segunda-feira, 12 de julho de 2010

Não estamos sós: as borboletas da alma

"Quem eu sou?" Essa é uma das perguntas básicas e marcantes na vida de todos nós. Notem o seguinte, essa pergunta é resultado de raciocínio e uma determinada linguagem, afinal somos um tipo muito particular de macaco inteligente e tagarela! "Quem eu sou?" é algo muito humano, mas autoconsciência não é exclusividade de nossa espécie.

Observe abaixo os dois tipos de formas de vida:


Bactérias e protozoários são formas de vida nas quais uma única célula é responsável por tudo. Isso aprendemos logo no início do ensino em Ciências e da graduação em Ciências Biológicas (p.e., disciplinas de Biologia Celular e Zoologia dos Invertebrados). Nas palavras do que ouvi de meus mestres em sala de aula: “Uma ameba é na verdade tudo que somos em uma única célula! Nós, multicelulares e portadores de tecidos, temos nossas células diversificadas e com diferentes funções. Precisamos que algumas células captem sinais do ambiente, outras analisem e ainda mais que outras efetuem ações adequadas (secreção de hormônios, movimentação muscular, digestão, transporte de metabólitos, etc). Acreditem, uma ameba faz tudo isso sozinha. Ela, uma única célula, é sensível e efetora ao mesmo tempo. Mais ainda, segundo o que compreendemos como aprendizagem (mudança de comportamento), isso também está presente em seu nível mais fundamental para sobrevivência. Exemplo, coloque um obstáculo na frente de uma ameba, ela irá tentar contorná-lo, ela mudará seu deslocamento. Em outras palavras, essa célula, sozinha, conhece o problema e, depois de analisar a situação, resolve tudo.”

Um aluno de Ciências Biológicas é assim introduzido ao estudo da vida com informação e chocando-se com seus preconceitos. Afinal, carregamos erroneamente uma série de interpretações do senso comum para a natureza e esta é muito maior do que nós, nos gerou, está acima dos desejos e ilusões do macaco pleistocênico que somos.

A ameba é um exemplo de infinitas formas de grande beleza. Todos os seres vivos vivem no mundo de forma eficaz e, no final das contas, fazem, em diferentes maneiras, a mesma coisa: metabolismo, autopoiese, hereditariedade, reprodução e evolução. Sumariamente: sobrevivem! Essa sobrevivência é o que chamo de um estado particular da matéria, a mesma poeira das estrelas, só que de forma animada e consciente.

Estamos aqui para entender como chegamos a um grau muito sensível dessa consciência. Sim, nós humanos somos o primeiro evento de maior complexidade da autoconsciência da matéria neste planeta. Nossa espécie possui um milhão de anos, enquanto que a civilização tem entre 10 a 20.000 anos. Como já descrito aqui no Macaco Alfa [clique: A Desumanização do Macaco], além dessa história ser relativamente breve na Terra, temos apenas dois séculos de ciência como a conhecemos atualmente no Ocidente. Ou seja, somente cerca de 0,02% de toda nossa história!!! Estamos ainda no início da compreensão dos processos naturais, quem somos nós, de onde viemos, o que é o Universo e, claro, como tudo surgiu.

Nesse caminho trilhado até o presente não foram poucas as vezes que pensamos ser os únicos na natureza a ter sentimentos e raciocínio. Óbvio, comparativamente, nós temos sim, um grau muito complexo de sensitividade, análise de dados e aprendizado. Temos uma diferença de grau em complexidade! Enfatizo, uma diferença apenas de grau. Sensitividade, análise de dados e aprendizado precedem a nossa origem, datam de milhões de anos antes. Como no exemplo das amebas, no básico para a sobrevivência, não é necessário nem a presença de células especiais (neurônios) para que a vida possua significado, consciência e aprendizado. Nós temos mesmo é muito preconceito contra as outras espécies e claro, contamos a história para nós mesmos que somos sozinhos! Ora filhos de deuses, ora semi-deuses... criaturas divinas. Nós olhamos aos lados e não escutamos nada em resposta! Esse “silêncio” nos dá a sensação de solidão, trancados em nossa ilusão perceptível alienada (por diversos processos históricos e sociais). Pode-se chegar ao extremo dessa alienação quando fingimos nem sermos seres biológicos como qualquer outra forma de vida neste planeta, apenas um boneco de barro.

