Dia após dia, quando assuntos sobre o cotidiano humano e a sobrevivência de nossa espécie me vêm à mente, eu estranhamente só consigo lembrar um trecho de uma história em quadrinhos:
"Ouça: dá para ouvir os gritos.
(...) Ouça: dá para ouvir os soluços.
Na estrada, um choro desamparado vem da escultura de metal retorcido, borracha queimada e vidro estilhaçado [um avião que acaba de cair].
Nas ruas de Nova York, um grupo de fundamentalistas sabe que é o Armagedom; e eles continuam ali, presos à Terra. Desprovidos de êxtase, eles choram por terem sido abandonados por um deus repentinamente distante.
Na sala de rádio, Nan Fowler sabe que não tem mais ambulâncias para enviar e as chamadas não param de chegar.
Ouça.
Ouça a angústia de um mundo no qual as coisas ruins estão saindo da escuridão.
Ouça um mundo de dor.
Ouça. Você pode ouvir."
Neil Gaiman (1991: 1-2)
Referência
Gaiman, N., 1991. Sandman – Som e Fúria. Editora Globo, Vol. 1, no. 7.
5 comentários:
Não poderia terminar de maneira melhor nem citado autor melhor!
E dentro da citação, destaco um trecho que sintetiza tudo o que você sempre escreveu aqui:
"Desprovidos de êxtase, eles choram por terem sido abandonados por um deus repentinamente distante."
O fim é assim!
Exatamente!!!
Então... "carpe diem"!!!
Obrigado pelo comentário,
Waltécio
A sua citação é um resumo de tudo que sempre te ouvi falar.
Neil Gaiman é bom, né?!
Ele realmente é muito bom!!!
:D
Anônimo-1 falou e disse tudo, como Neil apud Macaco Alfa!
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