domingo, 27 de setembro de 2009

Ano Darwin

Quase no fim do ano, eis aqui outro texto comemorativo ao aniversário de 200 anos do nascimento de Charles Robert Darwin (1809-1882) e 150 anos da publicação de sua obra-prima “On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or The Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life (1859)”.

Decidi que este post não deveria abordar pontos técnicos da Teoria da Evolução por Seleção Natural que estão muito bem descritos na literatura, divulgação científica e em milhares de textos disponíveis aqui na internet. Ao invés disso, acho nesse momento que o lado humano de Charles Darwin e seu contexto social são interessantes e adequados para as datas comemoradas. Afinal, trata-se de comemoração do aniversário de uma pessoa, cujo livro famoso é um produto seu.

Minha síntese é vulgar, mas humana e despretensiosa, baseada nos livros que li (veja lista abaixo).

De forma estranha, contudo necessária, este é um post em saudação a Jean-Baptiste Pierre Antoine de Monet, Chevalier de Lamarck (1744-1829).


Curioso? Façamos as perguntas certas:

Por que Lamarck não é reconhecido como “pai” do evolucionismo moderno?

Qual a diferença verdadeiramente científica e social entre Lamarck e Darwin?

Como Mendel figura nessa história da Sociologia da Ciência?

Vamos lá!

Por que Lamarck não é reconhecido como “pai” do evolucionismo moderno?

Lamarck foi um homem com visões muito à frente de seu tempo. Se você não sabe, fica aqui mais um relato em reconhecimento ao primeiro evolucionista moderno da história de nossa ciência ocidental. Em Philosophie Zoologique (1809) ele foi o “pai” da idéia central, pô! O que é evolução? Resposta: modificações por descendência dos sistemas biológicos através do tempo. Houve Zoönomia (1794–1796) de Erasmus Darwin (1731-1802), um poema épico no qual a vida se transmutava, mas sua linguagem é mais literária do que científica. Por isso, discordo do biógrafo britânico Paul Strathern (2001: 15), não é chauvinismo reconhecer Lamarck como o fundador do evolucionismo moderno, é um fato histórico!!!

Até esse ponto haviam se passado mais de mil anos de ensino das ciências naturais ancoradas em idéias filosóficas de Platão e Aristóteles para um mundo constituído de componentes eternos, fixos no tempo e no espaço. Lamarck foi o primeiro a propor com parâmetros científicos uma ruptura dessa crença. Ele foi um homem de coragem e ousadia. Essa ruptura proposta não se restringia às ciências biológicas, ia de encontro aos dogmas religiosos e mesmo a concepção da organização política e social do século XVIII.

Como ele se atreveu a isso? A ciência como conhecemos hoje estava se formando, pessoas como Lamarck são exemplos disso. Sem contar que foi na França a primeira vez que se contratou profissionais com remuneração para estudar a natureza. Nascia em meio em meio ao Iluminismo e Revolução Francesa minha profissão de professor/ pesquisador... Antes, pesquisar era uma atividade tal qual um hobby elegante da aristocracia.

Lamarck acertou o centro do que eu identifico como axioma da Biologia Evolutiva: a inconstância temporal e espacial dos sistemas biológicos!!!

Entretanto, três coisas pesaram contra suas idéias. Primeiro, Lamarck teve como inimigo uma celebridade científica de sua época: o Barão Georges Cuvier (1769-1832). Este deflagrou ataque aberto para que ninguém citasse em publicações as idéias de Lamarck. Na ciência que conhecemos hoje, a tentativa de ignorar alguém dessa forma é algo semelhante a um assassinato profissional.

Segundo, os conservadores ingleses não aceitariam qualquer proposta que fosse passível de ser incorporada em manifestos de esquerda. Evolucionismo estava nessa lista. Afinal, os reis e nobres, políticos, empresários e clérigos justificavam suas posições sociais como uma “vontade natural divina”. O mundo era fixo, criado por deus, a organização social também!

Em terceiro e por último, Lamarck era pobre, sem influência do “capital”. Não é tão diferente hoje, ou você acha que onde se possui dificuldades financeiras pode surgir facilmente um grande cientista? Não deixe de reler o post sobre isso aqui no Macaco Alfa: “[clique]
Sociologia da Ciência”.

Quem leu um pouco sabe que Lamarck foi uma figura tão forte que mesmo os seus críticos mais ferrenhos leram sua obra. Por isso falar em evolucionismo é falar sobre ele. Por exemplo, Darwin foi lamarckista quando tentou explicar como os “caracteres vantajosos” dos “mais aptos” eram transmitidos para os descendentes. Darwin concordou com Lamarck sobre os caracteres adquiridos ao propor a pangênese. Se os caracteres adquiridos foi um erro de Lamarck, façamos um peso duplo para Darwin que também aprovou essa idéia.