Uma das revoluções da Neurociência nas últimas décadas deixou claro o erro de Descartes: “nós primeiro existimos e depois pensamos”. Até me divirto muito com meus alunos em sala de aula demonstrando que biólogos respondem bem a perguntas simples como “Quem veio primeiro, o ovo, ou a galinha?”. Respondemos muito seguros: “claro que é o ovo amniótico!”

Como, portanto, surgiu o sistema nervoso, este responsável pelo que de mais sublime define o que somos enquanto humanos?

Vamos voltar às bactérias e protozoários. Recorde comigo, que é a membrana citoplasmática que possui os receptores moleculares responsáveis em reconhecer as secreções de uma presa, ou da proximidade de um predador, as moléculas de alimento, mudanças de temperatura e variações de luminosidades. A membrana plasmática é a interface entre o que é o mundo físico e o indivíduo biológico.

Vamos agora ao desenvolver do principal objetivo da vida, que é ela própria (o “ser-em-si”)! Viver é continuar vivo, essa regra é cumprida à risca entre os seres unicelulares. Eles são eternos, fisicamente falando! Todavia, a Terra tem recursos e espaços limitados, por isso, guarde essa frase: criaturas unicelulares eternas vivem em um mundo finito. Isso quer dizer que não se pode sobreviver de uma única forma para sempre, pois a Terra logo estaria sobrecarregada de indivíduos que fazem o mesmo. Com necessidades iguais por recursos similares a competição será mais acirrada a cada aumento da população. Uma das regras básicas então é conseguir explorar recursos de formas diferentes para escapar da competição intraespecífica. Some ainda o surgimento de parasitas/ predadores que tornou tudo isso mais dramático. As próprias células vivas passaram a ser elas mesmas recursos a serem explorados.

Prestem bastante atenção agora e guardem isso com vocês: em meio à competição, uma das formas de maior sucesso para a sobrevivência foi a... COOPERAÇÃO!!!

Uau!!! Aprendi isso ao ler o livro “O Planeta Simbiótico” (2001, Editora Rocco) da bióloga norte-americana Lynn Margulis . Hoje o papel decisivo da cooperação (simbiose) na evolução é tido como alternativa e importante contraponto feminino na ciência em relação a simples idéia da competição entre indivíduos, tão exultada em textos mal escritos sobre seleção natural. Afinal, nós homens somos apegados demais à competição, à luta e ao status. Não é uma coincidência vermos os animais e toda a natureza dessa forma: “garras e dentes rubros de sangue” - um clichê masculino. Margulis (2001) defendeu a ideia de que os grandes momentos da vida em seu processo evolutivo foram realizados por cooperação: (1) no chamado “Mundo RNA” moléculas “colaboraram” entre si para formar o primeiro indivíduo vivo com DNA (bactérias); (2) depois duas células (uma bactéria, hoje chamada mitocôndria, e um protozoário) passaram a viver juntas (eucariotas heterotróficos – nós inclusos); (3) três células – protozoário, mitocôndria e uma microalga bacteriana (cianofícea), chamada por nós de cloroplasto, resultaram em eucariotas autotróficos. Lembrem-se ainda que a nossa aparente complexidade multicelular surge justamente da união de duas criaturas haplóides: ovúlo e espermatozóide!

Então, colaborar para diversificar, criar algo novo, livrar-se de inimigos (parasitas/ predadores) e explorar recursos e ambientes diferentes é algo vital para os seres vivos. Neste planeta simbiótico há colônias de protozoários, criaturas unicelulares que “decidiram” viver juntas (exemplo clássico dos Volvocales e Choanoflagellata). Uma maior intimidade dessas células resultou no surgimento de seres como os Poríferos. As esponjas do mar são colônias complexas de células, não há tecido verdadeiro ainda nesses seres e para ter o tamanho que possuem é necessário que haja uma diversificação de função entre as suas células. Afinal, nem todas estarão em contato com o ambiente, mas todas continuarão com as mesmas necessidades de sobrevivência que uma ameba.

