o ‘pobre marido doente e choramingoso’ com grande paciência” (Desmond e Moore, 2001: 357).<br /><br />Peço a licença para a comparação que farei agora. Não quero diminuir as importantíssimas contribuições científicas realizadas por Charles Darwin. Se nos dermos a liberdade de vê-lo como um homem comum e o trouxéssemos desse jeito para a realidade da Inglaterra no final do século XX, dificilmente gostaríamos do que ele seria como pessoa. Você acha um exagero meu? Lembrem e cantem comigo a música da famosa banda de rock inglesa Radiohead:<br /><br /></span><p align="center"><object height="344" width="425"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/8EoukRWQ-ec&hl=pt-br&fs=1&"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/8EoukRWQ-ec&hl=pt-br&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object></p><strong><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Fitter Happier</span></strong><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"> (1997)<br /><br />Fitter, happier, more productive, comfortable, not drinking too much<br />Adaptado, muito feliz, mais produtivo, confortável, não beber muito</span></div><div align="justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Regular exercise at the gym, 3 days a week<br />Exercícios regulares na academia, três dias na semana</span></div><div align="justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Getting on better with your associate employee contemporaries at ease<br />Relacionando-se melhor com seus sócios e amigos do trabalho</span></div><div align="justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Eating well, no more microwave dinners and saturated fats<br />Comer bem, nada de comida de microondas e gosduras saturadas</span></div><div align="justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">A patient better driver, a safer car, baby smiling in back seat<br />Um motorista paciente e melhor, um carro seguro, filho sorrindo no banco de trás</span></div><div align="justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Sleeping well, no bad dreams, no paranoia<br />Dormir bem, sem sonhos ruins, sem paranóia</span></div><div align="justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Careful to all animals, never washing spiders down the plughole<br />Cuidadoso com todos animais, nunca colocar aranhas em tomadas</span></div><div align="justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Keep in contact with old friends, enjoy a drink now and then<br />Manter contato com velhos amigos, Convidá-los para um drink de vez em quando</span></div><div align="justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Will frequently check credit at moral bank, hole in wall<br />Freqüentemente checar crédito no banco da moralidade e buracos no muro</span></div><div align="justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Favors for favors, fond but not in love<br />"Uma mão lava a outra", carinhoso mas não apaixonado </span></div><div align="justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Charity standing orders on sundays ring road supermarket<br />Caridade por débito automático, comprasdo mês aos domingos </span></div><div align="justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">No killing moths or putting boiling water on the ants<br />Não matar mariposas ou jogar água quente nas formigas </span></div><div align="justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Car wash, also on sundays, no longer afraid of the dark or midday shadows<br />Levar o carro ao lava-jato, também aos domingos, não ter mais medo do escuro e das sombras</span></div><div align="justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Nothing so ridiculously teenage and desperate nothing so childish<br />Nada é tão rididiculosamente adolescente e desesperadamente infantil</span></div><div align="justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">At a better pace, slower and more calculated, no chance of escape<br />Em um compasso melhor, mais lento mais calculado, sem chances de escapar</span></div><div align="justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Now