Mesmo assim, Lamarck é ridicularizado nos livros de ensino médio por isso. As girafas ilustrativas é uma vergonha para os autores que continuaram, sem análise crítica, a reproduzir os preconceitos sociais e científicos para rebaixar Lamarck e exultar Darwin. O exemplo maior disso é que os erros de Darwin não figuram nos mesmos livros que demonstram “os pescoços adquiridos das girafas”. No ensino médio, que forma a mentalidade dos cidadãos comuns deste Brasil, é vendida a imagem de um Darwin imperioso e solitário fundador da evolução, certo de tudo, cientista perfeito, cujas idéias foram amplamente aceitas. ¬¬

Sobre essas coisas típicas da Sociologia da Ciência, sempre falo nos seguintes exemplos ilustrativos em sala de aula:

1) Como são as relações entre Brasil e Argentina para um brasileiro comum? Por exemplo, quem é o melhor jogador de futebol do mundo, Pelé, ou Maradona?
2) Quem é o pai da aviação segundo um norte-americano comum?

Respondeu as questões?

Para os brasileiros Pelé é o “rei do futebol”, mesmo que a Fifa reconhecesse o contrário elegendo Maradona o melhor jogador do mundo. Mas, para os argentinos essa resposta está errada. As relações entre Brasil e Argentina são sempre apresentadas assim pelas ruas dos dois países.

Nos Estados Unidos qualquer pessoa comum dirá para você que não é um único homem a inventar a aviação, são dois norte-americanos: “os irmãos Wright”. Decepcionado?! Acha que a resposta seria diferente se perguntássemos quem foi o inventor do avião e não da aviação? Estou escrevendo sobre o americano comum, aquele apenas com o equivalente ao nosso ensino médio... a “maioria”, o povo, “só isso”!!! Eles continuarão a dizer para você: “os irmãos Wright”.

Inglaterra e França historicamente construíram relações semelhantes como as do Brasil/ Argentina. Dificilmente um herói francês será aclamado por ingleses e vice-versa.

Deixo claro, Lamarck foi reconhecido o “the Linné of France” muito depois de sua morte... e que morte! Pobreza quase absoluta, sua família precisou de ajuda financeira para sobreviver e ele foi enterrado no que chamamos de “cova coletiva, ou vala” com pás de cal por cima, em meio as centenas de pessoas sem nome... seus restos mortais estão hoje perdidos para sempre!

Parece que respondi parte da segunda pergunta deste post, mas há um pouco mais a escrever sobre isso.

Qual a diferença verdadeiramente científica e social entre Lamarck e Darwin?

Lamarck errou em parte sobre o mecanismo pelo qual ocorria a evolução das espécies. Há mais ainda, ele errou em atrelar o processo de evolução ao progresso contínuo rumo a uma perfeição idealizada pelos antigos filósofos naturalistas da Grécia (a “cadeia do ser” que culminava em nós humanos). A evolução das espécies de Lamarck incorporou esse senso comum. Darwin propôs um mecanismo adequado e consistente aos fatos observáveis: a seleção natural. Uma das diferenças entre ele e Lamarck tão divulgada para o público. Mas, há mais similaridade do que grandes diferenças aqui. Darwin além de incorporar a idéia de transmissão de caracteres adquiridos pela pangênese, também se rendeu ao senso comum do progresso na evolução, os seres mais aptos foram interpretados como “melhores e superiores” do que outros. O estudo da correspondência de Darwin demonstrou que após a publicação da Origem das Espécies, ele se tornou cético em relação a essa idéia de progresso.

Isso são apenas alguns exemplos de diferenças e similaridades entre Lamarck e Darwin. Naquilo que verdadeiramente eram díspares está na origem social de ambos. Lamarck vem daquilo que nós brasileiros chamamos de classe média baixa. Lamarck tinha de trabalhar para sobreviver. Chegou a ser herói de guerra, condecorado e ferido em campo de batalha. Lamarck foi o cara!!!

Darwin nasceu em berço esplêndido, teve receio (ou mesmo medo) de publicar suas idéias. Foi reconhecido e laureado por grandes vultos de sua época, embora tivesse em segredo idéias bastante diferente dessas pessoas. Darwin parecia usar da política social esguia similar a do geólogo inglês Sir Charles Lyell (1797-1875), que particularmente concordava com suas idéias, incentivava-o como amigo a publicá-las, mas, publicamente, para não abalar sua posição social, nunca o defendeu em nenhum momento. Muito pelo contrário, parecia Pedro negando três vezes aquilo que deveria ter orgulho. O status social da família Darwin poderia ser abalado com essas idéias de “evolucionismo francês”, isso foi uma das maiores tormentas psicológicas para esse homem que evitava conflitos.