No início de tudo, as células que passaram a viver mais no interior da colônia necessitaram receber sinais do ambiente para determinarem a ação delas segundo um conjunto de “ordens” e funções moleculares, que leva à sobrevivência individual e de toda a colônia. Nas esponjas as células que fazem essa comunicação molecular, vias de regras, são os amebócitos.

Estima-se que por volta de 600 milhões de anos atrás surgiram os primeiros animais propriamente ditos (Eumetazoa). Esses possuem tecidos celulares com presença de junções citoplasmáticas – desmossomos e interdigitações da membrana plasmática. O exemplo vivo que representa essa fase pode ser visto entre os Placozoa.

Com esse aumento da ligação entre as células e conseqüente origem da ectoderme (epiderme), é aqui, exatamente onde as células que estão em contato com o ambienteque surgem os primeiros neurônios. As células da ectoderme se especializaram em captar sinais, enviá-los quimicamente, interpretá-los e designar o conjunto específico de outras células (mesoderme – músculos e endoderme – grande parte do trato digestório) para uma resposta adequada a esses estímulos. Os modelos vivos que usamos para apresentar a forma mais simples de tudo isso são as hidras, anêmonas, medusas e corais (cnidários – estes sem mesoderme) e ctenóforos (um dos primeiros grupos triploblásticos – com ecto, meso e endoderme).

Para deixar bem claro a todos: o sistema nervoso surge para integrar e modular a função de todos os outros sistemas. É necessário unir todas as células da colônia (no caso dos poríferas isso é feito pelos amebócitos), ou do organismo metazoário (neurônios).

É simples, não é?! Uma ameba sabe tudo no ambiente que é necessário para sua sobrevivência. Caso uma célula tenha de viver sem contato com o meio físico e cooperar com outras para sobreviverem juntas, algumas dessas células tem que necessariamente ocupar a função sensitiva e informar a todas. São as primeiras jornalistas da Terra!


Há outra metáfora mais poética, os neurônios são as “Borboletas da Alma”!!! A história da descrição deles e suas funções estão brilhantemente descritas no livro homônimo de Drauzio Varella (2006), médico brasileiro e esmero divulgador da ciência.

Vamos usar nossas borboletas agora: se captar sinais, interpretá-los segundo necessidade de sobrevivência e ter um comportamento designado por isso é inteligência, então bactérias e amebas possuem o nível mais fundamental disso tudo! Essas criaturas estão vivas e, como tais, interagem de forma inteligente (ações de sucesso para sobreviver). A inteligência das bactérias e amebas funciona em seu mundo, atende suas necessidades de forma sublime e eficiente.

Se estamos falando de uma “terceirização” desses funções, onde um grupo de células será responsável por parte disso (captar e interpretar sinais do ambiente para sobrevivência), então estamos aqui falando de todos os metazoários (animais)! Todos os animais por definição possuem um sistema de células específicos com essas funções! Todos os animais possuem sistema nervoso! Portanto, todos os animais possuem borboletas da alma!!!

Calma, trataremos de nós mesmos, o raciocínio humano no final desta série. Por enquanto, o objetivo aqui é responder: de onde vieram nosso neurônios e por que surgiram.

Se você está surpreso em saber que não é necessário um sistema específico de células sensitivas para sobreviver (bactérias, protozoários, algas, fungos e plantas), ou que isso não é uma exclusividade humana... Simples, você tem preconceito contra as outras formas de vida. Você deve achar que todos devem ser inferiores aos humanos! É um tipo de preconceito milenar, sutil, ainda ensinado e tido como verdade nos dias de hoje. Muitos nem gostam de ouvir falar e respondem assim: “Como eu posso ser comparado a uma ameba?” “Eu sou maior, eu sou melhor, eu sou o centro de tudo, eu... eu... eu...”

Criatura triste e mal resolvida essa, não? Essa figura que acabo de descrever fala de si mesma como a mais bela de todas e superior à própria vida. Essa caricatura da alienação humana sabe em seu íntimo que não é assim. Afinal, após décadas de estudos psicológicos entendemos hoje que toda mania de grandeza e soberba são na verdade reflexos de complexo de inferioridade!