self-employed, concerned, but powerless<br />Agora auto-suficiente, aplicado, mas impotente</span></div><div align="justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">An empowered and informed member of society, pragmatism not idealism<br />Um membro capacitado e informado da sociedade, pragmatismo e não idealismo</span></div><div align="justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Will not cry in public, less chance of illness, tires that grip in the wet<br />Não chorar em público, menor risco de adoecer, andar com pneus para chuva</span></div><div align="justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Shot of baby strapped in back seat, a good memory still cries at a good film<br />Foto do filhinho com cinto e sentado no banco de trás, boa memória, ainda chora num bom filme</span></div><div align="justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Still kisses with saliva, no longer empty and frantic like a cat tied to a stick<br />Ainda beija com saliva, não mais vazio e fora de si como um gato preso em uma estaca</span></div><div align="justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">That's driven into frozen winter shit, the ability to laugh at weakness<br />Que é levado a uma merda de inverno congelado, ter habilidade de sorrir da fraqueza dos outros</span></div><div align="justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">Calm fitter, healthier and more productive a pig in a cage on antibiotics<br />Calmo, adaptado, mais saudável e mais produtivo, um porco em uma gaiola cheio de antibióticos </span></div><div align="justify"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"><br />Pessoas com vidas controladas, em busca de perfeição em detalhes, adequada a todos os padrões sociais figuram como personagens doentes, ou em depressão nos filmes como Beleza Americana e Clube da Luta.<br /><br />Um aristocrata, latifundiário, rico, educado, comedido, cujo hobby era pesquisar o mistério dos mistérios, eis Charles Darwin.<br /><br />Verdade seja dita, Darwin foi um grande pesquisador. Ele poderia simplesmente ter sido um fidalgo esnobe e preguiçoso, apenas a gastar o dinheiro de seu pai. Por exemplo, seu irmão mais velho, Erasmus Alvey Darwin (1804-1881), médico que não exerceu a profissão, viveu como “livre pensador”, ocioso e viciado em ópio, tudo às custas de seu pai... O dinheiro investido em Charles Darwin foi mais proveitoso!<br /><br />Presto minha homenagem a esse homem, a Lamarck e Mendel por suas obras feitas em esmero científico, criatividade e ousadia. Eles contribuíram para a revolução científica que iria se prolongar, estabelecer e mudar completamente nosso cotidiano a partir do século XX.<br /><br />O ano Darwin foi muito proveitoso para mim, que sou professor de evolução e cujos trabalhos científicos que publiquei contam da aplicação direta de metodologias para inferência de padrões evolutivos. Enriqueci minha pequena biblioteca com vários lançamentos, que somaram-se aos livros que já possuía (ver lista abaixo). Entre as revistas e textos que li aqui na internet, destaco: (1) “Lamarck Vive” de Marcelo Leite, publicado na Folha de São Paulo e reproduzido no Jornal da Ciência da SBPC; (2) no mesmo jornal da SBPC, ainda sobre o texto anterior, Raul A. Félix de Sousa escreveu “Bem mais justo seria passarmos a chamar "Lamarckismo-Darwinismo”. Os dois textos são formidáveis e complementares um, ao outro e também à história da teoria da evolução.<br /><br />Lamarck, Darwin e Mendel perfazem meus dias de hoje no laboratório com ecologia, biologia celular e molecular, genética e métodos cladísticos.<br /><br />Esse é meu cotidiano após 200 anos da publicação de "Philosophie Zoologique" de Lamarck, 150 anos da publicação de "On the Origin of Species" de Darwin e 144 anos da publicação de "Versuche über Planzenhybriden" de Mendel.<br /><br />Saudações evolucionárias para todos!!!<br /><br />(*)Sandwalk era a "trilha de meditação" que Darwin delimitou em sua casa para fazer caminhadas.<br /><br />Lista de livros que recomendo sobre Darwin e Evolução:<br />Burnie, D., 2008. Evolução. Publifolha.