O escárnio de Lamarck nas universidades inglesas refletia o medo e aversão das idéias revolucionárias da França. Lá cortaram as cabeças do rei Luís XVI (1754-1793) e sua rainha Maria Antonieta (1755-1793), difundiram o conhecimento literário e científico para as massas, inspiraram o mundo inteiro com os ideais mais nobres de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”... Os Estados Unidos entraram em guerra contra a Inglaterra por sua independência (1775–1783). Após isso, conseguiram em 28 de outubro de 1886 um presente “modesto” da França, nada mais, nada menos do que um de seus símbolos máximos: a Estátua da Liberdade (La liberté éclairant le monde).

A Inglaterra monarquista perdeu à força suas colônias nas Américas e a França revolucionária se orgulhava de ter apoiado tudo!!!

Vocês entendem agora o porquê da origem do evolucionismo moderno está difundido e atrelado a um herói inglês e não um francês pobre?

Claro, nem tudo é assim tão na cara. Charles Darwin queria um mundo impossível de existir na Inglaterra vitoriana: uma carreira de status entre os fidalgos conservadores e a aceitação de uma teoria revolucionária contrária as crenças dessas mesmas pessoas. Ele teve ao seu lado importantes defensores como o anatomista e fisiologista inglês Thomas Henry Huxley (1825-1895), o botânico norte-americano Asa Grey (1810-1888) e o britânico e também botânico Joseph Dalton Hooker (1817-1911). Apesar disso, não escondeu sua tristeza por ver o desaprovo de seus professores mais queridos: John Stevens Henslow (1795-1861) e Sir Charles Lyell.

Charles Darwin viveu dos proventos de seu pai rico, assim como ele, investiu em terras e na bolsa de valores, tornou-se rico. Sem contar a fortuna da família de sua esposa Emma Wedgwood (1808-1896). Nunca dependeu de salário algum, foi laureado em vida com medalha da Royal Society (1853) e tudo mais, saiu da Inglaterra apenas por cinco anos, custeado pelo pai no Beagle. Após isso, só voltou a sair de casa para cuidar da saúde, viveu em sua “modesta” mansão de campo até o fim de seus dias.

Qual era a expectativa de vida média de um cidadão comum no século XIX na Inglaterra? Li aqui na internet que era de 40 anos. Nesse mundo social de exploração do proletariado na aurora da revolução industrial, Darwin viveu até os 73 anos!!! Continuemos esse exemplo, a expectativa de vida média de um homem na Inglaterra em 2000 era 74,5 anos. Aqui na região nordeste de hoje, segundo dados do IBGE, a expectativa de vida de um homem médio é de 66,2 anos. Ou seja, mesmo doente pelo mal de Chagas associado a distúrbios psicológicos, Darwin viveu muito e muito bem.

Ok, Lamarck morreu aos 85 anos, viveu mais de dez anos do que Darwin. Nessa história comparativa, pelo menos um pouco de mais vida Lamarck conseguiu!!! \o/

Como Mendel figura nessa história de Sociologia da Ciência?



A ciência é um empreendimento humano e como tal reflete todas as qualidades e defeitos que possuímos. Nós sabemos que Gregor Johann Mendel (1822-1884) só foi reconhecido postumamente. Estranho é que esse monge austríaco, que comia suas ervilhas no almoço e jantar, é apresentado nos livros de ensino médio como um “contribuidor” da ciência e “complementar” as idéias de Darwin.

Se a ciência se faz assim em contribuições que se somam, então teríamos a Teoria da Evolução proposta por Lamarck, o mecanismo da evolução (seleção natural) por Darwin-Wallace e o processo de transmissão dos caracteres segundo as leis de Mendel. Sem exaltar qualquer um deles como um super-homem, pior ainda, exemplo de humano a ser imitado, seguido como um guru espiritual.

Mas a história da ciência não é contada assim para os cidadãos comuns que compõe as massas distribuídas e estratificadas política, social e economicamente.

Por que escrevo assim? Parece algo vindo de uma pessoa cheia de rancor. Garanto que estou tentando ser o mais frio e imparcial possível para meus próprios limites de personalidade.

Vamos ver a vida de Charles Darwin como ela está na literatura. Um típico aristocrata inglês da era vitoriana, casado com a prima rica promovendo as dinastias endogâmicas conhecidas por nós, onde a sua esposa era educada para servir ao marido e comprovar sua virilidade com muitos filhos. Vamos relembrar o cotidiano de Darwin (retirado de Stefoff, 2007: 59-60):

1) Após acordar, uma caminhada em sandwalk(*).
2) Desejum.
3) Trabalhos científicos e ler as correspondências em seu gabinete das 8h às 9h30.
4) Voltar aos trabalhos científicos a partir das 10h30 às 11h30.
5) Nova caminhada em sandwalk, ou uma ducha fria.
6) Almoço ao meio dia.
7) Ao início da tarde ler jornal e escrever cartas.
8) Às 15h repouso no quarto, sua esposa lia em voz alta romances para ele nesses momentos.
9) À tardinha voltava a andar em sandwalk e realizava mais uma hora de trabalho científico.
10) Uma leve refeição à noite.
11) Após o jantar, jogava gamão com sua esposa (anotava todas as partidas).
12) Antes de ir para cama lia um livro e deitava-se às 22h30.