Somos um animal frágil e com grande capacidade cognitiva. Nós sabemos demais! Temos consciência da vida em um patamar maior. Nesse conhecimento, onde nossa mente trabalha com parâmetros evolutivos do amor de animais sociais que somos, a auto-estima aguçada e a cognição flexível se relutam em aceitar um fenômeno presente apenas nas criaturas multicelulares sexuadas: a morte do indivíduo!

Tem mais! A morte, as forças naturais (tempestades, vulcões, etc.) e a admiração que sempre tivemos aos vertebrados nas planícies (sobretudo aos grandes gatos, crocodilos e serpentes – os nossos predadores) já foram apontados como a razão por termos desenvolvido saídas psicológicas para suportar a transitoriedade das coisas e nossa fragilidade.

-“Frágil, eu?! Que macaco nu, pequeno e vulnerável que nada!!! Quem domina o fogo, hein?! Quem pode matar até os leões com lanças? Quem conversa com os Deuses depois de tomar um chá de cogumelos?! Não somos animais, somos filhos dos deuses!!!”

É, esse macaco aí tem problemas para resolver com um bom psicólogo, sem esquecer de uma consulta também no psiquiatra!

Voltemos para o início do sistema nervoso. Após surgirem seres que são aglomerados de milhões de células e que conseguem se diferenciar em tecidos, estes, agindo coordenadamente como órgãos e sistemas. A individualidade de uma célula passou a ter um centro de controle e este agora será a própria individualidade de uma criatura plural. Composta de várias cópias (por mitose) de uma única célula, a coletividade torna-se um só pelo processamento e integração realizados pelas células sensitivas (neurônios).

Entretanto, a regra da vida continua a mesma: explorar recursos, auto-organizar-se (autopoiese), sobreviver, escapar dos inimigos (parasitas/ predadores), reproduzir-se e evoluir para continuar existindo. Se esse é o impulso inicial e causa de tudo, os primeiros animais com sistema nervoso seguiram o mesmo caminho adiante no tempo-espaço. Eles próprios, assim como foram às primeiras células, tornaram-se recursos (alimento, às vezes até habitat) disponíveis às novas formas de vida. Em uma espiral de crescente complexidade para assimilar informações, analisá-las e agir, o sistema nervoso propiciou aquilo que chamamos inteligência. Entre várias formas e diferentes expressões, durante a evolução biológica as criaturas com cérebro surgiram.

Algumas pessoas que conheço sempre ficam surpresas quando assistem um documentário sobre comportamento animal, ou leem alguma notícia sobre isso. Bem, eu não! Se você é biólogo, isso também não deveria lhe surpreender. Mesmo assim, esse é meu dia a dia em sala de aula com alunos de repente apresentados para um mundo de seres sensitivos, ou nas conversas com amigos professores-pesquisadores de outras áreas. É mais ou menos assim:

-“Um polvo pode fazer isso?!”

-“As formigas não são robôs instintivos?”

Vamos começar a olhar dos lados?! Conectar-se aos outros seres começa com boa leitura e olhos atentos. No mar, antes de qualquer vertebrado surgir, antes dos insetos na Terra, uma mente elaborada evoluiu entre os cefalópodos (polvos, lulas e sépias).

Acostume-se com isso, porque antes achávamos que éramos os únicos a ter autoconsciência. Aí colocamos espelhos na frente de chimpanzés, golfinhos, elefantes e papagaios... [breve silêncio para expectativa]... [mais um pouco]... [SURPRESA]: Eles reconheceram a si próprios em seus reflexos! Diferente de outras inteligências que, ou são indiferentes à sua imagem refletida, mas, diga-se de passagem, não ao seu cheiro (individualidade química), ou vêem o reflexo como outro animal diferente de si mesmo.

Está na literatura, polvos, que chamamos de meros animais invertebrados, “vermes” de corpo mole (Mollusca), também conseguem identificar a si próprios no espelho!