<br />Carroll, SB., 2006. Infinitas formas de grande beleza - Como a evolução forjou a grande quantidade de criaturas que habitam o nosso planeta. Editora Jorge Zahar.<br />Cronin, H. e Smith, JM., 1993. The ant and peacock: altruism and sexual selections from Darwin to today. Cambridge University Press.<br />Darwin, CR., 2000. A expressão das emoções no homem e nos animais. Companhia das Letras.<br />Darwin, CR., 2002. Origem das espécies. 4 ed. Itatiaia Editora.<br />Darwin, CR., 2004. A origem do homem e a seleção sexual. Itatiaia Editora.<br />Dawkins, R., 1988. O relojoeiro cego. Editora Edições 70.<br />Dawkins, R., 1998. A escalada do monte improvável: uma defesa da teoria da evolução. Companhia das Letras.<br />Dawkins, R., 2000. Desvendando o arco-íris: ciência, ilusão e encantamento. Companhia das Letras.<br />Dawkins, R., [1979] 2001. O gene egoísta. Editora Itatiaia.<br />Dawkins, R., 2005. O capelão do Diabo. Companhia das Letras.<br />Dawkins, R., 2009. A grande história da evolução. Companhia das Letras.<br />Dawkins, R., 2009. O maior espetáculo da terra: as evidências da evolução. Companhia das Letras.<br />Desmond, A. e Moore, J., 2001. Darwin: a vida de um evolucionista atormentado. 4 ed. Geração Editorial.<br />Desmond, A. e Moore, J., 2009. A causa sagrada de Darwin - Raça, escravidão e a busca pelas origens da humanidade. Editora Record.<br />Gleiser, M., 2009. Entendendo Darwin. Editora Planeta do Brasil.<br />Gould, SJ., 1999. Darwin e os grandes enigmas da vida. Editora Martins<br />Gould, SJ., 2001. Lance de dados: a idéia da evolução de Platão a Darwin. Editora Record.<br />Jones, S., 2009. A ilha de Darwin - Galápagos em um jardim da Inglaterra. Editora Record.<br />Jordan, B., 2005. O espetáculo da evolução - Sexualidade, origem da vida, DNA e clonagem. Editora Jorge Zahar.<br />Keynes, R., 2004. As aventuras e descobertas de Darwin a bordo do Beagle. Editora Jorge Zahar.<br />Leite, M., 2009. Darwin. Publifolha.<br />Lopes, RJ., 2009. Além de Darwin - Evolução: o que sabemos sobre a história e o destino da vida. Editora Globo.<br />Margulis, L., 2001. O planeta simbiótico: uma nova perspectiva da evolução. Editora Rocco.<br />Mayr, E., 1998. O desenvolvimento do pensamento biológico. Editora UnB.<br />Mayr, E., 2006. Uma ampla discussão - Chales Darwin e a genese do moderno pensamento evolucionário. Editora FUNPEC.<br />Mayr, E., 2009. O que é evolução. Editora Rocco.<br />Meyer, D. e El-Hani, CN., 2005. Evolução o sentido da biologia. Editora Unesp.<br />Palmer, D., 2009. Evolução - A história da vida. Editora Larousse.<br />Rose, M., 2000. O espectro de Darwin: a teoria da evolução e suas implicações no mundo moderno. Editora Jorge Zahar.<br />SBPC, 2000. Ciência Hoje na Escola - Vol. 9: Evolução. Editora Global.<br />Slater, PJ. e Halliday, TR., 1994. Behaviour and evolution. Cambridge University Press.<br />Souza, S., 2009. A goleada de Darwin: sobre o debate criacionismo/ darwinismo. Editora Record.<br />Stefoff, R., 2007. Charles Darwin: a revolução da evolução. Editora Companhia das Letras.<br />Strathern, P., 2001. Darwin e a evolução em 90 minutos. Editora Jorge Zahar.<br />Thuillier, P., 1994. De Arquimedes a Einstein: a face oculta da invenção científica. Editora Jorge Zahar.<br />Tort, P., 2004. Darwin e a ciência da evolução. Editora Objetiva.<br />White, M., 2003. Rivalidades produtivas: disputas e brigas que impulsionaram a ciência e a tecnologia. Editora Record.<br />Zimmer, C., 2003. O livro de ouro da evolução. Editora Ediouro.<br /><br />Os textos citados sobre Lamarck:<br /></span><a href="http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=61573"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=61573</span></a><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;"><br /></span><a href="http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=61699"><span class="Apple-style-span" style="font-size: medium;">http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=61699</span></a> </div>Waltéciohttp://www.blogger.com/profile/11428068845185748640noreply@blogger.com13