“Ele [Darwin] ainda era uma criatura de hábitos. A vida estava agora totalmente ‘mecanizada’, uma rotina de relógio, composta pelo café da manhã-trabalho-correspondência-trabalho-caminhada-almoço-cartas-cochilo-trabalho-correspondência-chá-livros-cama. Emma também gostava da solidão e preenchia sua vida pouco interessante com o ‘pobre marido doente e choramingoso’ com grande paciência” (Desmond e Moore, 2001: 357).

Peço a licença para a comparação que farei agora. Não quero diminuir as importantíssimas contribuições científicas realizadas por Charles Darwin. Se nos dermos a liberdade de vê-lo como um homem comum e o trouxéssemos desse jeito para a realidade da Inglaterra no final do século XX, dificilmente gostaríamos do que ele seria como pessoa. Você acha um exagero meu? Lembrem e cantem comigo a música da famosa banda de rock inglesa Radiohead:

Fitter Happier (1997)

Fitter, happier, more productive, comfortable, not drinking too much
Adaptado, muito feliz, mais produtivo, confortável, não beber muito
Regular exercise at the gym, 3 days a week
Exercícios regulares na academia, três dias na semana
Getting on better with your associate employee contemporaries at ease
Relacionando-se melhor com seus sócios e amigos do trabalho
Eating well, no more microwave dinners and saturated fats
Comer bem, nada de comida de microondas e gosduras saturadas
A patient better driver, a safer car, baby smiling in back seat
Um motorista paciente e melhor, um carro seguro, filho sorrindo no banco de trás
Sleeping well, no bad dreams, no paranoia
Dormir bem, sem sonhos ruins, sem paranóia
Careful to all animals, never washing spiders down the plughole
Cuidadoso com todos animais, nunca colocar aranhas em tomadas
Keep in contact with old friends, enjoy a drink now and then
Manter contato com velhos amigos, Convidá-los para um drink de vez em quando
Will frequently check credit at moral bank, hole in wall
Freqüentemente checar crédito no banco da moralidade e buracos no muro
Favors for favors, fond but not in love
"Uma mão lava a outra", carinhoso mas não apaixonado
Charity standing orders on sundays ring road supermarket
Caridade por débito automático, comprasdo mês aos domingos
No killing moths or putting boiling water on the ants
Não matar mariposas ou jogar água quente nas formigas
Car wash, also on sundays, no longer afraid of the dark or midday shadows
Levar o carro ao lava-jato, também aos domingos, não ter mais medo do escuro e das sombras
Nothing so ridiculously teenage and desperate nothing so childish
Nada é tão rididiculosamente adolescente e desesperadamente infantil
At a better pace, slower and more calculated, no chance of escape
Em um compasso melhor, mais lento mais calculado, sem chances de escapar
Now self-employed, concerned, but powerless
Agora auto-suficiente, aplicado, mas impotente
An empowered and informed member of society, pragmatism not idealism
Um membro capacitado e informado da sociedade, pragmatismo e não idealismo
Will not cry in public, less chance of illness, tires that grip in the wet
Não chorar em público, menor risco de adoecer, andar com pneus para chuva
Shot of baby strapped in back seat, a good memory still cries at a good film
Foto do filhinho com cinto e sentado no banco de trás, boa memória, ainda chora num bom filme
Still kisses with saliva, no longer empty and frantic like a cat tied to a stick
Ainda beija com saliva, não mais vazio e fora de si como um gato preso em uma estaca
That's driven into frozen winter shit, the ability to laugh at weakness
Que é levado a uma merda de inverno congelado, ter habilidade de sorrir da fraqueza dos outros
Calm fitter, healthier and more productive a pig in a cage on antibiotics
Calmo, adaptado, mais saudável e mais produtivo, um porco em uma gaiola cheio de antibióticos

Pessoas com vidas controladas, em busca de perfeição em detalhes, adequada a todos os padrões sociais figuram como personagens doentes, ou em depressão nos filmes como Beleza Americana e Clube da Luta.

Um aristocrata, latifundiário, rico, educado, comedido, cujo hobby era pesquisar o mistério dos mistérios, eis Charles Darwin.

Verdade seja dita, Darwin foi um grande pesquisador. Ele poderia simplesmente ter sido um fidalgo esnobe e preguiçoso, apenas a gastar o dinheiro de seu pai. Por exemplo, seu irmão mais velho, Erasmus Alvey Darwin (1804-1881), médico que não exerceu a profissão, viveu como “livre pensador”, ocioso e viciado em ópio, tudo às custas de seu pai... O dinheiro investido em Charles Darwin foi mais proveitoso!