Uma explicação simples para isso está na proporção do relativo maior tamanho, superfície, quantidades de neurônios e suas redes de conexão. Todos esses animais citados, inclusive nós, possuem grandes cérebros. É fácil de entender, maiores cérebros, padrões de comportamentos complexos e... mentes brilhantes!!!

Ok! Autoconsciência não é mais exclusividade nossa e nem tão pouco dos animais vertebrados. Vamos repetir para fixar! A consciência de si próprio (isso inclui sentimentos de raiva, amor, felicidade, tristeza e capacidade de mentir) surgiu há milhões de anos antes de nós macacos presunçosos.

Nós ainda não entendemos a mente dos polvos, tão pouco as outras mais próximas como a dos nossos irmãos chimpanzés. Mais ainda, o estudo de nossa própria mente e consciência ainda está cheio de mistérios a serem compreendidos. Mesmo assim, vamos tentar ir um pouco mais longe do que autoconsciência.

Se mentes relativamente semelhantes à nossa (por exemplo, os chimpanzés) são difíceis para nós compreendermos hoje, imaginem seres com inteligências completamente diferentes?! Quando olhamos para um caranguejo, sem contar a vontade de transformá-los em comida, damos de ombro como se ele fosse uma forma de vida estúpida. Será mesmo?! Eles sabem exatamente os ciclos das marés, conhecem muito antes dos humanos os ciclos lunares e as mudanças do mar através das estações do ano. Muito antes da astronomia dos babilônicos e maias, caranguejos estão em sintonia com os céus!!! Se isso não for inteligência, nada mais é!!!


Vamos a outro exemplo comum, que é de assustar. Somos animais sociais, tentamos tanto e ainda vamos continuar tentando o melhor de nós mesmos para construirmos um mundo mais justo. Todavia, há séculos que descobrimos a perfeição da vida social ao estudarmos cupins, formigas, vespas e abelhas. Sociedades perfeitas, muito mais do que fizemos como humanos até agora. Conhecendo nossa natureza e história, dificilmente conseguiremos ter sociedades tão perfeitas como essas construídas pelos insetos.



Sobre isso, um aluno meu certa vez falou:

-“Formigas são robôs genéticos! Imagina eu nascer um operário que não fará sexo, que não pode se tornar um rei?!”

Respondi assim:

- “Primeiro, tenho pena das pessoas que acham que todos os humanos possuem essa liberdade total. Deveriam ler mais sobre a história das civilizações. Segundo, é uma ilusão achar que se nasce uma tábula rasa, sem genética, sem instintos (como esses que você não gosta nas formigas), sem qualquer processo histórico e mesmo sem amarras sociais. As pessoas podem até se reproduzir, mas estão longe de se tornarem reis e rainhas. Eu diria, que a maioria será escravizada, ou explorada, como operários oprimidos. As formigas operárias não passam por isso, não há chicotes, ou amarras do capital, não há prantos, solidão, indiferença e suicídio entre elas. Há a vida em plenitude, vida de verdade, sem qualquer ilusão, sem precisar comprar nada para ser feliz. Terceiro e mais importante, seu preconceito é um clichê tedioso! Tudo que não conhecemos nos traz essa estranheza e medo. As incertezas sempre são traduzidas assim, com um complexo de inferioridade, inseguros cheios de auto-afirmação. Para ficar claro, temos é medo de sermos nós mesmos os inferiores. Dá para sentir isso? Imaginem, por que será que toda a natureza se cala quando nós falamos alto que somos filhos dos deuses? Nenhuma outra forma de vida na Terra concorda com nossa loucura! Quer saber? A rainha das formigas possui sua função, faz sexo e é condenada a ficar no escuro depositando ovos a vida inteira. As formigas operárias e soldados andam, arriscam-se, travam batalhas, cuidam de todos. Não dá para comparar isso com nossa sociedade doentia. Somos diferentes e não entendemos os outros! Imaginem, uma sociedade perfeita?! Como compreender algo que nós não conseguimos fazer?!”

Cupins, formigas, vespas, abelhas, caranguejos, polvos, mundos de inteligências tão diferentes da nossa. Tudo resultado do impulso da vida, através da evolução de células que cooperam entre si.