Presto minha homenagem a esse homem, a Lamarck e Mendel por suas obras feitas em esmero científico, criatividade e ousadia. Eles contribuíram para a revolução científica que iria se prolongar, estabelecer e mudar completamente nosso cotidiano a partir do século XX.

O ano Darwin foi muito proveitoso para mim, que sou professor de evolução e cujos trabalhos científicos que publiquei contam da aplicação direta de metodologias para inferência de padrões evolutivos. Enriqueci minha pequena biblioteca com vários lançamentos, que somaram-se aos livros que já possuía (ver lista abaixo). Entre as revistas e textos que li aqui na internet, destaco: (1) “Lamarck Vive” de Marcelo Leite, publicado na Folha de São Paulo e reproduzido no Jornal da Ciência da SBPC; (2) no mesmo jornal da SBPC, ainda sobre o texto anterior, Raul A. Félix de Sousa escreveu “Bem mais justo seria passarmos a chamar "Lamarckismo-Darwinismo”. Os dois textos são formidáveis e complementares um, ao outro e também à história da teoria da evolução.

Lamarck, Darwin e Mendel perfazem meus dias de hoje no laboratório com ecologia, biologia celular e molecular, genética e métodos cladísticos.

Esse é meu cotidiano após 200 anos da publicação de "Philosophie Zoologique" de Lamarck, 150 anos da publicação de "On the Origin of Species" de Darwin e 144 anos da publicação de "Versuche über Planzenhybriden" de Mendel.

Saudações evolucionárias para todos!!!

(*)Sandwalk era a "trilha de meditação" que Darwin delimitou em sua casa para fazer caminhadas.

Lista de livros que recomendo sobre Darwin e Evolução:
Burnie, D., 2008. Evolução. Publifolha.
Carroll, SB., 2006. Infinitas formas de grande beleza - Como a evolução forjou a grande quantidade de criaturas que habitam o nosso planeta. Editora Jorge Zahar.
Cronin, H. e Smith, JM., 1993. The ant and peacock: altruism and sexual selections from Darwin to today. Cambridge University Press.
Darwin, CR., 2000. A expressão das emoções no homem e nos animais. Companhia das Letras.
Darwin, CR., 2002. Origem das espécies. 4 ed. Itatiaia Editora.
Darwin, CR., 2004. A origem do homem e a seleção sexual. Itatiaia Editora.
Dawkins, R., 1988. O relojoeiro cego. Editora Edições 70.
Dawkins, R., 1998. A escalada do monte improvável: uma defesa da teoria da evolução. Companhia das Letras.
Dawkins, R., 2000. Desvendando o arco-íris: ciência, ilusão e encantamento. Companhia das Letras.
Dawkins, R., [1979] 2001. O gene egoísta. Editora Itatiaia.
Dawkins, R., 2005. O capelão do Diabo. Companhia das Letras.
Dawkins, R., 2009. A grande história da evolução. Companhia das Letras.
Dawkins, R., 2009. O maior espetáculo da terra: as evidências da evolução. Companhia das Letras.
Desmond, A. e Moore, J., 2001. Darwin: a vida de um evolucionista atormentado. 4 ed. Geração Editorial.
Desmond, A. e Moore, J., 2009. A causa sagrada de Darwin - Raça, escravidão e a busca pelas origens da humanidade. Editora Record.
Gleiser, M., 2009. Entendendo Darwin. Editora Planeta do Brasil.
Gould, SJ., 1999. Darwin e os grandes enigmas da vida. Editora Martins
Gould, SJ., 2001. Lance de dados: a idéia da evolução de Platão a Darwin. Editora Record.
Jones, S., 2009. A ilha de Darwin - Galápagos em um jardim da Inglaterra. Editora Record.
Jordan, B., 2005. O espetáculo da evolução - Sexualidade, origem da vida, DNA e clonagem. Editora Jorge Zahar.
Keynes, R., 2004. As aventuras e descobertas de Darwin a bordo do Beagle. Editora Jorge Zahar.
Leite, M., 2009. Darwin. Publifolha.
Lopes, RJ., 2009. Além de Darwin - Evolução: o que sabemos sobre a história e o destino da vida. Editora Globo.
Margulis, L., 2001. O planeta simbiótico: uma nova perspectiva da evolução. Editora Rocco.
Mayr, E., 1998. O desenvolvimento do pensamento biológico. Editora UnB.
Mayr, E., 2006. Uma ampla discussão - Chales Darwin e a genese do moderno pensamento evolucionário. Editora FUNPEC.
Mayr, E., 2009. O que é evolução. Editora Rocco.
Meyer, D. e El-Hani, CN., 2005. Evolução o sentido da biologia. Editora Unesp.
Palmer, D., 2009. Evolução - A história da vida. Editora Larousse.
Rose, M., 2000. O espectro de Darwin: a teoria da evolução e suas implicações no mundo moderno. Editora Jorge Zahar.
SBPC, 2000. Ciência Hoje na Escola - Vol. 9: Evolução. Editora Global.
Slater, PJ. e Halliday, TR., 1994. Behaviour and evolution. Cambridge University Press.
Souza, S., 2009. A goleada de Darwin: sobre o debate criacionismo/ darwinismo. Editora Record.
Stefoff, R., 2007. Charles Darwin: a revolução da evolução. Editora Companhia das Letras.
Strathern, P., 2001. Darwin e a evolução em 90 minutos. Editora Jorge Zahar.
Thuillier, P., 1994. De Arquimedes a Einstein: a face oculta da invenção científica. Editora Jorge Zahar.
Tort, P., 2004. Darwin e a ciência da evolução. Editora Objetiva.
White, M., 2003. Rivalidades produtivas: disputas e brigas que impulsionaram a ciência e a tecnologia. Editora Record.
Zimmer, C., 2003. O livro de ouro da evolução. Editora Ediouro.

Os textos citados sobre Lamarck:
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=61573
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=61699

13 comentários:

Thomas M. Simons disse...

Muito interessante o resgate do esquecido Lamarck que, até então, recordava apenas pelo simplismo do pescoço da girafa.

Waltécio disse...

A história de Lamarck às vezes me assusta. Se isso aconteceu com ele, imagina quantos talaentos são relegados ao esquecimento em nossa história?!

Algumas pessoas se iludem muito na vida acadêmica. Acham que basta apenas ter talento em uma boa idéia, não importando onde se esteja... sonham em serem reconhecidas sem contar todos os percalços da Sociologia da Ciência.

Marcelo Leite muito bem soube comparar a história de Lamarck com a de Mozart... outro que morreu na pobreza e foi enterrado em uma vala coletiva.

Não deixa de ler o texto dele:
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=61573

Eu não possuo, nem li um livro que vi aqui na internet:
"LAMARCK’S EVOLUTION: two centuries of genius and jealousy" de Ross Honeywill. Parece ser ótimo, confira:
http://lamarcksevolution.com/

Obrigado pelo comentário, Thomas!

Abraço,

Waltécio

Tassos Lycurgo disse...

Grande Waltécio,

Os senões da história da ciência comprovam mesmo o papel da sociologia neste campo em que, pelo menos conforme gostaríamos, ela não deveria desempenhar um papel tão relevante. Quanto ao texto, achei-o bastante interessante, embora tenha para mim que o criacionismo é que é mesmo o caso.

Abs,
Lycurgo

Waltécio disse...

Olá Lycurgo,

Bem vindo de volta meu amigo! Agradeço demais sua atenção e amizade permanente.


Por falar em criacionismo...

Há um mês atrás, não sei bem o motivo, entrei em uma discussão na hora do almoço com um amigo da URCA (Nonato - Física) que é católico fervoroso. Falei que eu era ateu e ele, repententinamente, fez tudo o que está no livro do Dawkins (Deus - Um Delírio): ameaçou minha existência (eu pagaria aqui com doença e miséria) e a minha provável "pós-existência" (eu iria arder eternamente no inferno), etc., etc.

Mal tive como falar com ele, tamanha a fúria de não pertencer a sua religião, tão pouco acreditar em um ser metafísico.

Lá para tantas, ele me ouviu em duas coisas que acho importante:

Primeiro, se um ser planejou e fez coisas como galáxias e buracos negros existir,... Essa criatura não é humana! Nesse ponto, toda a macaquice que criamos na Terra, por exemplo, empregos, vestibular, bolsas de valores, indústria do petróleo, guerras por ouro e diamantes, acumulação de bens, exploração humana, etc., dificilmente terá significado em profundidade para um ser tão magnânimo e distante da natureza humana que é... primata!

Segundo, se deus existe, não posso falar o mesmo das certezas de milhares de religiões hoje no mundo. Quem está certo? Qual o povo escolhido? Perguntei para ele nesse contexto: se você errar a religião, por exemplo, se os judeus estiverem certos, tanto faz acreditar ou Maomé, ou Jesus, ou ser ateu... todos serão banidos para o mesmo lugar!

Por fim, deixei claro, se essa criatura metafísica é de um amor incondicional e irá ter comigo uma "prosa", um julgamento... Deixe que isso aconteça! Ficarei muito feliz de ver que sobrevivi a morte de meu corpo (saberei que meus filhos e entes queridos também são eternos)... Eu não temerei um amor assim. Enfatizo, não compete a nenhum religioso me perseguir, discriminar, pior atentar contra minha vida.