Nós não estamos sós na Terra! Na verdade, estamos é doentes há tempos! Falando sozinhos uns com os outros, enquanto milhares de vozes, comportamentos e a sabedoria da Vida passam ao largo.

Leia sobre os animais, observe tudo a sua volta e conecte-se às mentes na natureza!

As borboletas da alma estão por toda parte!

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Obs.: Antes de conversarmos sobre nós mesmos e coisas incríveis que conseguimos fazer hoje através da ciência/ tecnologia (pe., transmitir o pensamento de um macaco rhesus por fibras ópticas), vamos explorar com mais detalhes as inteligências similares à nossa. No próximo post: a mente brilhante dos vertebrados.

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Para saber mais:
Alves, RRN e Nishida, AK., 2002. A ecdise do caranguejo uçá, Ucides cordatus L. (Decapoda, Brachyura) na visão dos caranguejeiros. Interciencia, Vol. 27, n.3, p.110-117. [clique: caranguejo uçá]
Brusca, RC. e Brusca, GJ., 2007. Invertebrados. [2 ed.] Editora Guanabara.
Lopes, RJ. Polvos [clique: Mistério de muitos braços]
Lopes, RJ., 2009. Além de Darwin - Evolução: o que sabemos sobre a história e o destino da vida. Editora Globo.
Margulis, L., 2001. O planeta simbiótico: uma nova perspectiva da evolução. Editora Rocco.
Margulis, L. e Sagan, D., 2002. O que é vida? Editora Jorge Zahar.
Nielsen, C., 2001. Animal evolution - Interrelationships of living phyla. [2 ed.] Oxford University Press.
Varella, D., 2006. Borboletas da alma: Escritos sobre ciência e saúde. Companhia das Letras.

6 comentários:

Unknown disse...

Espero um dia assistir à revolução das formigas operárias e o fim das monarquias em todos os formigueiros!!!
"Paz, pão e terra", até para as formigas!

Waltécio disse...

Hehehe!!!

Não precisa, camarada! Não existe opressão similar a humana em um formigueiro. E essa história de "rei e rainha" nas colônias... foram os monarquistas humanos que acharam assim.

As formigas estão lá, mas muito rei por aí já perdeu a cabeça faz tempo.

"Paz, pão e terra" (Lenin) as formigas já tem... Precisamos conseguir isso para nós!

Revolução!!!

Abs,

W.

Unknown disse...

Eu quis dizer em sentido figurado.
Revolução no "formigueiro" do Crato, do Ceará, enfim, de todo o Brasil...

Waltécio disse...

Ok, Camarada! Nessa revolução que você citou, quero eu estar na multidão, logo na frente!

Por Lenin, por Che, por Fidel, por João Amazonas, por Chaves, pelo nosso povo: a Revolução está viva! Viva à Revolução!!!

CARLOS SHERMAN disse...

Excelente trabalho sobre a Biologia da Vida... Bravíssimo... Sobre a discussão entre você e o Darlan, e perdão se comento, nega a boa utilização de vossas borboletas, quanto dedicadas a um maniqueísmo velho e carcomido... Parte importante de nossos problemas advém da defesa de bandeiras ao invés de empunha a bandeira da cooperação... Chaves? Che? Lenin? Fidel? Estes indivíduos, todos marcadamente autoritários, com diferentes nuances, trejeitos, e número de crimes cometidos contra a humanidade e contra a liberdade... Sua compreensão da VIDA, Waltécio, clama por um resposta bem mais "borboleteada", ou inteligente... Mas o trabalho é magnífico, e como homem livre, e dedicado a idéias e não à idolatria cega, devo manter minha admiração por um lado, enquanto lamento por outro... Deixei de gostar de times de futebol, depois que percebi que torcia mesmo para um melhor espetáculo, e sobretudo, para o melhor ganhasse... Por um simples questão de justiça... Um forte abraço ao Darlan e a você, como guerreiro da liberdade total...

CARLOS SHERMAN disse...

Waltécio, todo o Blog é muito bom... Um forte abraço...

 
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