Olha, eu gosto do Nonato e torço pela felicidade dele, não importa se torce para o flamengo, ou é católico.

Acho que sua presença aqui demonstra muito bem isso. Tenho admiração pelo profissional que você é, desejo todas as felicidades e sucesso para você e sua família.

Minha casa está de portas abertas, com café quente e acolhida familiar.

Eu sou seu amigo ateu!

Um grande abraço,

Waltécio

Waltécio disse...

Aproveitando a deixa, sobre alguns aspectos atuais da Sociologia da Ciência, não deixem de ler o artigo que Martin (UFPB), eu e Lycurgo (UFRN) publicamos neste ano na renomada revista nacional:

História Ciência e Saúde - Manguinhos/ FioCruz.

Link do artigo:
http://www.scielo.br/pdf/hcsm/v16n2/13.pdf

Referência:
CHRISTOFFERSEN, Martin Lindsey; ALMEIDA, Waltécio de Oliveira and LYCURGO, Tassos. Sociology of science: are knowledge production and the quest for scientific status two divergent courses?. Hist. cienc. saude-Manguinhos. 2009, vol.16, n.2, pp. 505-513.

doi: 10.1590/S0104-59702009000200012

Também confiram os comentários de Thomas M. Simons no post do Macaco Alfa:

Link http://macacoalfa.blogspot.com/2008/11/sociologia-da-cincia.html

Unknown disse...

Se muitos talentos são relegados ao esquecimento, imagina aí a história dos talentosos que ainda por cima foram massacrados?
Alguns em nome da fé, outros em nome de uma ideologia, outros por avareza e exploração.
E o maior ato terrorista da História da humanidade foi o lançamento de bombas atômicas sobre duas cidades.

Waltécio disse...

No Brasil pesquisador na maioria das vezes também é professor... Para formar esse profissional completamente são mais ou menos 10 anos (04 de graduação, 02 de mestrado e 04 de doutorado).

Isso quer dizer entrar na universidade aos 17-19 anos de idade e sair de lá aos 27-29 anos com título de doutor... O trajeto esperado não é o comum, porque é um sistema tipo "funil".

Nesse interim esses jovens profissionais devem lutar por um lugar ao sol... Que é muito pequeno no Brasil de hoje.

No meio do caminho imagino quantos talentos perdemos e as injustiças cometidas.

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A história das guerras é contada pelos seus vencedores. O maior crime em larga escala contra civis, sem discriminação entre crianças, idosos, adultos foi realizado em Hiroshima e Nagasaki... Pior, matou instantaneamente alguns e condenou milhares a morrerem de câncer muitos anos após. Devastou o meio ambiente e poluiíu com radioatividade por décadas!!!

Incentivou a corrida armamentista no mundo inteiro... O que era um país com duas bombas no início transformou-se nas dezenas de países nuclares e milhares de ogivas mais potentes em mísseis de alcance transcontinal.

Foram as atrocidades que os Estados Unidos fizeram ao final da Guerra para pessoas inocentes no Japão... e cidadãos do mundo inteiro!!!

Tassos Lycurgo disse...

Olá amigo,

A única coisa que disse é que tenho para mim que o criacionismo é o caso. Esse “para mim” aí está exatamente para demonstrar que é uma posição pessoal e intransferível, pois, para o cristão, só uma pessoa capaz de convencer o outro da fé: o Espírito Santo.

Wittgenstein faz uma distinção entre dizer e mostrar. Nós, humanos, não podemos dizer da fé em Cristo, mas apenas mostrá-la. Ora, como posso convencer alguém de ter fé? Não sei, sinceramente, mas também nem me preocupo em saber, pois a única pessoa, segundo o Cristianismo e conforme adiantei no parágrafo anterior, que pode convencer alguém a ter fé é o Espírito Santo e isso em uma experiência pessoal e única.

Quanto a amigos ateus, creio mesmo que senão a maioria, pelo menos a metade dos meus amigos o são. É bem verdade que boa parte deles tenta combater a idéia metafísica de Deus, quando penso que um ateu convicto não estaria mesmo preocupado com isso. Inclusive, devo dizer que eu mesmo já andei flertando com o ateísmo em outras épocas, tudo fruto do racionalismo exagerado que a Academia nos impõe.

Ocorre que, entre outras coisas, vi que a razão é também irracional (ou seja, depende de fé). Ora, notadamente depois de descobertas de lógicas heterodoxas e de geometrias não-euclidianas, não sei mais o que é óbvio do ponto de vista da razão, quanto podemos combater até idéias como a de que “A = A” e a de que a distância mais curta entre dois pontos é uma reta. Assim, meu ponto é: até para a ciência é preciso ter fé e, sinceramente, falamos aqui de uma fé tão irracional quanto qualquer outra.

Por fim, amigo, e sem querer alongar muito o texto, gostaria de dizer que há livros cristãos bem honestos intelectualmente que servem de boa leitura para todos. Se é que me permite citar um, cito o “Cristianismo Puro e Simples”, de C. S. Lewis, que era, inclusive, ateu convicto. Esse livro pode ser encontrado para Download na Internet.

(continua)

Tassos Lycurgo disse...

***

Bom... Quanto às suas colocações, teria alguns pontos a falar. Serei breve:

Você disse: “Primeiro, se um ser planejou e fez coisas como galáxias e buracos negros existir,... Essa criatura não é humana! Nesse ponto, toda a macaquice que criamos na Terra, por exemplo, empregos, vestibular, bolsas de valores, indústria do petróleo, guerras por ouro e diamantes, acumulação de bens, exploração humana, etc., dificilmente terá significado em profundidade para um ser tão magnânimo e distante da natureza humana que é... primata!”

Realmente, Deus não é humano. Mas creio que daí não se colige que as coisas humanas não tenham importância para Deus.

“Segundo, se deus existe, não posso falar o mesmo das certezas de milhares de religiões hoje no mundo. Quem está certo? Qual o povo escolhido? Perguntei para ele nesse contexto: se você errar a religião, por exemplo, se os judeus estiverem certos, tanto faz acreditar ou Maomé, ou Jesus, ou ser ateu... todos serão banidos para o mesmo lugar!”

Realmente, da perspectiva racional você estaria certo se tratássemos as religiões como se fossem filosofias. Há vários sistemas filosóficos que se dizem todos verdadeiros e, como são inconciliáveis entre si, entre dois deles pelo menos um é o falso. Ocorrer, Waltécio, a crença em Cristo não é como a crença no fenomenalismo ou no realismo indireto. A crença em Cristo é pessoal e inexplicável. Ademais, há algo a ser dito: para o Cristianismo, o julgamento será complexo, de forma que muitos que se dizem cristãos não serão salvos e muitos dos que se dizem ateus serão. Há um livro (que virou um filme) muito interessante para esta perspectiva. Fala do arrebatamento narrado na Bíblia. O livro se chama “Deixados para trás”. Interessante é que o pastor, que pregava todos os dias, não foi arrebatado no primeiro momento, enquanto outros o foram.

Você disse: “Por fim, deixei claro, se essa criatura metafísica é de um amor incondicional e irá ter comigo uma "prosa", um julgamento... Deixe que isso aconteça! Ficarei muito feliz de ver que sobrevivi a morte de meu corpo (saberei que meus filhos e entes queridos também são eternos)... Eu não temerei um amor assim. Enfatizo, não compete a nenhum religioso me perseguir, discriminar, pior atentar contra minha vida”.

Neste ponto, eu concordo inteiramente com você. Cada um tem o seu caminho e acho mesmo que ninguém deve ser cristão senão por escolha livre e pensada... Quanto à discriminação, ela é sempre odiosa, seja contra protestantes, seja contra ateus, mesmo porque somos todos irmãos, inclusive das perspectivas religiosas e materialistas.

É isso, meu amigo.
Receba essas palavras como uma manifestação pessoal de um pensamento. Não há aqui nenhum intuito de mudar a sua visão de mundo e nem a forma de você encarar a vida, pois nem eu mesmo poderia fazer isso, já que muitas das suas dúvidas eu mesmo as tenho, já que estamos sempre em um constante caminhar.

Abraço,
Lycurgo

Anônimo disse...

Mudar a visão de um ateu, creio que não vai mesmo.
Mas se há alguma relação entre todos, se somos "irmãos", como você disse, isso se deu evolutiva e biologicamente.

Unknown disse...

Numa coisa eu tenho que concordar com o amigo Lycurgo:
"A crença em Cristo é pessoal e inexplicável."

Com certeza. Até hoje ela vive.

Tassos Lycurgo disse...

Pois é, amigo Darlan, é uma crença pessoal e inexplicável... Há bons livros a respeito dessa dificuldade, a exemplo do "Cristianismo Puro e Simples" do C.S.Lewis, que pode ser lido aqui: http://www.scribd.com/doc/831992/C-S-Lewis-Cristianismo-Puro-e-Simples

Forte abraço,

Waltécio disse...

Uma observação ilustrativa. Em um de seus livros mais recentes(*), Richard Dawkins usa a história da aviação como um exemplo (pgs. 684-685). Adivinhem que são os iniciadores dessa história?

Os irmãos Wright!!!

Até mesmos celebridades como Dawkins ignoram, ou desconhecem o Santos Dumont!!!

Ah! Em Dawkins (2009) a importância de Lamarck para a história da evolução também é ignorada!!!

(*) Dawkins, R., 2009. A grande história da evolução. Companhia das Letras.

 
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